O governo taiwanês deu um grande passo na proteção dos direitos humanos ao negar recentemente a entrada no país de pelo menos três pessoas envolvidas na violação dos direitos humanos na China.
Em 10 de dezembro, o jornal taiwanês Liberty Times publicou em seu site que um grupo de trabalho formado por diferentes órgãos do governo taiwanês negou a pelo menos três membros do Partido Comunista Chinês (PCC) e membros de seus “grupos de intercâmbio profissional” a entrada em Taiwan por estarem envolvidos na perseguição dos praticantes do Falun Dafa dentro da China.
A força-tarefa é formada pela Agência Nacional de Imigração de Taiwan e pelo Conselho de Assuntos da China Continental, maior agência governamental de Taiwan responsável pelas relações com a China. Eles disseram que qualquer membro do PCC ligado à Agência 610, organização extraoficial do Partido criada com o único propósito de levar a cabo a perseguição contra praticantes do Falun Dafa na China, não terá permissão para entrar em Taiwan, conforme divulgado pela Liberty Times. Com base em informações colhidas ao longo dos anos, a Associação do Falun Dafa em Taiwan, que representa os praticantes desta disciplina da Escola de Buda que residem na ilha, enviou uma lista de membros do PCC envolvidos na perseguição para o grupo de trabalho.
Falun Dafa, também conhecido como Falun Gong, é uma disciplina espiritual que consiste em exercícios de meditação e ensinamentos morais baseados nos princípios da Verdade, Compaixão e Tolerância. A prática, apresentada ao público na China em 1992, atingiu rapidamente grande popularidade no país, com mais de 70 milhões de praticantes de acordo com uma pesquisa estatal feita em 1999 — embora os praticantes afirmem que o número ultrapassava 100 milhões. Com medo de que a popularidade da disciplina ameaçasse a autoridade do PCC, o então líder do Partido, Jiang Zemin, deu início a uma perseguição em nível nacional, sujeitando os praticantes a tortura em prisões, campos de trabalhos forçados e centros de lavagem cerebral.
Embora os praticantes do Falun Dafa sejam alvo de perseguição severa na China Continental sob o governo unipartidarista do PCC, os adeptos em Taiwan são livres para praticar sua fé. Desde que a República da China se estabeleceu em Taiwan em 1949, a relação entre a China e o país tem sido fria, uma vez que o regime chinês considera Taiwan uma província rebelde que deveria eventualmente se juntar ao continente outra vez, seja de forma voluntária ou pela força.
“Esta atitude mostra que Taiwan valoriza e defende os direitos humanos e que expressa isso em ações concretas”, disse Chiu Chui-cheng, vice-ministro do Conselho de Assuntos da China Continental, em uma entrevista à correspondente taiwanesa da emissora New Tang Dynasty Television (NTDTV).
“Eu creio que todos os países do mundo têm práticas semelhantes”, acrescentou Chiu.
“Nós apoiamos veementemente o que o governo fez”, disse Theresa Chu, advogada de direitos humanos e porta-voz do Grupo de Trabalho dos Advogados de Direitos Humanos em Taiwan, em entrevista à NTD.
“Acreditamos que o governo da República da China (Taiwan) respondeu ao governo Trump, [ao mostrar] como a Lei Global Magnitsky é necessária em todas as partes do mundo”, acrescentou.
Em 2016, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei Global Magnitsky, que permite ao país negar vistos e aplicar sanções a determinadas pessoas em qualquer lugar do mundo, desde que sejam responsáveis por cometer violações de direitos humanos em seus respectivos países.
Legisladores taiwaneses também expressaram sua aprovação em relação às ações do governo. Wang Ding-yu, membro do Partido Democrático Progressista, disse em entrevista à NTD: “Também pedimos a outros países do mundo que apoiem a democracia e os direitos humanos não acolhendo essas pessoas”.
“Deixe-os saber que eles podem perseguir pessoas, mas que por isso não terão nenhum lugar no mundo aonde ir”, disse Wang.
Zhu Xinxin, ex-editor da Estação Estatal de Radio Popular de Hebei, que agora reside em Taiwan, também aplaudiu o compromisso do governo de Taiwan com os direitos humanos. Em uma entrevista para a NTD, Zhu disse: “Eu acho que a comunidade internacional e as pessoas na China, através deste incidente [em Taiwan], lembrarão que deveriam acompanhar os passos desses criminosos”.
Zhu acrescentou que seus crimes deveriam ser publicamente expostos para que o mundo possa vê-los.
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