Por Annie Wu, Epoch Times
Os legisladores japoneses expressaram durante uma reunião recente da Dieta Nacional seu compromisso de aprovar legislação abrangente que proíba o turismo de transplante de órgãos.
Em 23 de janeiro, um painel sobre “genocídio médico” foi realizado no prédio da Dieta Nacional com o advogado canadense David Matas; o ex-secretário de Estado canadense para a Ásia-Pacífico, David Kilgour; e o presidente da Sociedade Israelense de Transplante, o Dr. Jacob Lavee.
Matas e Kilgour investigaram o fenômeno da extração forçada de órgãos na China por mais de uma década, revelando o sistema da extração e venda dos órgãos de prisioneiros de consciência para cirurgia de transplante com fins lucrativos. Sua pesquisa indica que a maioria dos prisioneiros, que são mortos no processo, são adeptos da disciplina espiritual e tradicional do Falun Gong, que tem sido severa e brutalmente reprimida pelo regime chinês desde 1999.
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Pacientes com necessidade desesperada de um transplante de órgão viajam cada vez mais para a China para cirurgia, onde eles relatam serem capazes de obter um órgão correspondente dentro de meses, semanas ou mesmo dias; um tempo muito mais curtos do que o período de espera em seus países de origem que obtêm seus órgãos por meio de doações.
Mas os turistas médicos involuntariamente contribuíram para o comércio sinistro da extração forçada de órgãos na China, onde a rápida compatibilização de órgãos e realização de transplante ocorrem devido à execução sob demanda sancionada pelo regime chinês, descobriram Matas e Kilgour.
Os dois coautores de vários estudos sobre a extração forçada de órgãos na China estimam que o volume de transplantes na China seria de dezenas de milhares por ano desde o ano 2000. Eles relatam que a fonte principal da maioria desses órgãos são os prisioneiros de consciência do Falun Gong.
Os palestrantes falaram com os legisladores japoneses sobre os perigos do turismo médico e chamaram a atenção para as doações voluntárias de órgãos, que historicamente têm sido limitadas no Japão (e curiosamente também o são na China) devido aos costumes culturais de deixar intacto o corpo dos falecidos.
De acordo com a Rede Japonesa de Transplante de Órgãos, até junho de 2017, a lista nacional daqueles que precisavam de um transplante de órgão atingiu 13.450.
O Japão atualmente possui leis que proíbem a compra e venda de órgãos, mas ainda não proibiu os cidadãos de viajarem para o exterior em busca de cirurgias de transplante de órgãos. Taiwan, Noruega, Chile e Israel aprovaram leis que limitam a capacidade de seus cidadãos para receberem órgãos por meio de cirurgias de transplante no exterior, citando preocupações sobre as fontes desconhecidas no comércio de órgãos.
Em Israel, qualquer transação monetária envolvendo órgãos, dentro ou fora de Israel, é proibida, enquanto que em Taiwan, os médicos ainda podem encaminhar pacientes para hospitais estrangeiros que adquirem órgãos por meios legítimos. No entanto, os médicos são obrigados a apresentar um relatório e realizar um tratamento de acompanhamento para todos os pacientes que recebem transplantes no exterior. Hospitais e médicos que não arquivam relatórios ou que tenham apresentado relatórios falsos são multados e processados. Os pacientes que são descobertos terem adquirido órgãos por meios ilegais enfrentam até cinco anos de prisão e uma multa monetária.
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O Dr. Lavee, um cirurgião israelense de transplante cardíaco, disse que, embora a China tenha alegado não mais aceitar pacientes do estrangeiro, a realidade é que muitos da América do Norte, Europa e países da Ásia continuam a ir à China para cirurgias de transplante, de acordo com o Rádio Som da Esperança. Ele também observou que Israel, como o Japão, tem tabus culturais contra as doações de órgãos, mas que nos últimos anos campanhas de conscientização pública e incentivos para doadores vivos aumentaram drasticamente o número de doações.
Minoru Kiuchi, um membro da Câmara dos Representantes da Dieta Japonesa, disse que a extração forçada de órgãos é “uma questão internacional de direitos humanos que todos deveriam se preocupar”.
“Começando com os japoneses de boa consciência, precisamos trabalhar com aqueles que compartilham os mesmos valores, levantar-nos e impedir que isso aconteça”, acrescentou Kiuchi.
Ishibashi Rintaro, um congressista de Hiroshima, disse que informará às pessoas em sua cidade natal sobre essa atrocidade, enquanto Hiroshi Yamada, membro da casa superior, a Câmara dos Conselheiros, disse que os japoneses não podem ser “cúmplices” dos crimes da China.
Yamada ajudou a organizar uma conferência no prédio da Dieta Nacional do Japão em dezembro de 2017, quando Matas e Kilgour explicaram as descobertas de seus estudos aos membros do público, à mídia, especialistas médicos e funcionários do governo.
A conferência aproveitou a atenção da mídia sobre essa questão depois que o jornal japonês Sankei Shimbun publicou uma reportagem em julho de 2017 sobre turistas médicos japoneses que viajaram para a China para cirurgia de transplante. Meses depois, em outubro, um grupo de jornalistas japoneses formou a “Associação de Cuidados Contra Transplante de Órgãos da China”, com o objetivo de parar o turismo japonês de transplante. O painel de janeiro foi o primeiro evento organizado da associação.