Por Frank Fang, Epoch Times
A próxima geração de tecnologia de comunicações móveis sem fio conhecida como 5G é considerada fundamental para revolucionar muitos setores diferentes: transporte, saúde e manufatura, citando apenas alguns. Atualmente, os países estão disputando a liderança do 5G porque ele é visto como crítico para o crescimento econômico.
A ambição da China na corrida do 5G é claramente definida em sua política nacional. Em maio de 2015, quando Pequim divulgou pela primeira vez seu programa “Made in China 2025”, o regime informou que o programa tinha sido criado para proporcionar “avanços abrangentes na tecnologia 5G”. A ambição 5G do regime foi ressaltada novamente no 13º Plano Quinquenal (2016–2020), como sendo um apelo para “impulsionar ativamente a tecnologia 5G e a tecnologia de banda ultralarga e impulsionar a comercialização do 5G”.
Mas nos últimos dias, o governo da Índia e a maior operadora de celular da Coréia do Sul rejeitaram o uso de serviços de telecomunicações chineses para suas redes 5G.
O Departamento de Telecomunicações da Índia (DoT) anunciou que excluiu as duas principais empresas de telecomunicações da China – Huawei e ZTE – de sua lista de parceiros para o desenvolvimento de uma rede 5G no país, segundo um artigo do jornal indiano em inglês Economic Times (ET).
“Escrevemos para a Cisco, Samsung, Ericsson e Nokia, e fornecedores de serviços de telecomunicações para eles fazerem parceria conosco para iniciar testes baseados em tecnologia 5G e obter uma resposta positiva deles”, afirmou Aruna Sundararajan, secretário de telecomunicações da Índia e presidente da comissão de telecomunicações do país, em entrevista ao ET.
A Índia optou por trabalhar com praticamente todas as grandes empresas de telecomunicações do mundo do mercado 5G, exceto a chinesa: a Cisco é um conglomerado de tecnologia baseado nos Estados Unidos, enquanto a Samsung está na Coréia do Sul, a Ericsson na Suécia e a Nokia na Finlândia.
“Isso parece mais uma medida para restringir os laços do governo com fabricantes de equipamentos chineses, dada a natureza sensível das questões de segurança, especialmente depois do que aconteceu em outros países”, disse um executivo da indústria indiana, que pediu para não ser identificado. O executivo não deu mais detalhes.
Outros países levantaram suas preocupações sobre o potencial da China para realizar espionagem via equipamentos Huawei e ZTE. Em agosto, o governo australiano impediu que as empresas fornecessem equipamentos para a rede 5G planejada do país, a fim de “salvaguardar a segurança das informações e comunicações dos australianos em todos os momentos”, segundo um comunicado divulgado em 23 de agosto.
Enquanto isso, os Estados Unidos proibiram a Huawei de licitar contratos governamentais. Em maio, o Pentágono ordenou que todas as lojas nas bases militares americanas removessem os smartphones fabricados pela Huawei ou pela ZTE, para evitar comprometer a segurança dos militares dos Estados Unidos.
A Huawei tem fortes laços com o Partido Comunista Chinês (PCC). Um de seus fundadores, Ren Zhengfei, era um ex-engenheiro do exército chinês (conhecido como Exército de Libertação do Povo) e ex-representante do Congresso Nacional do Povo, o legislativo da China.
A ZTE também é considerada por especialistas e legisladores dos Estados Unidos como muito acolhedora com o regime chinês. “A Huawei e a ZTE são garras usadas para o domínio do Partido Comunista Chinês, e devemos tratá-las como tal de todas as maneiras concebíveis”, segundo Richard Fisher, pesquisador sênior do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia, um centro de estudos dos Estados Unidos.
Poucos dias antes da decisão da Índia, uma escolha semelhante foi feita na Coréia do Sul.
A SK Telecom, maior operadora de telefonia móvel da Coréia do Sul, escolheu a Samsung Electronics, Ericsson e Nokia para fornecer o equipamento necessário para sua rede 5G, segundo um artigo de 14 de setembro da agência sul-coreana Yonhap News Agency. A empresa disse que descartou a Huawei na decisão final, sem fornecer uma explicação. No início de março, o CEO da SK Telecom, Park Jung-ho, havia dito ao The Korea Herald que ele não estava certo de usar a Huawei devido a preocupações com a segurança.
Um jornal sul-coreano, a Korea Joongang Daily, disse que ainda é preciso ver quais empresas serão escolhidas pela KT e pela LG Uplus, duas outras grandes operadoras de celular sul-coreanas, para seus equipamentos 5G. Escolher a Huawei seria uma “decisão econômica”, mas viria com preocupações de segurança, concluiu a Korea Joongang Daily.
Bates Gill, professor de estudos de segurança na Ásia-Pacífico da Universidade Macquarie, em Sidney, explicou que a rede 5G é uma infra-estrutura crítica para qualquer país. Em um artigo de 3 de setembro publicado no jornal sul-coreano Korea Times, ele questionou se os sul-coreanos deveriam se preocupar com a presença da Huawei.
“O conhecimento interno da rede 5G – que seus construtores e operadores possuem – poderia não apenas fornecer acesso a informações confidenciais dentro do sistema como redes de transporte e energia, suprimentos de água, serviços financeiros e bancários, mas também poderia permitir que esses construtores e operadores interrompessem esses sistemas se eles quisessem”, disse Gill.
A associação próxima da Huawei com o regime chinês é também um ponto de preocupação, acrescentou Gill, dizendo que “o Partido Comunista Chinês tem enorme influência sobre as empresas e cidadãos chineses para obrigá-los a agir em nome dos interesses do Partido e do governo”.
“A questão chave para o governo sul-coreano é determinar se o envolvimento da Huawei irá abrir o acesso a informações altamente sensíveis e infra-estrutura crítica na Coréia do Sul”, disse Gill.