Gás natural dos EUA na lista de compras do regime chinês

21/11/2017 02:55 Atualizado: 21/11/2017 03:11

O comércio foi o topo da agenda durante a visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à China. Trump quer enfrentar o enorme déficit comercial com a China ─ que totalizou US$ 347 bilhões no ano passado, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA ─ mas Pequim admitirá?

A julgar por um artigo que foi republicado pela porta-voz estatal Xinhua, parece que os chineses podem estar interessados ​​em comprar gás natural americano.

O artigo foi originalmente publicado no National Business Daily, uma publicação chinesa, mas apareceu on-line no site da Xinhua, que comunica o ponto de vista oficial do regime chinês.

Citando um especialista em pesquisa do Ministério do Comércio da China, o artigo observa que cerca de metade dos recursos de energia da China provém de importações.

“Os Estados Unidos precisam de um grande mercado internacional para suas exportações de energia, e a China é uma escolha ideal”, afirmou Bai Ming, vice-chefe do instituto de pesquisa do ministério encarregado de estudar os mercados internacionais.

O gás natural é incendiado em uma planta fora da cidade de Cuero, Texas (Spencer Platt/Getty Images)
O gás natural é incendiado em uma planta fora da cidade de Cuero, Texas (Spencer Platt/Getty Images)

Atualmente, a principal fonte de energia da China vem do carvão, que representa 64% da produção total de energia do país, em comparação com 31% nos Estados Unidos. O gás natural representa menos de 6% da produção de energia do país, de acordo com dados oficiais da Administração Nacional de Energia da China.

No artigo, outro pesquisador, do Chinese Academy of Social Sciences, think tank afiliado ao Estado, chamou o potencial comércio de vendas de gás natural com os EUA de “vantajoso”, observando também que o desejo dos Estados Unidos pela Sinopec, a companhia de petróleo estatal chinesa, para que invista no petróleo americano, seria um desdobramento favorável para a China.

Atualmente, ambos os países estão negociando um plano de investimentos de US$ 7 bilhões entre empresas americanas e a Sinopec para a construção de um gasoduto no Texas e a expansão de uma instalação existente de estocagem de petróleo nas Ilhas Virgens americanas.

De fato, muitos dos 29 executivos que acompanharam Trump em Pequim são grandes atores do setor de energia dos EUA. O governador do Alaska, Bill Walker, também está negociando; o estado americano é o endereço de grandes depósitos de gás natural.

Ao mesmo tempo, o artigo enfatizou que especialistas chineses acreditam que os Estados Unidos deveriam afrouxar as restrições sobre as exportações americanas de alta tecnologia se os EUA quisessem mais avanços na questão do déficit comercial.

Os Estados Unidos provavelmente não deverão ceder nisso, porém, como o regime chinês tem feito mais consistentemente comércio na própria China, isto também dificulta para as empresas estrangeiras de alta tecnologia.

A China adotou recentemente regras de propriedade intelectual que obrigam as empresas estrangeiras a estabelecer parcerias com empresas locais, a fim de obterem mais acesso ao mercado chinês, enquanto o regime vetou o uso de produtos de empresas como Microsoft, Apple e Cisco ​​em escritórios governamentais, dando às marcas locais uma vantagem competitiva.

Em agosto, Trump assinou um memorando para investigar se as políticas comerciais da China incentivam o roubo e a transferência forçada de propriedade intelectual americana.

Um táxi passa por um ponto de Uber em frente a um shopping center em Pequim em 1º de agosto de 2016 (STR/AFP/Getty Images)
Um táxi passa por um ponto de Uber em frente a um shopping center em Pequim em 1º de agosto de 2016 (STR/AFP/Getty Images)

Quando a Uber tentou se lançar na China, por exemplo, perdeu de rivais domésticos como Didi Chuxing (‘Bi Bi Viagem’, em tradução livre). A Uber perdeu aproximadamente US$ 2 bilhões na China em dois anos. Em agosto de 2016, a Uber vendeu sua empresa chinesa para a Didi em troca de uma participação de 17,7%, ou US$ 7 bilhões.

Leia também:
De trás de negócios com China, pulsa conflito fundamental