Espanha testa tratamento que reduz mortalidade em casos críticos de Covid-19

08/07/2020 14:58 Atualizado: 08/07/2020 14:58

Por EFE

Elche (Espanha), 8 jul – Um tratamento baseado em células desenvolvido e testado por pesquisadores da Espanha, mostrou em seus primeiros resultados que reduz a mortalidade de pacientes críticos com coronavírus de 85% para 15%, conforme relatado nesta quarta-feira por fontes da Universidade Miguel Hernández (UMH) em Elche, na província de Alicante, na Espanha.

O medicamento baseado em células foi testado em 13 pacientes intubados sob ventilação mecânica e demonstrou ser eficiente na melhora clínica de casos críticos de Covid-19.

Estes são os primeiros resultados do projeto BALMYS-19, co-liderado pelo professor da UMH em Elche e por um pesquisador do Instituto de Pesquisa em Saúde de Alicante (Isabial), Bernat Soria, juntamente com o professor Damián García-Olmo, da Fundación Jiménez Díaz (Universidade Autônoma de Madri). Seis outras universidades e seis hospitais espanhóis participaram do estudo.

O estudo, o maior até o momento publicado nessas condições, foi publicado na revista “The Lancet EClinicalMedicine”.

Esta terapia avançada é baseada em células-tronco com propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e imunorreguladoras, e é a primeira terapia celular para a Covid-19 desenvolvida e produzida inteiramente na Espanha, de acordo com uma declaração da UMH.

“Durante o estudo piloto, pacientes críticos com coronavírus que não responderam a tratamentos convencionais foram tratados com o medicamento celular, composto de células mesenquimais alogênicas do estroma em doses de 1 milhão de células por quilograma de peso em uma ou mais doses”, afirma o comunicado de imprensa.

Os resultados de sua aplicação em pacientes com coronavírus internados na UTI foram comparados com a evolução clínica e mortalidade de casos semelhantes.

De acordo com os resultados obtidos, o tratamento celular não produz reações adversas, mas implica uma melhora clínica e radiológica generalizada.

Também verificou-se que o medicamento não diminui a contagem de linfócitos. “De fato, os resultados apontam para o novo tratamento, aumentando a presença de linfócitos T (que atacam diretamente o vírus) e linfócitos B (que sintetizam os anticorpos)”, afirma o comunicado.

O professor Bernat Soria começou sua pesquisa sobre a aplicação de medicamentos celulares no UMH e, posteriormente, no National University Hospital, em Singapura, durante a epidemia asiática da SARS-1 em 2003, onde observou neste último caso o intenso infiltrado pulmonar nas biópsias post-mortem desses pacientes.

Ao contrário do SARS-1, na infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o quadro clínico mostra uma depressão do sistema imunológico (linfopenia), uma resposta hiperinflamatória generalizada, danos nos tecidos, hipercoagulabilidade e um intenso sofrimento pulmonar que obriga a internação força a admissão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).