EUA é o mais poderoso na Ásia mas enfrenta desafio da China, diz pesquisa

Utilização da "diplomacia econômica" por parte da China para comprar influência tem sido bem sucedida na região

09/05/2018 11:03 Atualizado: 09/05/2018 11:03

Por Annie Wu, Epoch Times

Em um novo relatório que mede a dinâmica de poder dos principais protagonistas na região asiática, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, mas enfrenta desafios reais de uma China cada vez mais influente.

O Instituto Lowy, com sede na Austrália, lançou sua primeira edição do Índice de Poder Asiático, que mediu 25 países e territórios com oito indicadores de poder: recursos econômicos; capacidade militar; resiliência — capacidade de dissuadir ameaças reais ou potenciais à estabilidade do Estado —; previsões de tendências futuras para os recursos econômicos, militares e demográficos em 2030; influência diplomática; relações econômicas; redes de defesa — capacidade de aliar-se com outros países para aumentar a capacidade militar —; e influência cultural.

Os Estados Unidos ocuparam o primeiro lugar na maioria das categorias, mas ficaram atrás da China quanto a influência diplomática, relações econômicas e tendências futuras.

Influência econômica

Hervé Lemahieu, pesquisador do Instituto Lowy e diretor do Asia Power Index Project, explicou que a utilização da “diplomacia econômica” por parte da China para comprar influência tem sido bem sucedida na região. Em particular, a iniciativa chinesa de “One Belt, One Road” (Um Cinturão, Um Caminho) — através do qual o regime chinês tem firmado parceria e investido ativamente em projetos de infraestrutura em outros países — aproveitou a posição chinesa de credor e fonte-chave de assistência estrangeira na Ásia.

Entretanto, a iniciativa chinesa “Um Cinturão, Um Caminho” tem os seus riscos: um informativo recente concluiu que muitos países sócios podem quebrar em consequência do não pagamento dos empréstimos concedidos pela China.

Para estes países, à medida que se tornam mais dependentes dos chineses, os custos de se aplicar políticas econômicas independentes de Pequim — fator chave para o indicador de “resiliência” — seriam cada vez maiores. Isto pode dissuadi-los de manter tais laços comerciais com o regime chinês no futuro. “O risco é mútuo”, disse Lemahieu.

“Pequim está jogando uma grande partida na região. Se os países não cumprirem as iniciativas de ‘Um Cinturão, Um Caminho’, isso também representa perigo para a estabilidade econômica chinesa.”

Enquanto isso, os Estados Unidos “foi excluído da equação, em parte por causa de suas próprias ações”, opinou Lemahieu, citando como exemplo a saída dos Estados Unidos do Acordo de Associação Transpacífico (TPP). O presidente Donald Trump expressou em uma reunião recente com legisladores que estava considerando se unir novamente ao TPP.

Em última análise, explicou Lemahieu, os Estados Unidos “precisam de um projeto ou um papel de liderança tão comprometido com a região como ‘Um Cinturão, um Caminho’, como por exemplo direcionar mais investimento estrangeiro na Ásia e buscar acordos de livre comércio e outras iniciativas de ‘ordem baseadas em regras’ que foram bem sucedidas no passado”.

Também aconselhou os Estados Unidos a diversificarem suas relações comerciais na Ásia, uma vez que o comércio com a China representa 46% do comércio total dos norte-americanos na região. O segundo parceiro comercial mais importante dos Estados Unidos na Ásia, o Japão, representa apenas 14%, de acordo com o índice.

Relações diplomáticas

Muitos países estão preocupados que os Estados Unidos se retirem da região; o Japão, por exemplo, depende fortemente de sua aliança militar com os norte-americanos para a dissuasão nuclear, mas está preocupado com a possibilidade de que, após as conversações de desnuclearização entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, o país retire suas tropas da Península Coreana, destacou Lemahieu.

Na semana passada, Trump disse que não iria oferecer para retirar ou reduzir as tropas norte-americanas durante as negociações com o líder norte-coreano Kim Jong-un.

Preparando-se para a possibilidade de que os Estados Unidos possam não ser o primeiro poder na Ásia no futuro, a Austrália, um grande aliado dos norte-americanos, começou a fortalecer as relações com seus vizinhos na Ásia e no Pacífico, como Singapura, Japão e Indonésia.

Enquanto isso, a política da Índia “Act East” defendida pelo primeiro-ministro Narendra Modi, procura trabalhar com os principais protagonistas da Ásia para criar um contrapeso estratégico à China — o que não trouxe muitos resultados, comentou Lemahieu. A lucrativa atração econômica da China continua sendo uma prioridade para os países da região.

No entanto, Lemahieu acrescentou que, em última análise, as alianças de defesa norte-americanas na Ásia fazem com que o país seja muito superior em capacidades militares, o que é um grande problema para a China.

Os chineses têm somente um aliado na defesa, a Coreia norte, não muito confiável, porque poucos países asiáticos optaram por se alinhar com as políticas de segurança chinesas, devido em grande parte às posições agressivas da China em disputas geográficas. “A China está cercada de relações tensas com seus vizinhos”, comentou Lemahieu.

Outras categorias

Em termos de influência cultural, os Estados Unidos também estão muito à frente. O país é o destino preferencial de estudantes universitários da Ásia, atraindo cerca de meio milhão de estudantes a cada ano.

E embora a China tenha investido pesadamente na presença de sua mídia estatal no exterior, a mídia americana permanece muito mais influente. “Isso é importante para formar a opinião pública”, salientou Lemahieu.

Para que os Estados Unidos continuem liderando a economia mundial, Lemahieu explicou que o país deve continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento tecnológico (I+D), a fim de manter sua vantagem em tecnologia. “Isso é o que a América precisa para competir.”

O regime chinês foi ambicioso em suas tentativas de alcançar os Estados Unidos, empregando 1,6 milhão de pesquisadores I+D tecnológica, segundo o índice.