George Soros descreve os perigos apresentados pelo regime autoritário do PCC em 2022

'2022 será um ano crítico na história do mundo', afirmou Soros

01/02/2022 14:03 Atualizado: 01/02/2022 14:03

Por Michael Washburn 

O ano de 2022 será um ponto de virada em que grande parte do mundo se posicionará fortemente na direção do autoritarismo e da repressão ou da abertura, e os eventos na China terão um papel decisivo, afirmou o investidor bilionário George Soros, em um evento virtual organizado pelo think tank Hoover Institution, no dia 31 de janeiro.

“2022 será um ano crítico na história do mundo. Em poucos dias, a China, o estado autoritário mais poderoso, sediará os Jogos Olímpicos de Inverno e, como a Alemanha em 1936, tentará usar o espetáculo para obter uma vitória de propaganda para seu sistema de controle estatal”, Soros, de 91 anos, afirmou.

Juntamente com outras disputas políticas, como as eleições francesas e as eleições húngaras em abril, e as eleições de meio de mandato dos EUA em novembro, o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) – uma importante reunião do Partido realizada duas vezes por década – em Outubro, faz de 2022 um ano com poucos paralelos na história, relatou Soros.

Mas ele fez uma distinção clara entre o congresso do PCC e eleições em sociedades abertas com legitimidade democrática. Ao contrário das eleições na França, Hungria e Estados Unidos, o resultado do congresso do PCC é visto como um fato consumado. Espera-se amplamente que Xi Jinping ganhe um terceiro mandato como líder do PCC por meios agressivos ​​e coercitivos.

As apostas não poderiam ser maiores, já que as tensões entre o PCC e Taiwan se aproximam cada vez mais de um confronto militar. A razão pela qual essa crise geopolítica é diferente de outra que domina as manchetes no momento – os projetos de Vladimir Putin sobre a Ucrânia – tem a ver em parte com a reação do presidente Joe Biden a essas respectivas crises, enfatizou Soros.

“Biden geralmente seguiu as políticas certas. Ele declarou a Putin que a Rússia pagará um alto preço por invadir a Ucrânia, mas que os EUA não irão à guerra”, afirmou Soros.

O líder da China Xi Jinping faz um discurso durante a 8ª Reunião Ministerial do Fórum de Cooperação China-Estados Árabes no Grande Salão do Povo em Pequim, no dia 10 de julho de 2018. A China fornecerá aos estados árabes 20 bilhões de dólares em empréstimos para o desenvolvimento econômico, enquanto Pequim busca construir sua influência no Oriente Médio e na África (Wang Zhao/AFP via Getty Images)
O líder da China Xi Jinping faz um discurso durante a 8ª Reunião Ministerial do Fórum de Cooperação China-Estados Árabes no Grande Salão do Povo em Pequim, no dia 10 de julho de 2018. A China fornecerá aos estados árabes 20 bilhões de dólares em empréstimos para o desenvolvimento econômico, enquanto Pequim busca construir sua influência no Oriente Médio e na África (Wang Zhao/AFP via Getty Images)

Por outro lado, Biden enviou uma forte mensagem a Xi de que o uso da força militar contra Taiwan vai de encontro a uma aliança de nações pró-Taiwan, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Índia e Japão, juntamente com várias nações ainda não totalmente comprometidas, como Coreia do Sul e Filipinas, afirmou Soros. Mas a formidável variedade de defensores não diminui a gravidade da crise, dada a disposição declarada de Xi de impor as reivindicações da China sobre Taiwan pela força, se necessário, alertou Soros.

“Ele está dedicando enormes recursos à armamentos. Ele surpreendeu o mundo ao introduzir um míssil hipersônico. Os EUA não têm nada comparável”, declarou Soros.

A agressividade de Xi no cenário global seria suficiente por si só para tornar 2022 um ano diferente de qualquer outro. Complementando essa postura de política externa, há uma abordagem ditatorial em casa que progressivamente desfez as tentativas de reformas de mercado introduzidas pelos líderes anteriores do PCC, observou Soros. As reformas econômicas iniciadas pelo então líder Deng Xiaoping, na década de 1980, convidaram os estrangeiros a investir na China e promoveram o crescimento econômico que se estendeu, por um breve período, ao reinado do atual líder, acrescentou.

Em contraste com seu antecessor, Xi Jinping colocou as empresas firmemente sob o controle estatal, tornou-se fortemente a favor das empresas estatais sobre as empresas privadas e geralmente buscou o que Soros chamou de “controle total”.

“Isso teve consequências desastrosas. Em contraste com Deng, Xi Jinping é um verdadeiro crente no comunismo. Marx e Lenin são seus ídolos”, afirmou Soros.

Os cidadãos chineses tiveram o pior dos dois mundos sob o governo de Xi, já que o autoritarismo sufocou muitas empresas, mesmo enquanto os problemas no setor imobiliário aumentaram para níveis perigosos com base no que Soros chamou de modelo insustentável. É um sistema baseado excessivamente no crédito, onde as pessoas são agora obrigadas a começar a pagar por apartamentos ainda não construídos, e os subempreiteiros que não foram pagos estão simplesmente deixando de trabalhar.

Matt Pottinger, um ilustre visitante da Hoover Institution e vice-conselheiro de segurança nacional durante o governo Trump, declarou concordar com Soros que Xi quer controle total e é improvável que conceda o poder pacificamente. “Acho que ele fará tudo o que puder para permanecer no poder por toda a vida”, afirmou Pottinger.

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