Disney+ de Hong Kong omite episódio de ‘Simpsons’ sobre Massacre na Praça Tiananmen

PCC ordenou, em 1989, que suas tropas abrissem fogo contra ativistas pró-democracia na Praça Tiananmen

30/11/2021 12:06 Atualizado: 30/11/2021 12:06

Por Isabel Van Brugen

Um episódio de “Os Simpsons” que critica a censura do Partido Comunista Chinês (PCC) parece ter sido removido da plataforma de streaming recém-lançada da Disney em Hong Kong.

A Disney+, que foi lançada em Hong Kong neste mês, apresenta todos os episódios do programa exceto a temporada 16, episódio 12, que foi transmitido pela primeira vez em 2005 e faz referência ao massacre do PCC em 1989 na Praça Tiananmen.

Os eventos de 3 e 4 de junho de 1989 viram potencialmente centenas ou mesmo milhares de vidas inocentes perdidas após o PCC ordenar que suas tropas abrissem fogo contra ativistas pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim.

O episódio omitido mostra a família Simpson visitando Pequim e o corpo embalsamado do ex-líder Mao Tsé-Tung, a quem Homer Simpson chama de “um anjinho que matou 50 milhões de pessoas”.

Os fãs do programa notaram rapidamente que a Disney+ pula do episódio 11 para o 13, perdendo o episódio intitulado “Goo Goo Gai Pan”, que apresenta uma piada em cartaz na Praça Tiananmen escrito “neste local, em 1989, nada aconteceu”.

De acordo com a Hong Kong Free Press, os telespectadores podem acessar o episódio quando habilitam ferramentas de evasão de VPN.

O Gabinete da Autoridade de Comunicações de Hong Kong se recusou a comentar o assunto, e a Disney ainda não respondeu ao pedido de comentário pelo Epoch Times.

O evento surge em meio a preocupações crescentes quanto à censura em Hong Kong. Em junho de 2020, Pequim impôs sua ampla lei de segurança nacional, que estipula que os infratores, se condenados, podem ser condenados à prisão perpétua. A lei entrega à Pequim um grande poder para alvejar indivíduos em qualquer ato de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Em 15 de setembro, nove ativistas pró-democracia de Hong Kong foram condenados a penas de prisão que variam de seis a 10 anos, após serem culpados de participar de uma vigília à luz de velas em 2020 para relembrar o Massacre da Praça Tiananmen.

Outras três pessoas receberam penas suspensas pela mesma acusação de terem participado da assembleia não autorizada no Victoria Park da cidade, no dia 4 de junho de 2020.

O evento, normalmente anual, foi proibido em 2020 e 2021 pela polícia de Hong Kong, que citou preocupações sobre a disseminação do vírus do PCC, entretanto, milhares de habitantes de Hong Kong desafiaram a proibição no ano passado para se reunirem para a vigília.

Os participantes seguram velas enquanto participam de uma vigília memorial no Victoria Park em Hong Kong, em 4 de junho de 2020 (Anthony Kwan / Getty Images)
Os participantes seguram velas enquanto participam de uma vigília memorial no Victoria Park em Hong Kong, em 4 de junho de 2020 (Anthony Kwan / Getty Images)

 

A vigília à luz de velas de Hong Kong é organizada anualmente desde 1990 pela Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos Democráticos da China. É conhecida por ser a única reunião pública em grande escala em solo chinês em memória ao Massacre da Praça Tiananmen, e é tradicionalmente a maior vigília desse tipo no mundo.

Mais recentemente, em outubro, a Universidade de Hong Kong (HKU) — a universidade pública mais antiga de Hong Kong — ordenou a remoção de uma estátua de seu campus que celebra a memória das vítimas do Massacre da Praça Tiananmen em 1989. 

Mimi Nguyen Ly contribuiu para esta reportagem.

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