Goldman Sachs e Citigroup rebaixam a previsão de crescimento da China para 2024 para 4,7%

“A situação econômica real da China pode ser muito pior do que mostram os dados oficiais”, disse o economista sino-americano Davy J. Wong.

Por Alex Wu
19/09/2024 15:22 Atualizado: 19/09/2024 15:39
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Recentemente, o Goldman Sachs e o Citigroup reduziram suas previsões de crescimento para a China este ano para 4,7%, após o regime comunista chinês divulgar dados econômicos fracos referentes a agosto.

A meta oficial de crescimento anual de 5% estabelecida pelo Partido Comunista Chinês (PCCh) para este ano provavelmente não será alcançada.

Analistas apontam que, devido à crescente falta de transparência e à falsificação de dados pelo PCCh, tornou-se mais difícil para instituições ocidentais saber a real situação da economia chinesa, que pode ser muito pior do que o regime chinês admite.

O Escritório Nacional de Estatísticas do PCCh divulgou dados em 14 de setembro que mostram que a produção industrial aumentou 4,5% em relação ao ano anterior em agosto, abaixo dos 5,1% registrados em julho, marcando a taxa de crescimento mais baixa desde março.

As vendas no varejo—outro importante indicador econômico do consumo doméstico—cresceram 2,1% em relação ao ano anterior, inferior aos 2,7% de julho. O crescimento dos investimentos em ativos fixos atingiu a menor taxa do ano, em 3,4%. Todos esses dados ficaram abaixo das previsões.

No início deste ano, o Goldman Sachs esperava que a taxa de crescimento econômico anual da China atingisse 4,9%, enquanto o Citigroup previa 4,8%.

A empresa japonesa Mizuho Securities também rebaixou a previsão de crescimento econômico da China este ano, reduzindo sua previsão para 4,7%, de 4,8%, em 13 de setembro.

O Goldman Sachs espera que o crescimento do PIB da China em 2025 seja de 4,3%.

Já o Citigroup, em 15 de setembro, reduziu sua previsão de crescimento do PIB da China para 2025 de 4,5% para 4,2%, devido à contínua fraqueza da demanda interna.

Sobre a revisão para baixo das previsões econômicas chinesas pelas agências internacionais de classificação de risco, o economista sino-americano Davy J. Wong disse ao Epoch Times que os dados oficiais do PCCh “são imprecisos, obscuros e carecem de detalhes” e que “os bancos de investimento internacionais estão fazendo uma revisão para baixo como uma proteção contra riscos.”

A situação econômica real da China poderia ser muito pior

Recentemente, o regime chinês tornou ainda mais obscuras as informações econômicas do país. Dados relacionados a vendas de terrenos, reservas de câmbio estrangeiro e negociação de títulos foram restringidos. Em agosto, o Shanghai–Hong Kong Stock Connect e o Shenzhen–Hong Kong Stock Connect pararam de divulgar dados em tempo real sobre o fluxo de capital estrangeiro para o norte, dificultando a avaliação da retirada de capital estrangeiro da China.

Wong afirmou que as instituições ocidentais, em geral, não compreendem a estrutura econômica do regime comunista chinês e costumam analisá-la pela ótica da economia ocidental, em vez de considerar as regras ocultas da “operação da economia socialista com características chinesas”.

Ele ressaltou que a verdadeira situação econômica da China pode ser muito pior do que os dados oficiais indicam, observando que “embora a economia estatal ainda esteja se desenvolvendo com uma participação crescente no monopólio de mercado e algumas receitas não tributárias estejam aumentando, o setor privado está se deteriorando”. Wong afirmou que a taxa real de subemprego na China atualmente pode ser superior a 25%.

Um homem descansa em um restaurante dentro de um shopping em Pequim, em 14 de agosto de 2024. Pedro Pardo/AFP

Sun Kuo-hsiang, professor de assuntos internacionais e negócios na Universidade Nanhua, em Taiwan, disse ao Epoch Times que o rebaixamento das previsões de crescimento econômico da China por bancos de investimento internacionais reflete que a economia chinesa enfrenta grandes desafios.

Ele afirmou que, embora os dados oficiais positivos mostrem que alguns setores da economia ainda estão em expansão, como o de painéis solares e fotovoltaicos, “algumas indústrias podem ter crescimento negativo, e a situação econômica real pode ser pior”.

“Como os dados estatísticos da China são frequentemente manipulados de acordo com as políticas governamentais, os dados de crescimento divulgados por várias províncias têm o mesmo problema”, disse Sun.

Segundo ele, os oficiais do PCCh falsificam dados para evitar desagradar o líder do regime, Xi Jinping.

“Portanto, nas circunstâncias atuais, os números de crescimento econômico podem ser mais simbólicos do que substanciais, e não refletem de forma alguma a verdadeira situação da economia chinesa”, acrescentou.

  1. Paul Chiou, professor do Departamento de Finanças da Northeastern University, em Boston, disse ao Epoch Times que o consumo privado na China representa menos de 40% da economia total, em comparação com 70% na economia dos EUA.

“A maior parte da economia da China é composta por investimentos, feitos principalmente por empresas com conexões governamentais, representando cerca de 40% da economia do país”, disse Chiou.

Ele apontou que os dados mais recentes mostram que tanto o investimento quanto a confiança dos consumidores na China estão em declínio.

“O investimento em capital fixo nos primeiros oito meses foi de 3,4%, o que significa que a economia da China está em um estado grave”, observou.

Chiou acrescentou que é inútil usar a taxa de crescimento econômico como indicador para estudar o desenvolvimento da China. Em vez disso, o foco deveria estar no bem-estar das pessoas.

“O que realmente importa para o bem-estar da população são algumas infraestruturas sociais, como segurança social, cuidados para os idosos, apoio familiar, auxílio ao sustento da população ou melhorias no sistema de saúde e no sistema educacional”, concluiu.

Luo Ya e Reuters contribuíram para este artigo.