Não importa o quanto políticos e observadores ocidentais desejem que a economia chinesa funcione principalmente em função de serviços e deixe de lado a indústria de manufaturados, para isso ser alcançado há um longo caminho a percorrer.
O caso em questão: a fim de prevenir que o PIB entrasse em colapso inteiramente no segundo trimestre de 2016, as empresas estatais chinesas aumentaram os investimentos em ativos fixos em geral para 9,6% de crescimento ao longo do ano, enquanto o investimento de empresas privadas restringiu-se a 3,9%.
O investimento privado é o mais baixo em décadas e a diferença entre o setor estatal e privado também é significante.
“Empresas estatais continuam a investir em indústrias com excesso de capacidade, que sofrem com crescimento lento na produção”, escreveu o banco de investimento Natixis numa nota.
Mineração, siderurgia e petróleo são setores dominados por empresas estatais e despreparados para lidar com a atual recessão econômica.
“Os setores de commodities em geral enfrentam contração na produção; estes são setores que as estatais investiram pesadamente”, escreve o Natixis.
O setor privado pode responder mais facilmente às mudanças no cenário econômico e expandir a produção em novos produtos de tecnologia, como veículos elétricos e robótica.
Outra saída para o surto de novos créditos no primeiro trimestre (712 bilhões de dólares em empréstimos recém-criados) foi o setor imobiliário. A construção é outra via clássica de saída para o estímulo dirigido pelo Estado, de modo que o investimento imobiliário saltou 7% em maio, o aumento mais rápido em 14 meses.
Mas não são apenas os bancos que estão emprestando para as empresas estatais, o governo também está diretamente envolvido nos gastos com infraestrutura. E estabeleceu uma meta de défice de 3% para 2016 e está a caminho de atingi-la.
Como todo estímulo, no entanto, isso não durará para sempre.
“Os gastos do setor estatal podem permanecer fortes por mais alguns trimestres enquanto o impacto decrescente de suas políticas de investimento anteriores continuam a alavancagem, mas é provável que comecem perder força até o final deste ano. A desaceleração continuada do investimento do setor privado significa que o risco está crescendo e, à medida que políticas estatais de suporte regridem, a economia poderia enfrentar outra crise”, escreveu numa nota a Capital Economics, uma empresa de pesquisa de mercado.