General chinês se suicida em meio à investigação de corrupção

29/11/2017 19:15 Atualizado: 29/11/2017 19:15

Um proeminente general chinês que estava sob investigação por corrupção cometeu suicídio, informou a mídia estatal na terça-feira, o último desenvolvimento de uma ampla campanha anticorrupção que tem abalado as forças armadas.

Zhang Yang, ex-membro do poderoso Comitê Militar Central (CMC), estava sendo investigado em função de seus vínculos com os generais desgraçados Guo Boxiong e Xu Caihou, informou a agência de notícias oficial Xinhua.

A investigação sobre Zhang, de 66 anos, verificou que ele “violou gravemente a disciplina”, foi “suspeito de dar e receber subornos” e a origem de uma grande quantidade de ativos não estava clara, disse a Xinhua, citando o Comitê.

A Xinhua confirmou que, na tarde de 23 de novembro, Zhang Yang enforcou-se em sua casa.

O suicídio de um oficial que ocupou tal cargo sênior é raro, embora especialistas tenham dito que a frequência de funcionários de vários níveis do governo chinês que tiraram suas próprias vidas pode ter aumentado como resultado da intensa repressão anticorrupção desde que o líder chinês Xi Jinping assumiu o poder há cinco anos.

Um comentário publicado nos websites oficiais do Ministério da Defesa e dos militares disse que o CMC decidiu em 28 de agosto investigar Zhang, que tinha “perdido seus valores morais” e usou o suicídio como meio de “escapar da punição do Partido [Comunista Chinês] e do país” um “ato extremamente abominável”.

“Este ex-general de alta posição e grande poder usou esse modo vergonhoso para acabar com a própria vida”, disse o comentário.

“Ele exortava a lealdade, mas era corrupto por trás das costas dos outros, uma típica ‘pessoa de duas faces’”, escreveu.

Fontes disseram à Reuters que Zhang, que havia servido como diretor do Departamento de Trabalho Político das forças militares, havia sido objeto de uma investigação, mas que o governo não havia feito um anúncio público.

A queda de Zhang foi antecipada em setembro, quando ele não conseguiu entrar na lista dos 303 delegados militares convocados para o importante congresso quinquenal do Partido Comunista Chinês, juntamente com Fang Fenghui, um colega e outro membro do CMC.

Ambos foram substituídos no congresso, realizado no mês passado, como parte de uma remodelação da liderança militar, em que a Xi Jinping instalou aliados confiáveis ​​em posições-chave.

O exército da China tem sido um dos focos principais da luta de Xi Jinping contra a corrupção.

Oficiais na ativa e aposentados disseram que a corrupção nas forças armadas é tão difundida que debilitaria seriamente as capacidades de guerra da China.

Dezenas de oficiais foram investigados e presos, incluindo Xu Caihou e Guo Boxiong, ambos ex-vice-presidentes do CMC, que atualmente é dirigido por Xi Jinping.

Xu Caihou outrora dirigiu o Departamento de Trabalho Político, que é responsável por imbuir o pensamento político e toma decisões sobre o pessoal militar, e junto com Guo Boxiong foram acusados de aceitar subornos em troca de promoções.

Guo Boxiong foi condenado à prisão perpétua no ano passado e Xu Caihou morreu de câncer em 2015 antes que pudesse enfrentar julgamento.