Por Chriss Street, Epoch Times
O sucesso da China em reduzir a inflação dos alimentos durante uma década pode ter chegado ao fim devido à combinação de fatores como a peste suína africana, o verme cogollero ou a lagarta militar, inundações extremas e ondas de calor.
Dado que a China deve alimentar mais de um quinto da população mundial com apenas um quinto da terra arável do mundo, a gestão da segurança alimentar durante períodos de clima extremo e desastres naturais historicamente desempenhou um papel crucial na manutenção dos líderes no poder. Quando o Partido Comunista Chinês (PCC) chegou ao poder em 1949, ele prometeu que “nem uma única pessoa morreria de fome”, no entanto, a “Fome do Grande Salto Adiante” de 1958-1962, que matou 30 milhões de pessoas, continua sendo uma das crises de alimentos mais letais na história chinesa e mundial.
Desde os anos 80, as reformas econômicas da China expandiram a produção agrícola e urbanizaram um terço dos agricultores. Além do susto causado por 5,7% da inflação de alimentos durante a crise financeira global de 2008, as autoridades comunistas conseguiram manter estável o Índice de Preços de Produtos Agrícolas na última década.
No entanto, a inflação está prestes a atingir o teto inflacionário de 1% imposto pelos comunistas chineses devido a uma combinação de fatores como inundações extremas no sul e ondas de calor no norte; a peste suína africana que matou milhões de porcos em 32 províncias e a invasão da lagarta militar que mastiga vorazmente tudo que encontra pelo caminho em 19 províncias chinesas produtoras de milho.
Os verões na China geralmente produzem secas no norte e inundações amenas no sul. Mas o Ministério de Emergências informou que as regiões do norte sofreram severos períodos de seca este ano, enquanto as chuvas mais intensas desde 1961 atingiram a China ao sul do Rio Amarelo.
O Ministério informou em 11 de julho que as inundações de verão deste ano afetaram 19,91 milhões de pessoas, destruíram pelo menos 34 mil casas e danificaram 1,75 milhão de hectares de lavouras. As inundações mataram pelo menos 61 pessoas, obrigaram 1,3 milhão de pessoas a se mudar e 582 mil pessoas ainda precisam de ajuda de emergência. Solos encharcados também causaram deslizamentos de terra em 24 de julho em Guizhou, que mataram mais 14 pessoas, e 48 continuam desaparecidas.
O Departamento de Águas da Província de Hebei, no norte da China, informou que a seca afetou quase 810 mil hectares de plantações, deixando 15.700 pessoas com dificuldades de acesso a água potável e pelo menos 3.000 animais domésticos sem água.
As culturas chinesas de trigo, canola, milho, algodão e soja geralmente terminam em meados de agosto. Os chineses mostram sua gratidão aos deuses pela abundância celebrando o Festival da Lua da Colheita do Meio do Outono, que está programado para 13 de setembro deste ano. Mas as terras inundadas ameaçam causar enormes perdas de produção este ano.
O Centro Meteorológico Nacional da China prevê fortes chuvas no norte, leste e sudoeste esta semana. A umidade trará algum alívio para Pequim e Tianjin depois de uma onda de calor de várias semanas que elevou a temperatura para 35-40 graus Celsius.
Caso o aumento das temperaturas atinja o segundo nível mais alto no sistema de quatro níveis da China, espera-se um período de seca para as áreas inundadas ao sul do rio Yangtze que poderá permitir que os agricultores salvem parte das plantações.
A Agência de Notícias estatal Xinhua informou em 30 de julho que o líder comunista chinês Xi Jinping instruiu negociadores comerciais a comprar “milhões de toneladas” de soja dos EUA desde que ele se encontrou com o presidente Donald Trump na cúpula do G20 em Osaka, no Japão.
Antes das negociações entre o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, com o vice-primeiro-ministro Liu He, em 30 e 31 de julho em Xangai, a imprensa estatal chinesa havia anunciado que a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos pela China fazem parte de “esforços incansáveis para mostrar boa vontade”.
Mas com os preços da soja nos EUA caindo em torno de 18% e os preços do milho caindo em torno de 12% desde o início da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos em meados de 2018, os negociadores chineses que enfrentam um desastre na produção e o aumento da inflação dos alimentos podem estar prontos para comprar grandes quantidades de alimentos dos americanos.