Por Frank Fang, Epoch Times
A imprensa estatal da China transmite propaganda obrigatória no primeiro dia de aula a cada ano para milhões de crianças em idade escolar e para seus pais. Mas quando as pessoas foram às redes sociais para criticar o programa deste ano, seus comentários foram prontamente censurados.
O Ministério da Educação da China obriga todos os alunos do ensino fundamental e médio e seus pais a assistir ao programa “Primeira lição do novo semestre”, transmitido pelo canal de televisão estatal CCTV. Os alunos também receberam, como lição de casa, a tarefa de escrever uma redação sobre o que haviam aprendido com o programa.
Produzido pela CCTV e pelo Ministério da Educação, o programa vai ao ar todos os anos em 1º de setembro desde 2008, para marcar o início do novo ano letivo após os dois meses das férias de verão. Este ano, o programa concentrou-se no “espírito da criatividade”. Uma mensagem emitida pelo Ministério da Educação chinês anunciou que a finalidade de fazer as crianças assistirem ao programa era “cultivar e colocar em prática valores básicos do socialismo”.
Mas antes de o programa começar, os espectadores foram obrigados a se sentar e assistir sem interrupções a 12 minutos de publicidade sobre automóveis e motocicletas, eletrodomésticos, pasta de dentes e material escolar.
Havia também comerciais sobre serviços de aulas particulares, claramente dirigidas aos pais. Muitas famílias de classe média podem pagar aulas extras para seus filhos a fim de melhorar suas chances de obter melhores notas e consequentemente o êxito escolar.
Na Sina Weibo, versão chinesa do Twitter, os internautas expressaram sua rejeição aos anúncios, ao programa e à CCTV.
Um internauta usando o apelido de “Changqu Hongchen” escreveu: “A CCTV vendeu sua consciência por dinheiro”.
Outro internauta de Chengdu, capital da província de Sichuan no sudoeste da China, escreveu: “A escola mandou que os pais assistissem junto com seus filhos. Mas eu não aguentei ver o programa. Decidimos mudar de canal e ver outra coisa”.
A CCTV publicou um pedido de desculpas em sua conta oficial na Weibo, dizendo: “Nós sinceramente pedimos desculpas aos pais e alunos pelo longo comercial mostrado no início do programa”.
Além da publicidade, o conteúdo do programa também provocou muitas críticas nas redes sociais. Os pais não gostaram da presença de Jackie Chan no programa, questionando se ele era um modelo adequado para as crianças, já que têm sido publicadas muitas notícias a respeito do uso de drogas por seu filho. Em janeiro de 2013, o filho de Chan, Jaycee Chan, foi condenado por “proteger outros usuários de drogas”. Um tribunal em Pequim o condenou a seis meses de prisão.
O grande número de críticas dos internautas chineses fez com que as autoridades se apressassem em censurar as discussões sobre o programa na Internet. Até o momento do fechamento desta matéria, a seção de comentários em várias publicações da CCTV sobre o programa mostrava uma mensagem de erro, presumivelmente logo depois de os comentários terem sido desativados.
Weiboscope, site pertencente à escola de jornalismo da Universidade de Hong Kong que rastreia a censura nas redes sociais da China, revelou que, ao se buscar as palavras “CCTV” e “primeira lição do novo semestre” em chinês, muitas publicações sobre o programa haviam sido, de fato, apagadas.
Colaborou: Agência Reuters