Ex-presidente do Banco da China recebe sentença de pena de morte “suspensa”

Pelo menos três executivos de bancos foram envolvidos na ampla campanha anticorrupção do Partido Comunista Chinês (PCCh) neste ano.

Por Dorothy Li
28/11/2024 20:31 Atualizado: 28/11/2024 20:31
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times. 

Em 26 de novembro, um tribunal chinês condenou Liu Liange, ex-presidente do estatal Banco da China, à pena de morte com suspensão condicional, após considerá-lo culpado por aceitar subornos e conceder empréstimos de forma ilegal.

A queda de Liu se soma à crescente lista de altos executivos e banqueiros do setor financeiro de US$ 66 trilhões da China que foram apanhados na ampla campanha anticorrupção iniciada pelo líder do Partido Comunista Chinês (PCCh), Xi Jinping.

Liu foi sentenciado à morte com um indulto de dois anos pelo Tribunal Popular Intermediário de Jinan, na província oriental de Shandong, de acordo com um relatório publicado no site da Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCDI, na sigla em inglês) em 26 de novembro. O indulto foi concedido devido à “confissão verídica” de Liu, à recuperação da maior parte dos valores e bens desviados e a outros fatores, informou o principal órgão disciplinar do PCCh.

Se Liu apresentar bom comportamento nos próximos dois anos, a sentença de morte poderá ser comutada para prisão perpétua, afirmou a CCDI.

Aos 63 anos, Liu ocupou cargos de destaque em algumas das principais instituições financeiras da China, incluindo o banco central do país, o Banco Popular da China (PBOC), e o Banco de Exportação e Importação da China (EximBank), uma instituição de crédito político. Em 2019, o economista foi promovido a presidente do Banco da China, um dos quatro maiores bancos estatais do país.

Em março de 2023, o Banco da China anunciou que Liu renunciou aos cargos de presidente e secretário do Partido. Menos de duas semanas depois, a CCDI revelou que Liu estava sob investigação por suspeita de corrupção.

Em 26 de novembro, o tribunal declarou que Liu usou sua influência e autoridade no PBOC e no EximBank entre 2010 e 2023 para facilitar empréstimos, cooperações em projetos e nomeações pessoais para várias pessoas e empresas. Em troca, ele aceitou subornos no valor de mais de 121 milhões de yuans (US$ 17 milhões), de acordo com o relatório.

Liu também foi acusado de aprovar empréstimos no valor de 3,32 bilhões de yuans (US$ 458 milhões) a empresas que não atendiam aos requisitos legais, causando prejuízos de 191 milhões de yuans (US$ 26 milhões).

Liu não pôde ser contatado para comentar o caso.

A campanha anticorrupção do PCCh parece não dar sinais de desaceleração, enquanto Xi Jinping aperta o controle sobre o vasto setor financeiro do país.

No mês passado, Fan Yifei, ex-vice-governador do banco central da China, recebeu uma sentença de morte suspensa após ser considerado culpado por aceitar subornos que excederam 386 milhões de yuans (US$ 53 milhões).

Em fevereiro, um tribunal chinês condenou Tian Huiyu, ex-presidente do China Merchants Bank, à pena de morte com indulto de dois anos. Tian foi acusado de aceitar subornos, abusar do poder e cometer outros crimes.

O líder do PCCh prometeu intensificar os esforços para combater a corrupção. Em uma reunião da CCDI em janeiro, Xi pediu aos oficiais que demonstrassem “absolutamente nenhuma misericórdia” no combate ao que descreveu como uma situação de corrupção “severa e complexa”, segundo a mídia estatal Xinhua.

No entanto, observadores externos apontam que as purgas do PCCh são motivadas por um desejo de consolidar poder.

“O regime comunista conduz campanhas frequentes [anticorrupção] porque precisa centralizar o controle por meio dessas campanhas”, disse anteriormente Li Jian, comentarista de assuntos atuais da China, ao Epoch Times.