Expurgar gangue de Xangai é próximo objetivo do líder chinês Xi Jinping

31/10/2017 15:01 Atualizado: 31/10/2017 17:27

Durante décadas, Xangai esteve nas mãos do ex-líder do Partido Comunista Chinês (PCC), Jiang Zemin.

Funcionários que ganharam poder por causa de seus laços com Jiang na época em que ele era chefe do Partido de Xangai ficaram conhecidos como “gangue de Xangai”.

Tendo em vista que, ao encerrar-se o 19º Congresso Nacional, Xi Jinping consolidou ainda mais seu poder, parece que essa gangue será em breve expurgada.

Em 29 de outubro, a mídia estatal anunciou que Li Qiang assumirá como secretário do Partido de Xangai — posição mais poderosa na cidade — depois que Han Zheng, que atualmente ocupa esse cargo, assumir suas funções como membro do Comitê Permanente do Politburo. Han foi promovido ao mais alto órgão de decisão do PCC durante o 19º Congresso, um conclave político quinquenal em que a liderança chinesa é reorganizada para determinar a nova geração da elite governante.

Li, com 58 anos, é um aliado próximo de Xi. Quando Xi foi secretário do Partido na província de Zhejiang, Li estava no comando de Wenzhou, uma grande cidade daquela província. Mais tarde, em 2004, Li foi promovido a secretário-geral de Zhejiang, tornando-se então braço direito de Xi.

Depois que Xi assumiu o cargo no 18º Congresso Nacional em 2012, Li foi promovido a governador da província de Zhejiang. No ano passado, Li substituiu um funcionário da facção de Jiang para se tornar secretário do Partido da província de Jiangsu, cargo mais alto desta rica província costeira que faz divisa com Xangai.

Li logo será dispensado dessa posição para permanecer no comando de Xangai. Além disso, ele agora faz parte do novo Politburo, grupo dos 25 maiores funcionários do PCC.

“Esta jogada significa que Xangai, que já foi controlada por Jiang Zemin, está agora nas mãos de Xi Jinping”, disse o experiente analista e jornalista da China, Jiang Weiping, que agora reside no Canadá.

O jornalista também prevê que mais mudanças de pessoal acontecerão em Xangai, já que a cidade está associada a funcionários leais a Jiang.

E enquanto Han, que tem laços estreitos com Jiang Zemin, foi elevado ao Comitê Permanente de elite, o jornalista acredita que remover Han da base de poder foi realmente “uma provocação ao inimigo para que saia de seu território”.

(Da esq. para dir.) Li Qiang, secretário do Partido de Xangai; Chen Min'er, secretário do Partido de Chongqing e Cai Qi, secretário do Partido de Pequim (Epoch Times)
(Da esq. para dir.) Li Qiang, secretário do Partido de Xangai; Chen Min’er, secretário do Partido de Chongqing e Cai Qi, secretário do Partido de Pequim (Epoch Times)

Com a nomeação de Li, as quatro grandes cidades controladas diretamente pelas autoridades centrais — Pequim, Xangai, Chongqing e Tianjin — estarão sob o forte comando de Xi. Assim, o secretário do Partido de Pequim é Li Qi, que trabalhou para Xi quando ambos ocuparam funções nas províncias de Fujian e Zhejiang; Chongqing é liderado por Chen Min’er, aliado a quem foi confiado governar esta cidade, que uma vez foi comandada pela facção de Jiang. Finalmente, o secretário do Partido de Tianjin é Li Hongzhong, um funcionário ligado a Jiang, mas que repetidamente expressou sua lealdade a Xi. Este é considerado por analistas políticos um exemplo claro de um renegado da facção de Jiang.

A gangue de Xangai

Jiang Zemin assegurou-se de ter aliados no poder por meio do apadrinhamento político de muitos funcionários em Xangai. Nos anos 80, quando Jiang foi secretário do Partido de Xangai, ajudou Meng Jianzhu a subir na hierarquia. Atualmente, Meng é chefe do aparelho de segurança.

Outro exemplo é Zeng Qinghong, ex-vice-presidente do PCC entre 2003 e 2008, que foi um confidente próximo de Jiang e destruiu sem piedade seus oponentes para permitir que Jiang chegasse ao poder. Ele também trabalhou ao lado de Jiang em Xangai.

Colaboraram: Luo Ya e Zhang Dun

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