Por Sunny Chao, Epoch Times
A indústria de painéis solares na China enfrenta dificuldades operacionais por causa das tarifas anti-dumping de até 50% impostas pelos Estados Unidos.
O jornal japonês Nikkei Shimbun informou em 26 de julho que a indústria de painéis solares concentrada na cidade de Changzhou, na província de Jiangsu – também conhecida como “Vale do Silício Oriental” – foi severamente afetada desde que os Estados Unidos impuseram as tarifas em janeiro, especialmente em combinação com o fato de Pequim ter reduzido os subsídios do governo e ter ocorrido queda nos preços da eletricidade.
As taxas de operação das fábricas domésticas caíram acentuadamente, enquanto algumas fábricas fecharam, os funcionários foram demitidos e os salários foram reduzidos, de acordo com o Nikkei Shimbun. Ex-funcionários de fábricas de painéis solares disseram ao jornal que os salários dos trabalhadores caíram em junho para cerca de 2 mil yuans (cerca de US$ 290) – metade do salário mensal típico do ano passado.
No início de julho, 800 ex-funcionários da GCL-Poly, um fabricante de produtos solares com sede em Changzhou, organizaram um protesto. Alguns funcionários foram demitidos A partir de junho, enquanto outros abandonaram a empresa depois dos cortes nos salários, de acordo com relatos da mídia local.
A China ultrapassou a Alemanha em 2015 sendo hoje o país com a maior quantidade de energia solar instalada. Em 2017, o mercado fotovoltaico da China atingiu o marco de 100 gigawatts – energia suficiente para abastecer 70 milhões de residências.
E só em 2017, a produção solar do país aumentou em 40%, chegando a 75 bilhões de watts. Esse montante é três vezes mais do que cinco anos atrás.
Os painéis solares da China ocupam 70% do mercado global, resultado de anos de dumping de painéis subsidiados pelo governo nos mercados de outros países.
Em junho, os módulos e células solares importados pela China foram o alvo das tarifas de 25% dos Estados Unidos, parte dos US$ 50 bilhões em produtos chineses a serem alvos, em meio à guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.
Além de tais tarifas, a Administração Nacional de Energia da China no final de maio anunciou reformas nas estruturas de preços, incluindo a redução do preço da energia renovável em uma média de 10%. Então, Pequim cortou os subsídios para os fabricantes de painéis solares em junho.
A China está tentando lidar com uma indústria solar supersaturada que já está suprindo mais do que a demanda, e provavelmente anunciou essas mudanças para conter o crescimento insustentável.
Os fundos estaduais para subsidiar empresas domésticas de energia renovável também estavam em baixa, resultando em um déficit de 12,7 bilhões de yuans (cerca de US$ 16,6 bilhões) até o final de 2017, de acordo com dados da Administração Nacional de Energia.
Além disso, vários meios de comunicação chineses citaram recentes comentários de Wang Sicheng, pesquisador da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, uma agência estatal encarregada de monitorar e planejar a economia chinesa. Ele disse que a indústria solar da China deve perder 1 trilhão de yuans (US$ 146,8 bilhões) e 2,5 milhões de empregos como resultado do último declínio.