Ingressos de filme de ficção científica chinês informam que “Somente o Partido Comunista pode salvar a Terra”

Internautas chineses reagiram com desdém aos slogans pró-comunistas impressos nos ingressos, com muitos ridicularizando-os como doentes mentais

12/02/2019 23:00 Atualizado: 13/02/2019 00:45

Por Olivia Li, Epoch Times

O recém-lançado filme de ficção científica “The Wandering Earth”, adaptado de uma história do escritor best-seller chinês Liu Cixin, teve uma forte promoção da mídia chinesa.

O filme, que teve o lançamento na abertura do Ano Novo Lunar em 5 de fevereiro, foi transformado em um meio de propaganda política, com os espectadores encontrando o slogan “apenas o Partido Comunista pode salvar a Terra!”, estampado em seus ingressos.

Em 6 de fevereiro, fotos tiradas de dois ingressos de cinema com o slogan rapidamente se tornaram uma sensação na Internet. Os ingressos foram comprados do Alibaba Pictures Group, uma empresa de filmes do grupo Alibaba.

De acordo com o Apple Daily de Hong Kong, alguns internautas chineses verificaram as informações daqueles que compraram os ingressos como genuínas.

Liu Cixin, que é o autor da famosa trilogia “Remembrance of Earth’s Past”, escreveu “The Wandering Earth” em 2000. A história postula um cenário apocalíptico do futuro próximo em que o sol está se transformando em um gigante vermelho. Isso leva uma humanidade unificada a construir propulsores gigantes a fusão em todo o mundo, na esperança de impulsionar a terra para fora do sistema solar em busca de uma nova estrela.

A adaptação cinematográfica, dirigida por Guo Fan, retrata a nave espacial Terra-transformada em sua jornada perigosa e logo foi promovida por porta-vozes estatais, como o People’s Daily e o Global Times, que apresentavam temas nacionalistas no filme.

Uma resenha foi publicada com a manchete: “Afinal, apenas os chineses podem salvar o planeta Terra”.

“The Wandering Earth” tem sido um sucesso de bilheteria na China, alcançando US$ 298 milhões em vendas de ingressos ainda em 10 de fevereiro.

Mas os internautas chineses reagiram com desdém aos slogans pró-comunistas impressos nos ingressos, com muitos ridicularizando-os como doentes mentais.

“Qualquer um que seja mentalmente capaz e não seja enganado pelo bloqueio da internet chinesa sabe que o Partido Comunista é uma praga para os povos do mundo!”, Exclama um comentário. Outro usuário satirizou a linha escrevendo “apenas o Partido Comunista está destruindo o mundo”.

Outros internautas criticaram o Partido Comunista Chinês (PCC), que está perto do seu 70º ano no poder, por suas atrocidades e desrespeito pela vida humana. “A Revolução Cultural matou tantas pessoas, e agora PM2.5 [poluição do ar] e vacinas contaminadas pelo HIV estão ameaçando a eliminação da humanidade. Quando todos os seres humanos morrerem, a terra certamente se tornará mais segura e melhor”, disse ironicamente outro chinês.

Um internauta disse: “O Partido Comunista sacrifica a prosperidade de 1,2 bilhão de chineses pela prosperidade de 100 milhões de membros do Partido Comunista”.

“Wandering Earth” teve um orçamento de US$ 50 milhões, tornando-se o primeiro filme de ficção científica de grande orçamento da China. As resenhas observaram a escala ambiciosa do filme, bem como sua notável falta de personagens americanos.

“O governo da Terra Unida tem russos, franceses, ingleses e outras nações representadas, mas não americanos”, diz uma resenha da Sciencefiction.com. A Abacus News, em sua análise, disse que “parece bizarro e uma supervisão deliberada tirar os americanos de uma coalizão global”.

O cinema e outros entretenimentos estão sujeitos à censura estrita do PCC, e os produtores muitas vezes adaptam seu conteúdo para evitar reações adversas com receio de que suas criações artísticas e reputações sejam prejudicadas.

O regime do PCC e os Estados Unidos estão em desacordo desde o ano passado, quando o governo Trump passou a criticar Pequim e suas práticas de negócios protecionistas e a espionagem industrial sancionada pelo regime. Desde abril de 2018, Washington impôs tarifas sobre bens comerciais chineses no valor de mais de US$ 200 bilhões.