Como parte de sua estratégia de guerra entrópica, o Partido Comunista Chinês (PCCh) classifica os países de acordo com um valor empírico ou através de uma pontuação que é chamada de valor numérico do “Poder Nacional Abrangente”. O PCCh então mede empiricamente o que seria necessário para ultrapassá-los, com o objetivo de ser o número um do mundo. Isso de acordo com Cleo Pascal, membro sênior da Fundação para a Defesa das Democracias nos EUA.
*Empírico é algo que se baseia na experiência e na observação.
Durante uma entrevista para o programa americano do Epoch Times o “American Thought Leaders“, Pascal explicou a ligação entre a guerra entrópica e a pontuação do CNP e como os dois estão interligados na estratégia do PCCh para obter domínio global.
“Um estado de entropia é quando as coisas começam a desmoronar ou fragmentar e se tornar caóticas. Se você observar como o Partido Comunista Chinês conduz sua guerra política e os países alvo, parte disso é uma guerra entrópica – para chegar lá, isso nos ajuda a entender o objetivo da política externa do Partido Comunista Chinês. Um componente central disso – e vemos isso nos think tanks chineses – é o “Poder Nacional Abrangente”, disse Pascal.
Compreender o conceito da China de “Poder Nacional Abrangente” – CNP, na sigla em inglês – que foi adotado na década de 1990, é fundamental para entender a estratégia de política externa da China, disse Pascal no ano passado em seu depoimento ao Congresso americano (pdf) perante o Subcomitê de Relações Exteriores da Câmara para a Ásia, Pacífico, Ásia Central e Não Proliferação.
“Para o Partido Comunista Chinês (PCCh), o CNP é um número real”, disse Pascal ao Comitê de Relações Exteriores da Câmara antes de citar o capitão (reformado) Bernard Moreland, ex-agente da Guarda Costeira dos EUA em Pequim.
De acordo com Pascal, Moreland havia definido a pontuação de “Poder Nacional Abrangente” do PCCh como uma métrica objetiva.
Segundo Pascal, o regime do PCCh calcula uma pontuação CNP para cada nação e mede numericamente o que seria necessário para a China ser a número um em termos de “Poder Nacional Abrangente” envolvendo todos os parâmetros, incluindo econômico e militar.
“Se você tem uma mina de terras raras em seu país, mas é uma empresa chinesa que está minerando, eles contam isso como seu “Poder Nacional Abrangente”, não seu, porque isso está alimentando seus sistemas. Eles têm uma maneira completamente diferente de ver isso. Se você tem um panda no zoológico, isso significa que eles tiraram um ponto de você por conta do poder de influência deles. É muito empírico e um pouco insano”, disse Pascal a Jekielek.
“Pequim calcula e recalcula constantemente o CNP da China em relação a outras nações, da mesma forma que muitos de nós acompanhamos os números da nossa previdência privada. O [PCCh] é obcecado por projetar e calcular tudo e acredita que todos os problemas podem ser reduzidos a números e algoritmos.” Pascal citou algo dito por Moreland durante a entrevista.
“O objetivo claro e declarado da China é ser o número um no mundo em termos de “Poder Nacional Abrangente”… Em um sentido relativo, se você derrubou [outros países], você está se saindo melhor do que eles”, Paskal disse.
Segundo ela, o PCCh considera a divisão dos vários parâmetros da humanidade em valores numéricos mensuráveis como uma ‘importante força motriz e “Poder Nacional Abrangente”’ e isso funciona de uma maneira completamente diferente da abordagem americana.
“Existem duas maneiras de melhorar sua classificação relativa. Um é o típico jeito americano, onde você trabalha duro e progride. A outra é você derrubar todo mundo. E então, em um sentido relativo, se você os derrubou, está se saindo melhor do que eles”, disse ela.
De acordo com Pacal, esse conceito de “Poder Nacional Abrangente” do regime comunista chinês explica os planos de Pequim para inundar os Estados Unidos de fentanil, porque isso destrói os cidadãos americanos, suas famílias e comunidades.
“É uma verdadeira guerra entrópica criando essa fragmentação, desintegração e caos dentro de um país-alvo. Em um sentido relativo, é uma cidade no centro da América que foi atingida por gotas de fentanil. E, em um sentido relativo, a China está se saindo melhor. Isso dá uma indicação do que eles estão dispostos a fazer para promover o “Poder Nacional Abrangente”, que é usar a guerra irrestrita, que obviamente é outro termo chinês”, disse Pascal.
Em seu depoimento, Pascal lembrou ao comitê do Congresso que Moreland analisa a pontuação do regime chinês no CNP como um “objetivo em si” e que a busca desse objetivo justifica praticamente qualquer coisa para o PCCh.
Ela disse em um artigo publicado no Sunday Guardian no início deste ano que o PCC está atuando em vários estágios de guerra entrópica nas Maldivas, Nepal e Sri Lanka, e isso está se espalhando muito rapidamente no Pacífico.
‘Cooptação de elite’
Pascal disse a Jekielek que antes de usar a opção de guerra irrestrita para travar uma guerra entrópica para desintegrar e enfraquecer suas nações-alvo, o Partido Comunista Chinês trabalha para cooptar as elites dessas nações.
“Eles olham para um país e se podem fazer uma cooptação de elite, preferem fazer isso. Eles podem conquistar o país apenas através da elite. Se eles não podem fazer isso, eles usam a guerra irrestrita para travar uma guerra entrópica para desintegrar e enfraquecer essas sociedades, de modo que a resistência ao comportamento coercitivo chinês seja diminuída”, disse Pascal.
Com essa estratégia, o PCCh tende a identificar um líder autoritário e depois apoiá-lo porque isso funciona a seu favor durante uma guerra entrópica ou civil, acrescentou ela.
“Um líder autoritário tem uma vantagem, especialmente se for apoiado por ativos e informações da RPC [República Popular da China]. Eles também tendem a ser afastados da esfera ocidental. Os americanos não querem lidar com algum líder proto-autoritário. O líder fica com ainda menos opções e, portanto, eles estão ainda mais próximos da China”, disse Pascal.
Segundo Pascal, essa estratégia foi usada nas Ilhas Salomão, uma das nações insulares do Pacífico que mudou suas relações diplomáticas de Taiwan para o PCC em 2019. A nação insular, com uma população de apenas 700.000 habitantes, é geoestrategicamente indispensável para os Estados Unidos, mas atualmente está mais próxima da China, com a qual assinou um amplo acordo de segurança em abril deste ano.
Ela comparou a estratégia chinesa com o que os britânicos coloniais estavam fazendo no século XIX.
“Dividir e conquistar para estabelecer um governo colonial. Isso é mais como um modelo, porque esse é o jogo final que Pequim deseja estabelecer. Você pode vê-lo em um lugar como as Ilhas Salomão ”, disse Pascal, acrescentando que toda a ideia é estabelecer um estado imperial de vassalos com o resto do mundo pagando tributos a ele.
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