Por Dorothy Li
Em meio à intensa diplomacia com o Kremlin, os Estados Unidos estão alertando o regime comunista na China sobre os riscos econômicos e de segurança global representados pela agressão russa.
A medida ocorre após um alto funcionário dos EUA sugerir que os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, que começam na próxima semana, podem afetar o momento de uma possível invasão russa da Ucrânia.
Durante um telefonema com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, “transmitiu que a desescalada e a diplomacia são o caminho responsável”, de acordo com um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA, no dia 26 de janeiro. Blinken destacou a segurança global e os riscos econômicos representados por novas agressões russas contra a Ucrânia, afirmou o departamento.
A Rússia, que vem aumentando suas forças nas fronteiras da Ucrânia há meses, exigiu que a OTAN retire tropas e armas da Europa Oriental e impeça a Ucrânia de ingressar na aliança.
Embora os Estados Unidos e seus aliados da OTAN rejeitem essas posições, eles afirmam que estão prontos para discutir outros tópicos, como controle de armas e medidas de fortalecimento da confiança.
Wang, aparentemente se referindo às objeções de Moscou à expansão da OTAN na Europa Oriental, afirmou a Blinken que “a segurança regional não pode ser garantida pelo fortalecimento ou mesmo pela expansão dos blocos militares”, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do regime chinês.
Em vez de se concentrar na Ucrânia, a longa leitura do ministério afirmou que Wang requisitou a Blinken que parasse de “interferir” nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, que Wang chamou de “prioridade mais urgente”.
O Departamento de Estado não fez menção aos Jogos em sua leitura da chamada. O comunicado afirmou que os dois lados trocaram opiniões sobre como avançar no trabalho conjunto, incluindo o gerenciamento de riscos estratégicos, segurança da saúde e mudanças climáticas.
Os Estados Unidos e alguns participantes importantes, incluindo Reino Unido, Canadá e Austrália, anunciaram que não enviariam nenhuma delegação oficial aos Jogos em protesto contra as violações aos direitos humanos do regime contra os uigures na região de Xinjiang, no extremo oeste.
Embora o boicote diplomático e o crescente escrutínio do histórico de direitos humanos do regime tenham ofuscado a preparação para as Olimpíadas, o líder chinês Xi Jinping prometeu apresentar “Jogos esplêndidos ao mundo”.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que viajará a Pequim na próxima semana para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, no dia 4 de fevereiro.
No dia 26 de janeiro, a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, afirmou que os Jogos Olímpicos de Pequim podem afetar o cronograma de Putin para realizar qualquer movimentação à Ucrânia.
Se Putin escolhesse aquele momento para invadir seu vizinho, Sherman afirmou que Xi não ficaria “em êxtase”.
“Então isso pode afetar seu tempo e seu pensamento”, declarou ela durante uma conversa virtual organizada pela Yalta European Strategy.
A observação de Sherman ocorre no momento em que o regime comunista na China fortaleceu seus laços com a Rússia em meio a críticas e sanções ocidentais sobre uma série de questões, incluindo seu histórico de direitos humanos.
No dia 24 de janeiro, o Ministério das Relações Exteriores de Pequim negou uma reportagem de que Xi requisitou a Putin que não iniciasse uma invasão no meio de seu momento olímpico. Citando fontes diplomáticas não identificadas em Pequim, a Bloomberg informou que é possível que Xi tenha perguntado a Putin em um telefonema em dezembro passado, durante o qual Xi chamou Putin de “velho amigo”.
Sherman, que se reuniu com colegas russos na Europa no início deste mês, afirmou que não sabe se Putin tomou a decisão de invadir, mas que as indicações sugerem que uma invasão pode ocorrer entre agora e meados de fevereiro.
A Embaixada dos EUA na Ucrânia instou os cidadãos americanos na Ucrânia a considerarem deixar o país agora, afirmando que a situação de segurança no país era “imprevisível devido à crescente ameaça de ação militar russa”.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.
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