Em maio, os associados de dois antigos generais do Exército da Libertação Popular da China foram removidos. Agora, os próprios generais parecem estar em apuros.
Durante uma reunião de quadros seniores aposentados em julho, Liao Xilong e Li Jinai foram levados pela polícia disciplinar dos militares chineses, segundo o Diário da Manhã do Sul da China (DMSC), uma mídia em inglês baseada em Hong Kong. O DMSC obteve informações de duas fontes, uma próxima dos militares chineses e outra na hierarquia militar em Pequim.
Liao Xilong, de 76 anos, foi chefe do Departamento Geral de Logística, e Li Jinai, de 74 anos, foi chefe do poderoso Departamento Político Geral, que lida com a espionagem do regime no estrangeiro entre outras atividades. Anteriormente, o World Journal, uma mídia chinesa no exterior, informou que Liao Xijun, o irmão de Liao Xilong, e Zhu Xinjian, o ex-assessor de Li Jinai, foram presos.
A mídia oficial do regime chinês tem estado silenciosa até agora a respeito da aparente punição dos dois generais e de seus associados.
Se verdadeira, a informação é potencialmente de grande importância para o destino do ex-líder chinês Jiang Zemin. O atual líder chinês Xi Jinping está responsabilizando e punindo os quadros do alto escalão pelos abusos de seus subordinados. Liao Xilong e Li Jinai têm feito muito para provar sua lealdade a seu patrono Jiang Zemin.
Depois de lançar uma campanha para perseguir o Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa, em 20 de julho de 1999, Jiang Zemin deixou claro que aqueles que atuassem proativamente na supressão ao Falun Gong seriam recompensados com riquezas e promoções na carreira.
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Bo Xilai, um ex-membro da elite do Politburo, perseguiu vigorosamente os praticantes do Falun Gong na província de Liaoning e na cidade de Chongqing, quando ele administrava essas regiões, porque Jiang Zemin disse a ele que “sua firmeza em lidar com o Falun Gong” seria seu “capital político”, segundo o jornalista veterano chinês, Jiang Weiping.
Quando Li Jinai foi promovido a chefe do Departamento Político Geral das Forças Armadas em 2004, ele também assumiu a “Agência 610”, uma organização militar similar a Gestapo nazista, criada por Jiang Zemin para supervisionar a perseguição aos praticantes do Falun Gong, segundo o Minghui.org, uma mídia especializada em obter informações sobre a perseguição ao Falun Gong, especialmente sobre as vítimas e seus algozes.
Enquanto isso, Liao Xilong foi ajudado em instigar uma campanha anti-Falun Gong. Quando Liao Xilong foi comandante da Região Militar de Chengdu, ele supervisionou a fabricação de documentos destinados a mostrar que os praticantes do Falun Gong tinham planos para “subverter o Partido Comunista Chinês”, disse um praticante do Falun Gong na China à edição chinesa do Epoch Times em março de 2007.
O praticante obteve informações sobre Liao Xilong de um oficial de inteligência não identificado na Região Militar de Chengdu. Praticantes do Falun Gong perseguidos na China muitas vezes têm a oportunidade de obter essas informações durante sua extensa interação com oficiais de segurança e de inteligência, mesmo quando muitos desses oficiais estão engajados na campanha para suprimi-los.
Três anos mais tarde, Liao Xilong tornou-se diretor do Departamento Geral de Logística, um posto que permite amplas possibilidades para um oficial inclinado a obter ganhos financeiros ilícitos. De sua nova posição, Liao Xilong podia supervisionar a rede de distribuição de órgãos para transplante obtidos a partir da extração forçada de praticantes do Falun Gong, além de outros “trabalhos anti-Falun Gong” ordenados por Jiang Zemin, de acordo com ligações telefônicas gravadas secretamente com ex-oficiais seniores do Departamento Geral de Logística e feitas por investigadores estrangeiros se passando por funcionários disciplinares do regime chinês.
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Pesquisadores estimam que o regime chinês fez 1,5 milhão de transplantes de órgãos entre 2000 e 2015, e que a grande maioria desses órgãos foi obtida de praticantes do Falun Gong que foram mortos no processo.
Recentemente, o Congresso dos Estados Unidos condenou o regime chinês pela extração forçada de órgãos, enquanto uma nova declaração do Parlamento Europeu instou que o órgão político da União Europeia tome medidas baseada numa resolução aprovada em 2013 que condenou a extração forçada de órgãos na China.
No entanto, a primeira medida contra a extração de órgãos pode vir de dentro da China.
No final de junho, o líder chinês Xi Jinping aprovou a Portaria de Responsabilização, um novo conjunto de regulamentos disciplinares do Partido Comunista Chinês (PCC) que visa responsabilizar os líderes de órgãos e instituições do PCC pela má conduta de seus subordinados.
Dias depois, a agência disciplinar interna do PCC começou uma investigação de três meses em 32 organizações do Partido, incluindo a Agência 610. Quando a inspeção foi anunciada oficialmente, apenas sua liderança não foi nomeada, o que sugere que a agência possa não ter liderança atualmente.
De acordo com várias fontes na China, Jiang Zemin e seu filho mais velho Jiang Mianheng foram colocados sob alguma forma branda de detenção. Esta informação é parcialmente substanciada pela ausência de Jiang Zemin nos recentes funerais de ex-quadros seniores do PCC, uma indicação de perda de legitimidade no regime comunista. Num velório mais recente, Jiang Zemin sequer enviou uma coroa de flores, o que chamou a atenção de observadores e analistas.
As recentes detenções, se confirmadas, são outra indicação potencial de que Xi Jinping está se preparando para atacar diretamente Jiang Zemin.