Intermediação chinesa pode evitar opção militar contra Coreia do Norte

16/10/2017 14:46 Atualizado: 16/10/2017 15:14

O regime norte-coreano prossegue com o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos, e também com suas ameaças contra os Estados Unidos e seus aliados. O presidente Donald Trump disse que o problema chegou a um ponto “que está muito, muito avançado”, afirmando: “Não podemos permitir que isso continue”.

Trump fez seus comentários durante uma entrevista em 11 de outubro para a Fox News, observando que o problema com a Coreia do Norte “deveria ter sido resolvido há 25 anos”, mas permitiram que continuasse durante as administrações anteriores.

No momento em que a Coreia do Norte afirma que está prestes a desenvolver mísseis nucleares que poderiam chegar aos Estados Unidos, Trump enfatizou: “Temos de fazer algo”.

Enquanto o exército norte-americano está preparado para se defender e a seus aliados, a estratégia atual se baseia na diplomacia, não com a Coreia do Norte diretamente, mas com seu principal aliado: a China.

O secretário de Defesa Jim Mattis comentou durante uma reunião em 3 de outubro do Comitê de Serviços Armados do Senado que Trump orientou tanto ele quanto o secretário de Estado Rex Tillerson. Mattis observou que Trump foi muito claro: “Continuaremos com o esforço diplomático para incluí-lo nas várias iniciativas com a China e garantir que as sanções sejam implementadas, sanções econômicas destinadas a mantê-lo dentro de um quadro diplomático para avançar”, afirmou.

Até o momento, a estratégia parece estar funcionando.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse em uma entrevista coletiva em 10 de outubro que Trump conseguiu que mais de 20 nações “reduzam significativamente os laços econômicos e diplomáticos com a Coreia do Norte, isolando-a ainda mais” e “conseguiu que a China e a Rússia adotem as sanções mais duras da ONU” contra Pyongyang.

Secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, em conferência de imprensa na Casa Branca, Washington, em 10 de outubro de 2017 (Benjamin Chastee /Epoch Times)
Secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, em conferência de imprensa na Casa Branca, Washington, em 10 de outubro de 2017 (Benjamin Chastee /Epoch Times)

O Conselho de Segurança da ONU aprovou duas rodadas de sanções contra a Coreia do Norte, que a China aprovou. Em 14 de agosto, líderes chineses anunciaram que apoiarão as novas resoluções que barram as exportações da Coreia do Norte, dentre elas ferro, chumbo e carvão. A segunda rodada, adotada em 11 de setembro, também incluiu restrições para o petróleo.

Trump conversou com o líder chinês Xi Jinping em 18 de setembro, e uma interpretação da Casa Branca dessa conversa resumiu que “os dois líderes se comprometeram a maximizar a pressão sobre a Coreia do Norte através da aplicação vigorosa das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Os efeitos da conversa se tornaram evidentes rapidamente.

Pouco tempo depois, o banco central chinês deu ordens para os bancos chineses para seguir com as sanções da ONU contra a Coreia do Norte, negando serviços a novos clientes norte-coreanos e reduzindo os empréstimos para os já existentes.

Em seguida, a mesma entidade deu 120 dias para que empresas mistas e companhias norte-coreanas fechassem. A notícia foi divulgada pelo jornal Korea Herald em 28 de setembro, que citou o Ministério do Comércio do regime chinês.

Ex-ditador da Coreia do Norte Kim Jong-il abraça ex-líder chinês Jiang Zemin (esq.) antes de uma reunião no Grande Salão do Povo em Pequim em 21 de abril de 2004 (CCTV/AFP/Getty Images)
Ex-ditador da Coreia do Norte Kim Jong-il abraça ex-líder chinês Jiang Zemin (esq.) antes de uma reunião no Grande Salão do Povo em Pequim em 21 de abril de 2004 (CCTV/AFP/Getty Images)

O regime comunista chinês é um dos principais defensores da Coreia do Norte e um fornecedor importante de bens e petróleo. De acordo com o site de notícias Oilprice.com, cerca de 90% do fornecimento documentado de petróleo bruto da Coreia do Norte provém da China. No entanto, esse relacionamento tornou-se instável recentemente.

Funcionários leais à facção do ex-líder do Partido Comunista Chinês (PCCh) Jiang Zemin mantinham relações estreitas com a Coreia do Norte. O próprio Jiang foi fotografado dando um abraço em Kim Jong-il, pai do atual líder norte-coreano Kim Jong-un.

A facção de Jiang se opôs ao atual líder do PCCh Xi Jinping, e as relações entre a China e a Coreia do Norte acabaram sendo afetadas pelas lutas internas do Partido.

Xi Jinping mantém relações relativamente frias com a Coreia do Norte. E é a facção de Xi que aceitou fazer valer as sanções da ONU.

Enquanto isso, as sanções parecem estar cobrando seu preço. A mídia norte-coreana admitiu em 29 de setembro que as sanções estão causando “danos colossais” e o noticiário estatal também ameaçou os Estados Unidos com a extinção.

Tillerson recebeu informes semelhantes depois de visitar a China e declarou, durante uma conferência de imprensa conjunta com o embaixador dos Estados Unidos na China, Terry Branstad, em 30 de setembro, que “os chineses também nos dizem que está tendo um efeito e têm uma visão bastante próxima disso “.

Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (à esq.), aperta a mão do líder chinês Xi Jinping (à dir.) antes de sua reunião no Grande Salão do Povo em Pequim, na China, em 30 de setembro de 2017 (Lintao Zhang /Pool/Getty Images)
Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (à esq.), aperta a mão do líder chinês Xi Jinping (à dir.) antes de sua reunião no Grande Salão do Povo em Pequim, na China, em 30 de setembro de 2017 (Lintao Zhang /Pool/Getty Images)

Trump reconheceu o papel da China durante recente entrevista à imprensa em 11 de outubro, mas manteve um otimismo cauteloso. Ele disse: “Agora, a China é de grande ajuda, penso, acho, quem sabe, acho que eles parecem ser de grande ajuda”.

“Cortaram-se os recursos para a Coreia do Norte, isso é algo que nunca foi feito antes, reduziram o combustível e muitas outras coisas. Vamos ver o que acontece”, afirmou Trump, e quanto aos programas nucleares da Coreia do Norte, ele disse:” Não podemos permitir que isso aconteça. Isso deveria ter sido resolvido há muito tempo.”

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