Por Eva Fu
Os Estados Unidos, no dia 16 de dezembro, impôs restrições comerciais e de investimento a dezenas de entidades chinesas devido ao seu papel em desenvolver armamento baseado em biotecnologia e outras inovações dos EUA para fortalecer os militares chineses e agravar suas violações aos direitos humanos.
Entre as 34 entidades chinesas que foram banidas estava a Academia de Ciências Médicas Militares – o principal instituto de pesquisa médica da China administrado pelos militares chineses – ao lado de seus 11 institutos de pesquisa, por ajudarem os militares chineses com biotecnologia, incluindo “suposto armamento de controle cerebral”, declarou o departamento sem entrar em detalhes sobre a tecnologia.
Em 2018, a Academia de Ciências Médicas Militares solicitou uma patente para tecnologia de coleta e processamento de sinais cerebrais, de acordo com um repositório de patentes online.
O Institute of Radiation, junto com a Radiation Medicine, uma de suas subsidiárias listadas, publicou um artigo em chinês em 2012 discutindo como estabelecer um banco de dados sobre os efeitos comportamentais das “armas de assalto para controle cerebral”.
Restrições comerciais também foram impostas à HMN Technologies, anteriormente uma empresa da provedora de telecomunicações chinesa Huawei, com o nome Huawei Marine, assim como a Jiangsu Hengtong OpticElectric, a Shanghai Aoshi Control Technology Co. e a Zhongtian Technology Submarine Cable, por seu papel na aquisição de itens dos EUA para modernização dos militares chineses.
Essas empresas foram colocadas na “lista de entidades”, o que impede as empresas americanas de realizar negócios com elas sem uma licença especial.
“A busca científica por biotecnologia e inovação médica pode salvar vidas. Infelizmente, a RPC [República Popular da China] está escolhendo usar essas tecnologias para buscar o controle sobre seu povo e a repressão de membros de grupos étnicos e religiosos minoritários”, afirmou a secretária de Comércio, Gina Raimondo, em um comunicado no dia 16 de dezembro.
“Não podemos permitir que commodities, tecnologias e softwares dos EUA que apoiem a ciência médica e a inovação biotécnica sejam desviados para usos contrários à segurança nacional dos EUA.”
As restrições comerciais seguiram uma proibição de investimentos dos EUA na semana passada para a empresa chinesa de inteligência artificial, SenseTime, após ser descoberto que sua subsidiária havia desenvolvido um programa de reconhecimento facial voltado para os uigures étnicos em Xinjiang, onde Pequim está conduzindo uma ampla campanha de repressão.
O Departamento do Tesouro posteriormente, em 16 de dezembro, proibiu o investimento dos EUA em oito empresas chinesas de tecnologia: Cloudwalk Technology Co., Ltd.; Dawning Information Industry Co., Ltd.; Leon Technology Company Limited; Megvii Technology Limited; Netposa Technologies Limited; SZ DJI Technology Co., Ltd.; Xiamen Meiya Pico Information Co., Ltd.; e Yitu Limited. Ele os acusou de apoiar Pequim na vigilância biométrica e rastreamento de muçulmanos uigures e outras minorias religiosas na China.
O desenvolvedor de software Cloudwalk Technology, com sede em Guangzhou, afirma o Departamento do Tesouro, desenvolveu um software de reconhecimento facial para rastrear grupos étnicos minoritários, como tibetanos e uigures, e alertar as autoridades sobre qualquer grande concentração em um determinado local. A empresa também realizou um acordo com o governo do Zimbábue para construir uma rede de vigilância em massa no país, que forneceria imagens da rede para melhorar o reconhecimento do software da pigmentação da pele.
Meiya Pico, uma empresa forense de dados digitais com sede na província costeira de Fujian, na China, desenvolveu um aplicativo móvel para extrair imagens, dados de localização, áudio e mensagens dos celulares dos residentes, de acordo com um relatório do Australian Strategic Policy Institute (ASPI). A empresa também ajudou a criar uma ferramenta para transcrever e traduzir o idioma uigur, permitindo que as autoridades de Xinjiang examinassem os dispositivos dos locais em busca de conteúdo proibido.
Em 2018, as autoridades ordenaram aos residentes de Xinjiang que instalassem o software de vigilância da Meiya em seus computadores para monitorar suas atividades, afirmou o Departamento do Tesouro. O relatório da ASPI também descobriu que Meiya Pico forneceu treinamento para a Interpol e vendeu equipamento móvel de hacking para os militares russos.
Todas as oito empresas já constam da lista de entidades do Departamento de Comércio.
A maioria das 37 entidades sob a proibição do Departamento de Comércio, em 16 de dezembro, está sediada na China. Uma rede de entidades da China, bem como da Geórgia, Malásia e Turquia também foi adicionada à lista negra de comércio por “desviar ou tentar desviar itens dos EUA para programas militares do Irã”, de acordo com o Departamento de Comércio.
A HMN Technologies, uma das empresas chinesas sancionadas, foi vendida pela Huawei para uma empresa listada em Xangai em 2019, logo após a própria Huawei ser incluída na lista de entidades. A medida teve como objetivo libertar os negócios de cabo submarino da Huawei das restrições dos EUA, afirmaram analistas na época.
Washington tem soado alarmes sobre cabos submarinos construídos na China devido a preocupações de que possam ser usados por Pequim para sabotar comunicações globais e espionagem. Um projeto liderado pelo Banco Mundial para construir um cabo conectando três nações das Ilhas do Pacífico foi supostamente cancelado em junho, após os Estados Unidos alertarem que o envolvimento da HMN Technologies no projeto criava uma ameaça à segurança.
Um relatório vazado, obtido pelo Epoch Times em 2018, mostra que o regime chinês pode estar interceptando comunicações de cabos submarinos, criando um risco para todos os dados de telefone e internet transferidos por meio de redes na região da Ásia-Pacífico.
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