Por Sunny Chao, Epoch Times
É provável que a China enfrente em breve uma crise financeira uma vez que os níveis de poupança de seus cidadãos se tornaram negativos no ano passado pela primeira vez, segundo um especialista chinês em finanças.
De acordo com estimativas do Banco Central da China, entre janeiro e novembro de 2017, os investimentos em poupança aumentaram em 3,82 trilhões de yuan (608 bilhões de dólares). Comparado ao aumento de 4,54 trilhões de yuan (723 bilhões de dólares) durante o mesmo período em 2016, os depósitos em poupança diminuíram mais de 700 bilhões de yuan (115 bilhões de dólares) — uma diminuição de 15,86%.
Li Yang, ex-vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais (órgão estatal) e presidente do Instituto Nacional de Finanças e Desenvolvimento — um “think tank” localizado em Pequim — fez algumas previsões sobre o futuro da economia da China durante o Fórum Econômico de Boao realizado na ilha Hainan, na China, na metade deste mês, encontro anual de líderes governamentais, empresariais e acadêmicos de toda a Ásia.
Ao responder às perguntas de um repórter em 9 de abril, Li disse que se a taxa de crescimento negativa continuar, os cidadãos incorrerão em altos níveis de dívidas. Condições semelhantes — que levariam ao colapso de uma bolha imobiliária — haviam provocado uma crise das hipotecas subprime nos Estados Unidos no final da década de 2001 a 2010, a qual levou à Grande Recessão.
Para estimular o crescimento econômico, os responsáveis pelo planejamento central mantiveram o foco nos bens imobiliários residenciais em 2016. Sendo que as hipotecas constituíam 40,5% dos novos empréstimos bancários em 2016, os preços dos imóveis aumentaram em mais de 10%. Até o fim de 2016, o chinês médio gastou mais de 160 vezes sua renda anual para comprar um imóvel, de acordo com matéria publicada pelo Epoch Times.
Para evitar uma bolha financeira, os encarregados pelo planejamento central de Pequim procederam ao ajuste dos regulamentos para compra de imóveis e empréstimos no começo de 2017. Os bancos aumentaram as taxas de hipoteca acima das taxas de referência do Banco Central que era de 4,9%.
Devido aos altos preços dos imóveis e das taxas de empréstimos hipotecários, os cidadãos chineses tiveram que gastar grande parte de suas economias em seus investimentos em bens imobiliários.
A dívida total da China é enorme, de 2,55 vezes o seu PIB (Produto Interno Bruto), segundo informou o FMI (Fundo Monetário Internacional). Na análise de Li, quando tanto o governo como as corporações estão endividados, o fardo da dívida recai sobre os indivíduos e suas economias.
Como resultado, a macroeconomia da China pode estabilizar. Entretanto, se os três setores estão todos no vermelho, o crescimento econômico começa a depender da inflação ou das bolhas financeiras, que em última análise conduzem finalmente a uma crise financeira, comentou Li em uma entrevista para a mídia chinesa Ifeng News, publicada em 12 de abril.
“O crescimento econômico terá de depender de que o governo central [por exemplo, o Banco Central] emita mais dinheiro. Isso indica que a economia já está altamente desequilibrada”, disse Li. Com mais dinheiro em circulação, o valor da moeda cai.
Colaborou: Liu Yi