Executivo sênior da AstraZeneca detido na China

A empresa farmacêutica disse aos acionistas que não acredita que a detenção esteja relacionada com um caso de fraude de grande repercussão.

Por Lily Zhou
08/11/2024 18:01 Atualizado: 08/11/2024 18:01
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

As autoridades chinesas detiveram Leon Wang, vice-presidente executivo internacional da AstraZeneca e presidente da companhia na China, conforme confirmou a empresa.

Um porta-voz da gigante farmacêutica anglo-sueca informou ao Epoch Times na quinta-feira que Wang está sob custódia. A empresa afirmou não ter detalhes sobre a investigação e não acredita que esteja relacionada a um grande caso de fraude de seguro de saúde que durou três anos e envolveu a companhia.

A detenção de Wang foi revelada uma semana após a AstraZeneca anunciar que o executivo de alto escalão, nascido na China, estava sob investigação.

Em 30 de outubro, a AstraZeneca divulgou um comunicado dizendo que Wang estava “cooperando com uma investigação em andamento conduzida pelas autoridades chinesas” e que a empresa estaria disposta a colaborar integralmente caso fosse solicitada.

Na terça-feira, a empresa chinesa de mídia financeira controlada pelo Estado, Yicai, publicou um relatório especulativo sugerindo que Wang poderia estar sendo investigado em relação ao caso de fraude, no qual cerca de 100 ex-funcionários foram condenados por alterar prontuários médicos para vender o medicamento Tagrisso, usado no tratamento de câncer de pulmão, por meio do seguro de saúde dos pacientes.

As ações da companhia despencaram mais de 8% após a publicação do relatório.

Na quarta-feira, Aradhana Sarin, diretora financeira da AstraZeneca, reuniu-se com analistas do mercado financeiro para acalmar preocupações.

A equipe de relações com investidores da empresa também fez um briefing para os acionistas sobre o assunto na quarta-feira.

Segundo a AstraZeneca, a companhia não tem conhecimento de que nenhum executivo atual ou anterior de alto escalão esteja implicado no caso de fraude.

Há, no entanto, outro caso separado relacionado à suposta importação ilegal de medicamentos oncológicos para o território chinês e à coleta inadequada de dados de pacientes. Dois executivos atuais e dois ex-executivos de alto escalão estão sendo investigados, mas a AstraZeneca afirmou não possuir mais informações.

A AstraZeneca, uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo, tem investido massivamente na China, o segundo maior mercado farmacêutico global.

A empresa informou que, no primeiro semestre de 2024, as vendas na China representaram 13% de suas vendas globais.

A AstraZeneca destacou que Mike Lai, gerente geral da companhia na China, é o responsável pelos negócios no país, que continuam operando normalmente. Lai, que assumiu o cargo de gerente geral da AstraZeneca na China em 2019 e passou a acumular responsabilidades adicionais como chefe da unidade de oncologia em janeiro de 2024, permanece no cargo.

De acordo com o relatório financeiro anual da empresa, até 2023, a AstraZeneca era a maior empresa farmacêutica da China, que se tornou o terceiro maior mercado da companhia.

Reagindo na terça-feira ao relatório que levou à queda de suas ações, a AstraZeneca declarou que, “como política”, não faz “comentários sobre especulações da mídia, incluindo aquelas relacionadas a investigações em andamento na China”.

A empresa afirmou anteriormente que continuaria “entregando nossos medicamentos que transformam vidas para pacientes na China, e nossas operações seguem em andamento.”

Analistas do Barclays disseram, em uma nota, que a venda de ações “parece extremamente exagerada” e que os níveis atuais das ações representam um “ponto de entrada muito atrativo” antes de 2025, quando se espera a divulgação de dados clínicos muito aguardados.

As investigações envolvendo a AstraZeneca coincidiram com uma série de operações e prisões de funcionários de empresas estrangeiras na China, que geraram um impacto negativo nos investidores estrangeiros.

Nos últimos anos, o regime chinês atualizou uma série de leis e regulamentações para controlar a saída de informações do país.

A japonesa Astellas Pharma afirmou em agosto que promotores chineses haviam indiciado um de seus funcionários, detido na China desde março de 2023 sob suspeita de espionagem.

A empresa americana de diligência de mercado Mintz Group foi multada em US$ 1,5 milhão após seu escritório em Pequim ser alvo de uma operação policial em maio de 2023.

Dorothy Li e Reuters contribuíram para este artigo.