Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
As redes de desinformação do regime comunista chinês nas mídias sociais estão usando contas falsas para se passar por americanos, denegrir candidatos dos EUA e disseminar mensagens divisivas antes da eleição presidencial de novembro nos Estados Unidos, segundo um relatório de 3 de setembro da empresa de inteligência de Nova York Graphika.
A operação de influência nas redes sociais faz parte da campanha de desinformação do regime chinês, que os analistas apelidaram de “Spamouflage” ou “Dragonbridge”.
A campanha do Partido Comunista Chinês (PCCh) tem sido monitorada pela Graphika desde 2019 e é conhecida por espalhar grandes quantidades de conteúdo não relacionado junto com desinformação, de acordo com os pesquisadores. Ela está ativa em mais de 40 plataformas online, “onde utiliza contas inautênticas para semear e amplificar vídeos e desenhos animados que promovem narrativas pró-China e antiocidentais”, segundo o relatório.
À medida que a eleição nos EUA se aproxima, o Spamouflage aumentou o uso de personagens online falsos que “se passam por eleitores americanos ou usuários de mídias sociais baseados nos EUA”, disseram os pesquisadores.
A empresa encontrou 15 contas do Spamouflage na plataforma X e uma no TikTok. As contas se passam por “cidadãos americanos e/ou defensores da paz, direitos humanos e integridade da informação focados nos EUA, frustrados com a política americana e o Ocidente”, segundo o relatório.
Um dos usuários falsos tinha contas no TikTok e X, além de uma conta desativada no Instagram e um canal no YouTube, revelou a pesquisa.
“Essa atividade é apenas uma fração da rede maior do Spamouflage, mas é distinta do uso típico de contas inautênticas de baixa qualidade com personagens genéricos e pouco desenvolvidos”, de acordo com o relatório.
Jack Stubbs, diretor de inteligência da Graphika, disse que o Spamouflage é “uma das maiores operações encobertas de influência online do mundo — uma operação conduzida por atores estatais chineses — [e] tornou-se mais agressiva em seus esforços para infiltrar e influenciar as conversas políticas nos EUA antes da eleição.”
Os pesquisadores disseram no relatório que, antes da eleição presidencial dos EUA em 2024, essas contas falsas que imitam americanos estão focadas em tópicos políticos divisivos, incluindo controle de armas, questões raciais, moradores de rua e a guerra de Israel em Gaza.
As contas “semearam e amplificaram conteúdo que denigre candidatos democratas e republicanos”, constatou o relatório.
“Isso mostra que as operações de influência da China visando os EUA estão evoluindo, envolvendo comportamentos enganosos mais avançados e visando diretamente essas divisões orgânicas, mas extremamente sensíveis, na sociedade”, disse Stubbs.
Campanha visa “intensificar a confrontação”
Tseng Yisuo, pesquisador associado da divisão de segurança cibernética e tomada de decisões do Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional e Segurança em Taiwan, disse ao Epoch Times em 4 de setembro que “o PCCh não necessariamente apoia um partido ou candidato específico, mas visa tanto os campos republicano quanto democrata por meio de operações de influência, incitamento e criação de divisão [na sociedade].”
Ele afirmou que o objetivo final do PCCh é “minar a confiança das pessoas dos países democráticos em seu sistema democrático e na governança dos governos democráticos, fazendo com que percam a confiança na democracia.”
O general aposentado taiwanês Yu Tsung-chi, consultor da Associação Republicana de Formosa, disse ao Epoch Times em 4 de setembro que, independentemente de os democratas ou republicanos assumirem o poder, os EUA adotarão uma postura mais dura em relação ao PCCh.
“O consenso entre os dois partidos no Congresso é que o PCCh é a principal ameaça aos Estados Unidos, substituindo a Rússia”, disse ele.
“Portanto, o exército cibernético do PCCh agora infiltrará tanto os campos democrata quanto republicano para agitar as coisas e atacar o outro partido. O objetivo é intensificar a confrontação entre os dois partidos. Quanto mais divididos os Estados Unidos se tornarem, mais fraco será seu poder.”
Yu disse que o PCCh está tentando interferir na eleição dos EUA porque “se houver conflito interno após a eleição presidencial dos EUA, ou até derramamento de sangue, isso paralisará o Congresso. Então, será o melhor momento para o PCCh realizar agressões militares no exterior. Isso porque sabe que, uma vez que os Estados Unidos entrem em conflito interno, não terão capacidade de apoiar outras regiões.”
Combatendo a campanha de desinformação do PCCh
A Meta, empresa controladora do Facebook e Instagram, afirmou que removeu atividades do Spamouflage de suas plataformas. A empresa disse em um relatório no ano passado que identificou que o Spamouflage era apoiado pelas agências de segurança do regime chinês.
“Nossa investigação encontrou vínculos com indivíduos associados às forças de segurança chinesas. Também conseguimos vincular essa rede à chamada operação ‘Spamouflage’ e seus muitos clusters separados de atividades spam que a Meta e nossos parceiros vêm derrubando desde 2019″, disse a empresa.
O X suspendeu várias das contas ligadas ao Spamouflage. O TikTok também removeu contas ligadas à rede Spamouflage.
Em um relatório sobre interferência eleitoral divulgado em julho, o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA disse que a China estava “abordando esta eleição presidencial dos EUA com mais cautela … e provavelmente não planeja influenciar o resultado”. No entanto, o escritório afirmou que estava “acompanhando os esforços para influenciar o público americano de forma mais ampla”.
Yu disse que os EUA esperam restringir a influência de plataformas de mídia social como o TikTok por meio de legislação, mas que “as práticas dos países totalitários mudam com as contramedidas dos países democráticos, tornando difícil para os países democráticos se defenderem”.
Ele afirmou que os países democráticos têm suas vantagens, “ou seja, a informação flui completamente livre, e todo tipo de desinformação pode ser exposta pela verdade. Portanto, os países democráticos devem limitar essa desinformação restaurando a verdade o mais rápido possível.”
Tseng disse que os EUA deveriam divulgar mais informações publicamente sobre esse tipo de operação do PCCh para que “não apenas as agências de segurança nacional, mas também o público, possam estar mais atentos a isso.”
Luo Ya e a Reuters contribuíram para este relatório.