Por Frank Fang, Epoch Times
Supostamente, colocar dinheiro num banco deveria ser algo seguro e protegido. Mas na China, essa segurança não é garantida. Uma série de pessoas que mantinha seu dinheiro num banco na província de Shandong, seus depósitos totalizando 160 milhões de yuanes (cerca de US$ 24,8 milhões), descobriram que suas economias haviam desaparecido.
Uma das vítimas, Fu Ling (um pseudônimo), explicou que recebeu inicialmente uma ligação de um agente de confiança em outubro de 2014, informando que a divisão do distrito de Bincheng da Cooperativa de Crédito Rural de Shandong, um banco de agricultores na província de Shandong, China, estava ofereceu um “certificado de depósito ‘luz do sol'”, segundo uma reportagem de 15 de junho da mídia estatal The Paper, que revelou os detalhes de um esquema fraudulento que remonta a 2015.
Este “certificado de depósito ‘luz do sol’” não é anunciado publicamente pelo banco ou oferecido por meio do balcão do banco. Em vez disso, é oferecido por meio de um agente terceirizado, ou às vezes por um funcionário do banco, que contata, em particular, clientes interessados. Este tipo de depósito oferece uma taxa de juros de poupança maior do que a taxa anunciada publicamente pelo banco. Os bancos ofereceriam aos clientes uma parte do dinheiro a ser obtido com a taxa de juros mais alta antes do prazo de maturação do depósito. Mas o cliente precisaria depositar uma quantia mínima que geralmente é bem alta.
De acordo com a mídia chinesa, os bancos continuam a oferecer “certificados de depósito ‘luz do sol’” hoje em dia, apesar de o regulador bancário da China tê-los banido em setembro de 2014.
Fu Ling disse que já havia investido nesses depósitos em outros bancos e não encontrou qualquer problema. Então, ela reuniu 11 milhões de yuanes (cerca de US$ 1,7 milhão), o valor mínimo exigido pela Cooperativa de Crédito Rural de Shandong, de sete membros da família, incluindo seu pai e sua irmã mais nova, e depositou o montante em 16 de outubro de 2014. Ela recebeu o certificado de poupança e 600 mil yuanes (US$ 92.745), o adiantamento do “depósito ‘luz do sol'”. Ela então distribuiu o dinheiro proporcionalmente entre os membros da família.
Em 17 de outubro de 2015, quando o prazo de maturação de um ano terminou, Fu Ling foi ao banco para recuperar seu depósito. Mas em vez de conseguir o dinheiro de volta, ela foi informada por um caixa do banco que seu certificado de poupança era falso. O bancário disse a ela para entrar em contato com a polícia local, uma vez que o banco nunca recebeu seu depósito em primeiro lugar.
Descobriu-se que Fu Ling não tinha sido a única vítima do golpe bancário. Ye Xiaojun (também um pseudônimo) descobriu em 10 de outubro de 2015 que seu depósito de 4 milhões de yuanes (US$ 617.940) tinha sido sacado. Ele disse ao The Paper que viu o caixa do banco que processou inicialmente seu depósito.
Como Fu Ling, Ye Xiaojun disse que também recebeu uma ligação de um agente, e recebeu 200 mil yuanes (cerca de US$ 30.896) no dia do seu depósito. Então, ele chamou a polícia, o que levou a uma investigação.
As autoridades descobriram que um total de 27 pessoas foram enganadas, incluindo Fu Ling e Ye Xiaojun. O esquema de depósito foi criado pelo Sr. Duan, chefe de um banco comercial rural na cidade de Binzhou, em Shandong, e pelo Sr. Yang, chefe de uma companhia petrolífera local.
Yang teve dificuldade em pagar o empréstimo bancário que recebeu do banco de Duan, de modo que os dois criaram o esquema em três bancos, contando com a ajuda de outras nove pessoas, incluindo dois funcionários da Cooperativa de Crédito Rural.
Ao todo, os três bancos — o banco de Duan, a Cooperativa de Crédito Rural e a filial do Banco Comercial Rural de Boxing no condado de Caowang — arrecadaram 264 milhões de yuanes (cerca de US$ 40,8 milhões) das 27 vítimas. A polícia só conseguiu rastrear cerca de 104 milhões de yuanes (cerca de US$ 16 milhões) até o momento.
Em 5 de dezembro de 2017, o Tribunal Popular Intermediário da cidade de Binzhou sentenciou Duan e Yang a 20 anos de prisão e uma multa de 800 mil yuanes (US$ 123.700). Os nove cúmplices receberam penas de prisão de 3,5 a 17 anos. As vítimas já entraram com ações civis contra os bancos pedindo compensação financeira.
Em 7 de maio, o Tribunal Popular Intermediário de Binzhou rejeitou o caso de Ye Xiaojun contra os três bancos, citando o Artigo 139 da lei de processo penal da China, que determina que o tribunal deve recuperar o dinheiro que os réus roubaram ilegalmente das vítimas, mas o tribunal pode escolher dispensar qualquer ação civil submetida pelas vítima do réu.
No Sina Weibo, equivalente do Twitter na China, muitos internautas expressaram indignação com a decisão do tribunal no processo de Ye Xiaojun e com a incapacidade dos bancos de compensarem as vítimas.
“Mentirosos de todas as esferas da vida estão enganando abertamente as pessoas. Até lugares como bancos perderam sua credibilidade. O futuro não sugere bons presságios”, escreveu um internauta de Pequim.