Os Estados Unidos vincularam nesta segunda-feira (25) o regime chinês a uma conspiração para realizar campanhas cibernéticas maliciosas contra infraestruturas críticas, funcionários, políticos e empresas, pelas quais sete cidadãos chineses foram acusados.
Os sete réus, com idades entre 34 e 38 anos, são acusados de fazer parte do grupo de hackers APT31, que teria passado cerca de 14 anos atacando alvos americanos e estrangeiros para promover os objetivos de espionagem econômica e de inteligência da China.
“O Departamento de Justiça não tolerará esforços do governo chinês para intimidar americanos que prestam serviços ao público, silenciar dissidentes que são protegidos pela lei dos EUA ou roubar empresas dos EUA”, disse o procurador-geral, Merrick Garland, em comunicado.
“Esse caso serve para lembrar até que ponto Pequim está disposta a ir para intimidar seus críticos”, acrescentou.
A acusação alega que os sete réus, juntamente com dezenas de agentes de inteligência, hackers e outros funcionários de apoio do Ministério de Segurança Pública da China, eram membros do grupo APT31, que operava no país e fazia parte de um programa de espionagem cibernética administrado pelo Departamento de Segurança do Estado de Hubei, localizado na cidade de Wuhan.
Desde pelo menos 2010, de acordo com o Departamento de Justiça americano, os réus conduziram campanhas globais de hacking visando dissidentes políticos dentro e fora da China, autoridades, políticos, candidatos a eleições e equipes de campanha nos EUA e em outros países, além de empresas americanas.
Algumas de suas atividades comprometeram redes, contas de e-mail e armazenamento em nuvem, entre outros, dos alvos escolhidos.
Funcionários da Casa Branca, do Departamento de Estado, do Departamento de Justiça e do Tesouro dos EUA, senadores e representantes dos partidos Republicano e Democrata foram alvos. Em alguns casos, os parceiros das vítimas também foram visados.
O Departamento de Justiça enfatizou a necessidade de os partidos políticos se protegerem contra possíveis ataques cibernéticos, dada a possibilidade de o país asiático tentar influenciar a eleição presidencial de 2024 “por meio de seu desejo de isolar os críticos da China e ampliar as divisões sociais americanas”.
O anúncio da acusação ocorre após a imposição de sanções contra dois desses sete indivíduos, Zhao Guangzong e Ni Gaobin, juntamente com a empresa Wuhan Xiaoruizhi Science and Technology, por seu papel nessas campanhas cibernéticas.
O Departamento de Estado também ofereceu uma recompensa de até US$ 10 milhões a qualquer pessoa que pudesse fornecer informações sobre o grupo de hackers e os acusados.
Os EUA não foram o único país a tomar medidas contra as campanhas cibernéticas maliciosas da China nesta segunda-feira.
O vice-primeiro-ministro britânico, Oliver Dowden, declarou no Parlamento que hackers ligados ao Estado chinês foram responsáveis por duas “campanhas cibernéticas maliciosas” que tiveram como alvo a Comissão Eleitoral e os parlamentares britânicos, e afirmou que convocaria o embaixador chinês para prestar esclarecimentos.