Grupo internacional de jornalistas pede que China liberte repórter detida em Xangai

Por Sophia Lam
03/09/2024 23:49 Atualizado: 03/09/2024 23:49
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Um grupo internacional de defesa de jornalistas levantou preocupações sobre a suposta nova detenção de uma repórter cidadã chinesa pelas autoridades em Xangai, provocando novos temores sobre seu bem-estar e a contínua repressão do regime chinês à liberdade de expressão. O grupo insta a comunidade internacional a se mobilizar e fazer todo o possível para garantir sua segurança e ajudar a libertá-la.

“Estamos alarmados com esse novo desenvolvimento na perseguição implacável do regime chinês a Zhang Zhan, que parece estar novamente incomunicável por razões desconhecidas”, disse Rebecca Vincent, diretora de campanhas da organização sem fins lucrativos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris.

Zhang Zhan, uma ex-advogada que se tornou jornalista cidadã, está supostamente detida no Centro de Detenção do Novo Distrito de Pudong, em Xangai, de acordo com o grupo de direitos humanos Chinese Human Rights Defenders, com sede nos Estados Unidos. Não está claro se ela está sob detenção criminal ou administrativa, informou o grupo de direitos humanos.

Zhang ganhou atenção internacional no início de 2020, quando viajou para Wuhan, o epicentro inicial da pandemia de COVID-19, para relatar a crise de saúde pública em desenvolvimento. Por meio de vídeos e atualizações nas redes sociais, ela destacou as condições precárias e a má gestão do governo, que contradiziam a narrativa do Partido Comunista Chinês (PCCh).

Ela foi detida em maio de 2020 e, um mês depois, condenada a quatro anos de prisão por “provocar brigas e criar confusão”, uma acusação vaga frequentemente usada pelo PCCh para silenciar dissidentes e críticos.

Zhang iniciou uma greve de fome prolongada para protestar contra sua prisão e foi alimentada à força durante seu encarceramento. Sua saúde deteriorada provocou preocupações no Departamento de Estado dos EUA em 2021, que pediu ao PCCh “sua libertação imediata e incondicional”. Ela foi liberada em maio deste ano após passar quatro anos na prisão.

Apesar do assédio e intimidação por parte da polícia local após sua libertação, Zhang tem se manifestado em favor de dissidentes chineses sem voz, dos vulneráveis e de ativistas de direitos humanos no X, além de comentar sobre questões sociais na China desde junho deste ano.

Ela escreveu no X em 22 de agosto que havia viajado para Gansu, uma província no noroeste da China, para ajudar um ativista chinês e cristão detido, pedindo à mãe dele que assinasse um documento de procuração.

A RSF informou que ela foi levada pela polícia em 28 de agosto, depois de voltar para sua cidade natal em Shaanxi, uma província que faz fronteira com Gansu a oeste, e que desde então, ela não atendeu seu telefone nem atualizou suas contas nas redes sociais, apesar de seus seguidores enviarem mensagens e perguntarem sobre sua segurança.

A Rádio Ásia Livre (RFA) informou em 11 de junho que a liberdade de Zhang foi restringida pelas autoridades locais, mesmo estando fora da prisão. Zhang revelou que a polícia local ameaçou prendê-la novamente se ela ousasse “ultrapassar a linha vermelha”, segundo a RFA.

“Eu não quero voltar para lá, e não sou a pessoa que deveria ir”, Zhang teria escrito em uma plataforma de mídia social chinesa.

“Depois de mal sobreviver a quatro anos de prisão e viver sob vigilância estrita desde então, é claro que as autoridades chinesas continuam determinadas a punir Zhang Zhan por seu jornalismo independente. É mais urgente do que nunca que a comunidade diplomática internacional intervenha com Pequim para garantir sua segurança e assegurar sua liberdade plena sem demora”, escreveu Vincent.

A China ocupa a 172ª posição entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024 da RSF. O grupo de defesa relata que a China mantém pelo menos 120 jornalistas e defensores da liberdade de imprensa presos, e chama o país comunista de “a maior prisão do mundo para jornalistas e defensores da liberdade de imprensa.”

Em sua postagem mais recente no X, datada de 28 de agosto, Zhang escreveu: “Se a matrícula escolar estiver atrelada à compra de uma casa, o direito à educação perde sua equidade e igualdade. Nesse caso, a educação se corrompe.”