Hospitais de Nova Iorque farão estudo clínico com sobreviventes da Covid-19

29/04/2020 20:07 Atualizado: 29/04/2020 20:07

Por EFE

Nova Iorque, 29 abr – Três hospitais de Nova Iorque realizarão um estudo clínico para determinar se o plasma convalescente dos pacientes que sobreviveram à Covid-19, incluindo integrantes da sinagoga Young Israel, em New Rochelle, onde ocorreram os primeiros casos, poderia ajudar quem atualmente está infectado pelo novo coronavírus.

Montefiore, um sistema de 11 hospitais; a Escola de Medicina Albert Einstein, que faz parte dessa rede; e o hospital NYU Langone relataram nesta quarta-feira sobre a pesquisa conjunta envolvendo 300 pessoas com sintomas respiratórios de contágio pelo vírus SARS-CoV-2.

De acordo com comunicado conjunto emitido pelos centros de saúde, metade dos participantes receberá plasma com anticorpos para o coronavírus, enquanto os demais receberão um placebo.

Os primeiros doadores de plasma convalescente ao Montefiore são da Young, que acolheu um dos maiores grupos de casos de Covid-19 do país e que agora representa, segundo a nota dos pesquisadores, “um raio de esperança”.

Os candidatos ao estudo clínico serão pacientes que tenham tido sintomas respiratórios por menos de uma semana, necessitem de oxigênio suplementar ou tenham estado no hospital por menos de quatro dias, declara o comunicado.

Os hospitais lembraram que a resposta imunológica do corpo às infecções por vírus envolve a fabricação de anticorpos, que potencialmente servem para evitar que os pacientes sejam infectados novamente no futuro.

Os pesquisadores explicaram ainda que o tratamento, conhecido como terapia com plasma convalescente, foi aplicado durante surtos de infecções virais no século passado e demonstraram potencial tanto na redução dos sintomas mais graves da doença quanto na melhoria das taxas de sobrevivência.

“Criamos este estudo a partir de evidências da chamada era pré-antibiótica, mas ainda não há evidências científicas de que ele será realmente eficaz”, declarou a diretora de Doenças Infecciosas da Montefiore e do Albert Einstein, Liise-anne Pirofski, que lidera o projeto Plasma Convalescente da Covid-19, como a pesquisa é chamada.

“Ter tantas pessoas curadas dispostas a doar seu plasma e tornar essa pesquisa possível para ajudar outras que nunca conheceram é uma verdadeira celebração do espírito humano”, acrescentou.

Desde o início da pandemia, o sistema Montefiore já tratou cerca de 4 mil pacientes graves em seus hospitais e deu-lhes alta com sucesso. Isso, na visão dos estudiosos, representa uma grande oportunidade de obter plasma de pessoas recuperadas e aplicar seus anticorpos no tratamento de uma comunidade afetada de forma desproporcional pelo vírus.

“É possível que demore mais de um ano para que haja vacinas disponíveis. Enquanto isso, na ausência de imunidade natural e vacinas, a terapia plasmática poderia fornecer ao organismo os elementos necessários para combater a infecção”, declarou a médica Mila Ortigoza, da NYU Langone e que também faz parte da equipe de pesquisa.

“As infecções que saltam dos animais para os humanos, como o novo coronavírus, são perigosas porque não temos os anticorpos para combatê-las. Daí nosso interesse em saber se a administração desses plasmas poderia salvar vidas”, completou.