Por John Smithies, Epoch Times
Os Institutos Confúcio ameaçam a liberdade acadêmica e espalham propaganda comunista chinesa pelo mundo, advertiu um grupo político britânico.
É a primeira vez que um grupo tão proeminente de políticos britânicos se pronuncia contra os Institutos Confúcio (IC), apesar das sérias advertências feitas ao longo dos anos pelos Estados Unidos e pelo Canadá.
Os críticos afirmam há muito tempo que os institutos fazem parte das ferramentas de propaganda do “soft power” do Estado comunista da China. Eles dizem que a liberdade acadêmica nos ICs é limitada, que sua fonte de financiamento é opaca e que eles discriminam as minorias religiosas.
A parlamentar Fiona Bruce disse que as provas apresentadas à Comissão de Direitos Humanos do Partido Conservador levantaram “questões muito sérias” sobre os Institutos Confúcio.
“Acolhemos com satisfação e incentivamos o ensino de idiomas e o intercâmbio cultural, mas acreditamos que uma revisão é necessária para avaliar se os Institutos Confúcio representam uma ameaça à liberdade acadêmica, à liberdade de expressão, a outros direitos básicos e, finalmente, à segurança nacional”, disse Bruce em um comunicado.
Ela acrescentou que precisam ser estabelecidas medidas que exijam “transparência e prestação de contas em qualquer acordo futuro entre as instituições britânicas e os Institutos Confúcio”.
O Partido Comunista Chinês, que afirma que os Institutos Confúcio promovem a língua e a cultura chinesas, tem cerca de 525 ICs em todo o mundo e pelo menos 29 no Reino Unido. Eles estão integrados às grandes universidades como Edimburgo, Liverpool, Manchester, Newcastle, Nottingham, Cardiff e University College London, além de 148 salas de aula chamadas Confucius em escolas de ensino médio em todo o Reino Unido.
Sua importância para o regime chinês não pode ser exagerada. Em 2016, seu orçamento foi de 314 milhões de dólares e, de 2006 a 2016, a China gastou 2,17 bilhões de dólares nos Institutos Confúcio, de acordo com sua agência de controle Hanban.
Em 2009, o ex-czar da propaganda do PCC, Li Changchun, descreveu os Institutos Confúcio como “uma parte importante da estrutura de propaganda chinesa no exterior”.
“O Instituto Confúcio é uma marca atraente e nós a usamos para ampliar nossa cultura no exterior”, disse Changchun. “Ele deu uma contribuição importante para melhorar nosso soft power. A marca ‘Confucius’ tem um apelo natural. Usando a desculpa de ensinar chinês, tudo parece razoável e lógico”.
A China planeja abrir 1.000 Institutos Confúcio até 2020, segundo o site Hanban.
Rigorosas restrições
Os professores dos Institutos Confúcio em todo o mundo são empregados pela China e estão sujeitos às leis chinesas, que incluem restrições rigorosas quanto à expressão.
“O Instituto Confúcio é uma extensão do sistema educacional chinês, diretamente controlado pelo regime e com as mesmas funções ideológicas e propagandísticas que as escolas e universidades chinesas”, escreveu o Dr. Tao Zhang, da Universidade de Nottingham Trent, em sua apresentação à Comissão de Direitos Humanos do Partido Conservador.
O site da Hanban diz que os instrutores de língua chinesa devem ter “entre 22 e 60 anos de idade, estar física e mentalmente saudáveis, sem histórico de participação no Falun Dafa e outras organizações ilegais, e sem antecedentes criminais”.
Exigências como essas equivalem a uma discriminação contra as crenças das pessoas, e de acordo com a comissão é possível que “dada a repressão contra cristãos, budistas tibetanos e muçulmanos uigures na China, funcionários que são cristãos, budistas tibetanos ou muçulmanos enfrentem a mesma discriminação”.
Rachelle Peterson, da Associação Nacional de Estudiosos, disse que Yin Xiuli, diretora do Instituto Confúcio da Universidade da Cidade de Nova Jérsei, disse a ela em 2016 que “não tocamos” em assuntos como Taiwan, Tibete e Falun Dafa.
A preocupação com os Institutos Confúcio levou algumas universidades a encerrar ou rever suas relações com eles.
Em dezembro de 2018, a Universidade de Michigan anunciou que não renovaria seu contrato com o Instituto Confúcio, citando “o desejo de incluir mais amplamente o trabalho de explorar e estudar as artes visuais e interpretativas chinesas”.
Em setembro, o parlamentar do estado australiano de Nova Gales do Sul, Rob Stokes, disse estar preocupado com a falta de transparência dos Institutos e com as possíveis “influências inapropriadas de potências estrangeiras”.
Em fevereiro do ano passado, o diretor do FBI, Christopher Wray, revelou que a agência estava investigando os Institutos Confúcio.
“Compartilhamos essa preocupação pelos Institutos Confúcio. Temos observado os acontecimentos durante um tempo”, disse Wray.
Em uma página desclassificada de um relatório da CIA, a agência alertou que a China obriga os professores a se autocensurarem usando incentivos e desincentivos financeiros.
“O PCC muitas vezes nega vistos a professores que criticam o regime, encorajando muitos acadêmicos chineses a se autocensurarem preventivamente para que possam manter o acesso ao país de que dependem suas pesquisas”, diz o relatório, de acordo com o Washington Free Beacon.