Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A China e a Rússia reforçaram publicamente sua aliança quando seus principais oficiais de defesa se reuniram em Pequim, rejeitando a pressão dos EUA antes de uma reunião esperada entre os líderes dos dois países na Rússia na próxima semana.
O ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, se encontrou em 15 de outubro com Zhang Youxia, vice-presidente da Comissão Militar Central do Partido Comunista Chinês, principal órgão de tomada de decisões militares, presidido por Xi Jinping.
Belousov disse a Zhang que a Rússia e a China “compartilham as mesmas visões, a mesma avaliação da situação atual e o mesmo entendimento das medidas” que precisam tomar juntas, de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa russo.
Ele descreveu as discussões com o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, no dia anterior, como “muito frutíferas”.
Graças aos esforços de Xi e do líder russo, Vladimir Putin, os dois países desenvolveram uma “parceria estratégica”, disse Belousov, sem especificar.
“Nossa tarefa é fortalecê-la e desenvolvê-la”, acrescentou.
Em resposta, Zhang afirmou que a relação sino-russa atingiu “um nível histórico” e “continua a se desenvolver de maneira saudável e estável”, segundo o comunicado chinês.
Zhang pediu que ambos os lados aprofundem as relações militares e “protejam suas respectivas soberanias nacionais, segurança e interesses de desenvolvimento”.
Putin e Xi declararam uma parceria “sem limites” em fevereiro de 2022, menos de três semanas antes de Putin ordenar a invasão da Ucrânia. Os dois líderes emitiram um documento conjunto de 5.000 palavras, no qual a Rússia apoiava as reivindicações territoriais da China sobre Taiwan, e a China se posicionava contra a expansão da OTAN, um dos principais motivos para a invasão.
Desde então, Pequim tem evitado criticar publicamente as ações de Moscou e expandiu seu comércio com a Rússia, alcançando um volume total de US$ 240 bilhões no ano passado, oferecendo a Moscou um apoio vital diante das sanções ocidentais.
A visita de Belousov à China ocorreu em meio aos jogos de guerra da China contra Taiwan. No dia 14 de outubro, quando Belousov desembarcou em Pequim, o exército chinês lançou mais um exercício militar em grande escala cercando Taiwan. Pequim disse que o exercício, envolvendo seu exército, marinha, força aérea e forças de foguetes, foi um forte aviso contra o que chamou de “ação separatista” de forças independentes em Taiwan, atraindo condenação dos EUA, União Europeia, Reino Unido e Japão.
No mesmo dia, a marinha chinesa também realizou um exercício conjunto com sua contraparte russa no noroeste do Oceano Pacífico, onde participaram de “exercícios de combate com fogo prático”, de acordo com o Ministério da Defesa russo.
A visita do principal oficial de defesa russo também antecedeu uma possível reunião entre Putin e Xi na Rússia na próxima semana.
Xi aceitou o convite para participar da cúpula do bloco BRICS, marcada para Kazan, na Rússia, como informou o principal diplomata chinês, Wang Yi, a Putin, segundo o Kremlin em um encontro em 12 de setembro. O comunicado chinês não mencionou esse detalhe. A cúpula do BRICS deste ano está prevista para começar em 22 de outubro.
Em 16 de outubro, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, reiterou o caloroso acolhimento à próxima visita de Xi.
“Na próxima semana, nossos líderes se encontrarão na cúpula do BRICS em Kazan”, disse Mishustin ao seu homólogo chinês, conforme o comunicado russo. “E, é claro, esperamos nosso amigo, o Sr. Xi Jinping.”
Em resposta, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reafirmou o vínculo entre as duas nações e prometeu defender os interesses específicos de nações autocráticas.
“[China e Rússia] permanecem firmes uma ao lado da outra em questões que afetam nossos interesses fundamentais”, disse Li a Mishustin, de acordo com o resumo da reunião publicado pelo Ministério das Relações Exteriores da China. “Nossa cooperação estratégica é eficaz e nossa cooperação prática continua a crescer.”
O regime chinês indicou que não deixará de ajudar os esforços de guerra da Rússia após os EUA imporem sanções abrangentes a quase 400 entidades e indivíduos de mais de uma dúzia de jurisdições, incluindo a China.
Durante uma reunião com o principal diplomata chinês, Wang Yi, em setembro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou “grande preocupação” com o apoio de Pequim à base industrial da Rússia enquanto Putin prosseguia com a invasão.
Segundo Blinken, 70% das ferramentas de máquinas da Rússia e 90% das importações de microeletrônicos vêm da China.
“Nosso objetivo não é separar a Rússia da China”, disse Blinken aos repórteres após o encontro em Nova York. “A relação deles é problema deles. Mas, na medida em que essa relação envolve fornecer à Rússia o que ela precisa para continuar essa guerra, isso é um problema — é um problema para nós e para muitos outros países, especialmente na Europa, porque, no momento, a Rússia representa a maior ameaça, não apenas para a segurança da Ucrânia, mas para a segurança europeia desde o fim da Guerra Fria.”