Por Mimi Nguyen Ly
O ex-ministro das Relações Exteriores, Gareth Evans, está incitando o governo australiano a tomar medidas mais ousadas contra Pequim em decorrência da detenção contínua de dois canadenses na China.
No que ele descreveu como um ato de retaliação política pelo regime comunista, Evans criticou as detenções da China como sendo “profundamente perturbadoras” e disse que o governo australiano deve agir imediatamente.
“É hora do governo australiano se juntar aos outros membros da comunidade internacional dizendo isso em um tom alto e claro”, disse Evans, segundo o Sydney Morning Herald (SMH).
Evans é um dos ministros de relações exteriores mais antigos da Austrália, no cargo de 1988 a 1996, e conhece pessoalmente um dos dois canadenses que estão detidos. Quando Evans era presidente e diretor executivo do grupo de pesquisa do International Crisis Group, seu conselheiro sênior para o nordeste da Ásia não era outro senão o próprio Michael Kovrig.
Kovrig também é um ex-diplomata canadense. Kovrig e o empresário Michael Spavor foram detidos na China, dias depois das autoridades canadenses terem prendido a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos, no Aeroporto Internacional de Vancouver, em 1º de dezembro.
As autoridades chinesas alegam que os dois homens foram acusados de representar um risco para a segurança nacional chinesa. A mídia estatal chinesa informou que os dois homens foram detidos em 10 de dezembro. Um dia antes das prisões, a China advertiu o Canadá sobre “graves consequências” caso Meng não fosse libertada imediatamente.
Os Estados Unidos estão tentando extraditar Meng para investigar alegações de que ela participou de um esquema criado para usar o sistema bancário global para fugir das sanções dos Estados Unidos impostas ao Irã.
As condições da detenção de Meng e Kovrig estão em contraste. Segundo relatos, Meng foi libertada sob fiança e está hospedada em uma de suas propriedades de luxo de vários milhões de dólares em Vancouver. Enquanto isso, Kovrig está preso em uma prisão chinesa em um local secreto, submetido a interrogatórios diários e forçado a dormir com as luzes acesas.
Sem “diplomacia silenciosa”
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, expressou preocupação com a detenção de dois cidadãos canadenses no final de 30 de dezembro, mas este fato ocorreu somente depois que um grupo de 30 acadêmicos, especialistas em política externa e ex-diplomatas enviaram uma petição a Payne solicitando a devida ação.
A declaração de Payne não foi enviada ao Canadá e a outros países pedindo que Pequim liberte imediatamente os dois homens, conforme solicitado pela petição. Evans disse que a Austrália deveria notificar publicamente o regime chinês, para libertar os dois canadenses.
“A diplomacia sempre vale a pena ser aplicada em primeiro lugar e claramente seguimos por esse caminho aqui”, disse ele ao SMH.
“É totalmente contraproducente para a credibilidade internacional de Pequim agir desta forma, chegou o momento do governo australiano apresentar essa questão de forma muito mais precisa e clara, tanto privada quanto publicamente, e explicitamente pedir a liberação imediata dos dois.”
13 canadenses já foram detidos
O governo canadense confirmou que um total de 13 cidadãos canadenses foram detidos na China desde a prisão de Meng.
“Desses, podemos confirmar que pelo menos oito foram liberados”, disse Guillaume Bérubé, porta-voz da Global Affairs Canada, por e-mail.
As tensões diplomáticas entre o Canadá e a China aumentaram desde a detenção de Meng. O governo canadense exigiu a “liberação imediata” de alguns dos cidadãos canadenses, mas não disse que há uma ligação entre as detenções dos canadenses e a prisão de Meng.
No entanto, diplomatas ocidentais baseados em Pequim e ex-diplomatas canadenses descreveram as detenções como uma represália do regime comunista da China.
Os Estados Unidos alertaram seus cidadãos em um comunicado da assessoria de viagem, em 3 de janeiro, informando que eles podem enfrentar ações arbitrárias quando viajarem para a China.
“Os cidadãos podem ser detidos sem acesso a serviços consulares dos Estados Unidos ou informações sobre seu suposto crime. Os cidadãos dos Estados Unidos podem ser submetidos a interrogatórios prolongados e detenções prolongadas por razões relacionadas à “segurança do Estado”, disse o comunicado.
O comunicado também adverte sobre o uso pela China de “proibições de saída” que proíbem cidadãos americanos de deixar o país, às vezes mantendo-os na China por anos.
De NTD.com