EUA alertam sobre aumento de arsenais nucleares na China, Rússia e Coreia do Norte

08/02/2018 13:45 Atualizado: 08/02/2018 13:45

A Coreia do Norte pode estar a poucos meses de atacar os Estados Unidos com um míssil balístico nuclear, e seu programa de armas nucleares deve ser interrompido, disse um alto funcionário diplomático norte-americano na terça-feira (6).

O embaixador norte-americano para o desarmamento, Robert Wood, ao falar na Conferência de Desarmamento patrocinada pelos Estados Unidos em Genebra, também advertiu que os arsenais da China e da Rússia estão se expandindo.

“Rússia, China e Coreia do Norte estão aumentando suas reservas, aumentando a importância das armas nucleares em suas estratégias de segurança e, em alguns casos, buscando o desenvolvimento de novas capacidades nucleares para ameaçar outras nações pacíficas”, disse Wood.

Foto publicada em 30 de novembro de 2017 pela Agência de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) mostra o lançamento do míssil Hwasong-15 com capacidade para alcançar todo o território dos EUA
Foto publicada em 30 de novembro de 2017 pela Agência de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) mostra o lançamento do míssil Hwasong-15 com capacidade para alcançar todo o território dos EUA

Neste contexto, em 27 de janeiro de 2017, o presidente Trump ordenou ao Departamento de Defesa uma nova Revisão da Postura Nuclear (NPR, na sigla em inglês) para garantir o uso nuclear de forma segura e efetiva, que proteja a nação, seus aliados e acima de tudo, para dissuadir os adversários.

A revisão contempla uma modernização das forças nucleares para preservar o poder nuclear dissuasivo credível.

“A Coreia do Norte acelerou sua busca provocativa por armas nucleares e capacidade de mísseis e fez ameaças explícitas de usar armas nucleares contra os Estados Unidos e seus aliados na região”, disse o embaixador Wood no fórum de Genebra.

A  “Revisão da Postura Nuclear” (NPR) dos Estados Unidos, delineada na semana passada, “reafirma que o programa nuclear ilícito da Coreia do Norte deve ser eliminado de forma completa, verificável e irreversível, o que resultará em uma Península Coreana livre de armas nucleares”, afirmou.

No caso da China, ela “também está modernizando e expandindo suas já consideráveis forças nucleares. Assim como a Rússia, a China busca capacidades nucleares completamente novas, adaptadas para atingir determinados objetivos de segurança nacional ao mesmo tempo em que moderniza seu arsenal militar, desafiando a superioridade militar tradicional dos Estados Unidos no Pacífico Ocidental”.

Rússia e China deixaram bem claro que procuram reformular substancialmente a ordem internacional pós Guerra Fria.

A Rússia demonstrou sua disposição de alterar o mapa da Europa e impor sua vontade aos vizinhos, apoiada por ameaças nucleares explícitas. A Rússia está violando o direito internacional e os compromissos políticos que afetam diretamente a segurança dos outros países.

“A ocupação da Crimeia e o apoio direto às forças lideradas pela Rússia no leste da Ucrânia violam o compromisso que assumiram no Memorando de Budapeste de 1994, de respeitar a soberania da Ucrânia”.

Presidente russo Vladimir Putin fala durante sua visita ao porto da Crimea de Sebastopol em 9 de maio de 2014. A visita de Putin à Crimeia, anexada por Moscou em março de 2017, é uma "flagrante violação" da soberania da Ucrânia, disseram as autoridades de Kiev (Yuri Kadobnov/AFP/Getty Images)
Presidente russo Vladimir Putin fala durante sua visita ao porto da Crimea de Sebastopol em 9 de maio de 2014. A visita de Putin à Crimeia, anexada por Moscou em março de 2017, é uma “flagrante violação” da soberania da Ucrânia, disseram as autoridades de Kiev (Yuri Kadobnov/AFP/Getty Images)

A China rejeitou a decisão do Tribunal Permanente de Arbitragem, que declarou que suas reivindicações marítimas no Mar da China Meridional não têm mérito e que algumas das atividades que realizam nessa área são ilegais de acordo com a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar e o direito internacional consuetudinário.

Durante décadas, os Estados Unidos lideraram o mundo em seus esforços para reduzir o papel e o número de armas nucleares.

Desde o Tratado de Redução de Armas Estratégicas de 1991 (Start), os Estados Unidos reduziram suas reservas de armas nucleares em mais de 85% desde seu ponto mais alto na Guerra Fria.

No entanto, enquanto os Estados Unidos continuaram reduzindo o número e a relevância de suas armas nucleares, outros países, incluindo Rússia e China, moveram-se na direção oposta.

Dragas chinesas trabalham na construção de ilhas artificiais em e ao redor do Recife de Mischief, nas Ilhas Spratly, Mar da China Meridional, em 2 de maio de 2015 (Marinha dos EUA)
Dragas chinesas trabalham na construção de ilhas artificiais em e ao redor do Recife de Mischief, nas Ilhas Spratly, Mar da China Meridional, em 2 de maio de 2015 (Marinha dos EUA)

Com a nova política nuclear norte-americana, serão substituídos submarinos de mísseis balísticos nucleares, bombardeiros estratégicos, mísseis nucleares lançados pelo ar, mísseis intercontinentais e todo o sistema de comando e controle nuclear associado.

Os caças bombardeiros serão modernizados com aviões de combate F-35 de última geração que apoiarão a postura de dissuasão da Otan e a capacidade de enviar e detonar armas nucleares caso a situação da segurança o exija.

“Nós não vamos enterrar a cabeça na areia, vamos responder a esses desafios crescentes”, disse ele a repórteres logo depois, de acordo com a rádio norte-americana  WTVB.

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