Por que ex-líder chinês, Jiang Zemin, não comemorou seu aniversário de 90 anos

28/08/2016 16:20 Atualizado: 28/08/2016 16:20

O zum-zum-zum online sobre Jiang Zemin enquanto ele completa 90 anos revela a terrível situação em que se encontra o ex-líder do Partido Comunista Chinês.

Nascido em 17 de agosto de 1926, Jiang Zemin, um nativo da província de Jiangsu, na costa leste da China, recebeu recentemente uma abundância de felicitações e homenagens na mídia social chinesa.

Mas os internautas chineses tiveram de recorrer a formas criativas (como acrescentar “+1S”, ou “mais um segundo”) para elogiar o nonagenário, enquanto os censores do regime excluíam mensagens com as palavras “Jiang Zemin” e “ancião” (“zhangzhe” em chinês), de acordo com o Free Weibo, um website que rastreia mensagens censuradas no Weibo. Nenhuma mídia oficial do Partido Comunista comentou sobre a data comemorativa de Jiang Zemin.

A polícia chinesa também tem estado em alerta para “fãs do sapo”, ou “hasi” em chinês, contra a organização de comemorações ou mensagens de congratulação online, de acordo com o Financial Times. “Sapo”, um apelido de Jiang Zemin, foi inspirado por sua suposta semelhança com o animal.

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A censura às comemorações do aniversário de Jiang Zemin, escreveu o Financial Times, é devido ao fato de que ele é “considerado uma ameaça política pelo atual líder Xi Jinping”, apesar dos seus 90 anos de idade.

Por meio de seus aliados políticos, Jiang Zemin continua a influenciar as questões do dia mesmo depois de renunciar a todos os títulos oficiais em 2005. Hu Jintao, o sucessor de Jiang Zemin, teve um mandato restrito e sem inspiração, porque estava constantemente limitado pela “liderança coletiva” dos aliados e asseclas de Jiang Zemin, muitos dos quais eram membros no poderoso Comitê Permanente do Politburo.

Xi Jinping tem extirpado a rede política encabeçada por Jiang Zemin e consolidado sua própria posição desde que tomou posse, em parte porque ele quer evitar o destino político de Hu Jintao.

Sob a campanha anticorrupção de Xi Jinping, vários aliados de Jiang Zemin (como Bo Xilai, um ex-membro do Politburo, Zhou Yongkang, o ex-chefe da segurança pública, e Xu Caihou, o ex-vice-presidente do Comitê Militar Central) foram julgados culpados de corrupção e purgados. Mas, em vários discursos no ano passado, Xi Jinping deu a entender que os crimes dos aliados de Jiang Zemin foram de fato políticos, na medida em que eles tinham formado “panelinhas e cabalas” para “destruir e dividir” o Partido Comunista. A corrupção, no entanto, continua a ser um dos legados mais duradouros e odiados do reinado de Jiang Zemin.

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Xi Jinping também expos no ano passado o papel de “poderoso-chefão” de Jiang Zemin. Num discurso em janeiro de 2015, Xi Jinping criticou alguns líderes do Partido Comunista de se tornarem um poder por trás do trono. Oito meses mais tarde, a mídia estatal Diário do Povo publicou um aviso editorial sobre líderes seniores do Partido que continuam a influenciar os assuntos do dia por meio de “assessores confiáveis” em posições-chave.

Em 2016, Xi Jinping parece ter lançando as bases para uma investigação formal de Jiang Zemin.

Entre março e maio, os investigadores anticorrupção realizaram uma ampla sondagem nos departamentos governamentais em Shanghai, a terra natal e base de poder de Jiang Zemin. Fontes na China disseram ao Epoch Times que Wang Qishan, o chefe da força tarefa anticorrupção, planeja desmantelar a “gangue de Shanghai” aliada de Jiang Zemin ainda este ano.

Jiang Zemin e seus dois filhos também tiveram seus movimentos restringidos, disse Zheng Enchong, um advogado de direitos humanos baseado em Shanghai, ao Epoch Times em março. Zheng Enchong, que está atualmente sob prisão domiciliar por ter mexido com elementos da “gangue de Shanghai”, afirma que sua informação veio de fontes “extremamente confiáveis” e aponta para sua maior liberdade como prova.

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Jiang Zemin não foi visto em público desde o inverno de 2015 e recentemente não enviou coroas de flores para o funeral de um ex-camarada sênior, um fato que no simbolismo do regime comunista sugere que ele está em apuros.

E no final de junho, Xi Jinping anunciou um conjunto de novos regulamentos disciplinares do Partido Comunista que torna a mais alta liderança diretamente responsável pelos atos de seus subordinados. Muitos funcionários purgados por corrupção estão diretamente associados a Jiang Zemin ou atenderam seu chamado para perseguir a disciplina espiritual do Falun Gong.

Sob as ordens de Jiang Zemin, milhares de praticantes do Falun Gong foram torturados até a morte, e centenas de milhares foram colocados em detenção, segundo o Minghui.org, um website especializado em coletar informações em primeira mão sobre a perseguição.

Investigadores estimam que os praticantes do Falun Gong têm sido a principal fonte de órgãos dos 1,5 milhão de transplantes realizados na China desde 2000. As pessoas utilizadas como fontes de órgãos são mortas no processo. A extração forçada de órgãos, sancionada pelo regime chinês, foi condenada pelo Parlamento Europeu e pelo Senado norte-americano.

Com a atenção internacional cada vez mais focada no aspecto mais depravado da campanha genocida de Jiang Zemin, e com Xi Jinping mobilizando o aparato disciplinar do Partido Comunista para derrubar a facção política de Jiang, parece que o “sapo” e seus asseclas estão com seus dias contados.