Por Sunny Chao, Epoch Times
Durante uma coletiva de imprensa realizada após sessão do Parlamento chinês em 7 de março, o Ministério da Fazenda da China admitiu um desvio de 730 milhões de yuan (cerca de 112,2 milhões de dólares) em fundos para a “redução da pobreza” no ano passado.
Desde que assumiu o poder, o líder chinês Xi Jinping se comprometeu a erradicar completamente a pobreza na zona rural até 2020, tornando o tema uma prioridade política para evitar que a desigualdade de renda possa causar instabilidade social e caos para o regime chinês.
Cerca de 493 milhões de pessoas, correspondente a 36% da população da China, ainda vivem com 5,50 dólares por dia ou menos, segundo dados do Banco Mundial. As estatísticas oficiais do regime chinês também indicam que mais de 43 milhões de pessoas vivem atualmente com menos de 95 centavos de dólar por dia.
Liu Yongfu, diretor do Departamento do Grupo Diretivo do Conselho de Estado para a Redução da Pobreza e o Desenvolvimento, admitiu durante outra coletiva de imprensa realizada no mesmo dia que as autoridades locais e centrais tinham cometido crimes relacionados à redução da pobreza, como por exemplo a divulgação de falsa estatística apontando a redução do número de pessoas pobres.
Liu Yongfu também afirmou que as autoridades chinesas tinham investigado mais de 60 mil casos de relatórios falsos e outras condutas indevidas como o desvio de fundos, prática da qual participaram mais de 80 mil membros do Partido Comunista Chinês nos últimos cinco anos.
Tian Qizhuang, escritor independente e analista de assuntos atuais, acredita que a razão fundamental para o mau uso dos fundos é a ausência de meios para que os cidadãos chineses possam controlar como as autoridades alocam recursos.
“Quanto dinheiro do orçamento fiscal do país é reservado para a redução da pobreza? Com o que é gasto o dinheiro?”, questionou Tian Qizhuang em entrevista à rádio Sound of Hope. O órgão anticorrupção do PCC — a Comissão Central de Inspeção Disciplinar — descobriu que membros do regime desviaram fundos locais destinados à redução da pobreza.
Depois que o Ministério da Fazenda chinês anunciou que as autoridades centrais designaram 20 bilhões de yuan adicionais(aproximadamente 3,1 bilhões de dólares) ao orçamento do ano passado de 86 milhões de yuan (aproximadamente 13,6 bilhões de dólares) para a redução da pobreza, atingindo um total de 106 bilhões de yuan (aproximadamente 16,8 bilhões de dólares) em 2018, Tian Qizhuang demonstrou a preocupação de que isso só levaria a mais corrupção.
Tian Qizhuang deu o exemplo dos fundos de subsídio para casas danificadas em áreas rurais que teria sido supostamente desembolsado pelas autoridades chinesas. No entanto, algumas aldeias não receberam qualquer dinheiro por anos, o que o faz pensar que o dinheiro deve estar sendo retido por membros do PCC de diferentes níveis hierárquicos.
Embora Liu Yongfu tenha proposto reforçar o controle de como os fundos para a redução da pobreza serão utilizados, especialistas se mostraram céticos.
“Nós temos um sistema problemático. Os gastos fiscais do regime não são transparentes”, disse para a rádio Sound of Hope Ma Wenfeng, analista do jornal estatal Xinhua especializado em economia.