Por Jennifer Zeng, Epoch Times
Após uma dura troca de palavras entre o vice-presidente Mike Pence e o líder comunista chinês Xi Jinping durante a recente cúpula da Apec, especialistas têm dúvidas sobre o que pode ser alcançado na próxima reunião do Grupo dos 20 entre o presidente Donald Trump e Xi Jinping, ou que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China possa terminar em breve.
Patrick Cronin, diretor do Programa de Segurança na Ásia-Pacífico do Centro para uma Nova Segurança nos Estados Unidos, disse ao Epoch Times que a cúpula da Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico foi provavelmente uma boa oportunidade para apresentar uma imagem forte.
“Taticamente falando, a APEC era muito tentadora para que tanto o lado chinês como o norte-americano a ignorassem, como que para demonstrar força de convicção”, salientou ele, acrescentando que eles provavelmente estão se preparando para a “cúpula real”, quando Trump e Xi se encontrarão novamente.”
A China emitiu uma longa lista de ideias e reformas para os Estados Unidos, de acordo com o presidente norte-americano, então havia algo com o que trabalhar, disse Cronin.
“Teremos que ver como os Estados Unidos vão lidar com a próxima rodada desta discussão. Eu esperava que houvesse tensões contínuas em geral, quanto à economia, mas que alguma tensão seria liberada em alguns aspectos específicos do relacionamento”, acrescentou.
“Portanto, alguns acordos, acordos parciais” poderiam ser alcançados, disse ele, o que “não é necessariamente o que os chineses gostariam, um grande acordo “marco de princípios” [no qual] tudo funciona dentro desse contexto de maneira muito harmoniosa”.
“Provavelmente os Estados Unidos não trabalharão assim, porque o presidente Trump é muito mais transacional nessas questões”, acrescentou Cronin. “E acho que ele ficará insatisfeito com muitos aspectos do relacionamento econômico. Portanto, espero que haja tantos acordos quanto desacordos no futuro próximo”.
Cronin acha que os Estados Unidos precisam mobilizar os países do G20 em torno de seus planos para ter mais regras que definam o comércio justo, e disse que Pequim certamente irá lutar contra isso. Trump e Xi vão se reunir à margem da cúpula do G20 na Argentina no final deste mês.
“Calculo que os chineses convencerão as pessoas sobre seu ponto de vista de pressionar os Estados Unidos e, assim, acalmar a guerra tarifária, porque as tarifas pressionam a China a tomar uma decisão”, disse Cronin. “E a China não quer ser forçada a tomar uma decisão, mas quer continuar fazendo o que quer, ou seja, aproveitar o fato de não ter economia de mercado. Ela tem um capitalismo dirigido pelo Estado, tem empresas estatais”.
“[A situação atual] dá à China uma vantagem injusta nas regras comerciais criadas para as economias de mercado, sob a perspectiva dos Estados Unidos”, acrescentou.
Qiao Mu, estudioso chinês e ex-professor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, escreveu recentemente no Twitter, citando uma importante autoridade chinesa, que Xi disse em uma reunião interna que a China não recuará de forma alguma nesta guerra comercial.
De acordo com o tuíte de Qiao, Xi disse na reunião: “O que mais os Estados Unidos têm além das tarifas? Se eles realmente são tão capazes, é melhor que parem de comprar nossos produtos. Não nos assustamos nem mesmo com as sanções gerais impostas contra nós depois de 1989; o que há de tão terrível em umas poucas tarifas? No passado, os Estados Unidos eram o parceiro mais importante para nós, agora temos a iniciativa ‘Um Cinturão, Uma Rota’, a África, a América Latina e o mercado mundial”.
Chen Pokong, escritor e analista político chinês, comentou durante uma entrevista à Voz da América que o Partido Comunista Chinês (PCC) está em uma situação muito desconfortável e difícil na guerra comercial, já que os Estados Unidos incluíram os direitos e salários dos trabalhadores como questões comerciais. Ele disse que o PCC está muito envergonhado com essas exigências, já que nunca permitiu que os trabalhadores chineses defendessem seus próprios direitos ou formassem seus próprios sindicatos.
Chen disse que o PCC quer assumir o papel de líder mundial, mas que atualmente não é capaz de fazê-lo.
“A China quer desempenhar o papel de líder, mas não age como tal. Se ela realmente quiser desempenhar esse papel de liderança, isso significa uma mudança total de si mesma, incluindo seu atual sistema econômico e político”, disse ele.