Diretor de prisão com passado sombrio é purgado em campanha anticorrupção na China

06/12/2017 17:47 Atualizado: 06/12/2017 19:09

Um funcionário provincial responsável pela perseguição à prática espiritual do Falun Gong foi demitido na semana passada.

Em 1º de dezembro, a agência de vigilância anticorrupção da província de Hubei anunciou que Cheng Ying, o vice-diretor da Comissão de Assuntos Sociais e Jurídicos, parte da Conferência Consultiva Política do Povo de Hubei, foi submetido a “shuanggui“, um interrogatório severo dos membros do Partido Comunista Chinês (PCC) que no mínimo resulta na sua expulsão do Partido e na destituição de seus cargos públicos. Em seguida, seu caso é encaminhado para processamento no sistema judicial da China.

A maioria dos crimes que a agência de vigilância do regime o acusou de cometer ocorreu durante seu tempo como diretor do Departamento de Administração Prisional da província: aceitação de subornos e omissão em impedir violações frequentes da disciplina do Partido dentro do sistema prisional.

A queda de Cheng Ying pode parecer procedimento de rotina da campanha de combate à corrupção em curso liderada pelo líder chinês Xi Jinping para erradicar elementos podres no regime. No entanto, ao punir Cheng, as autoridades chinesas não abordaram alguns dos seus crimes mais graves: sua responsabilidade pela perseguição aos praticantes do Falun Gong encarcerados nas prisões de Hubei, que se tornaram prisioneiros de consciência apenas por permanecerem fiéis à sua fé.

Cheng Ying teve uma longa carreira política em Hubei, localizada no nordeste da China. Ele começou na cidade de Xianyang, na província de Hubei, trabalhando como vice-diretor do escritório local do Partido em 1985. Em dezembro de 2008, ele começou a trabalhar para as autoridades provinciais de Hubei, quando, além de ser diretor de prisão, ele também era o vice-secretário do Partido e vice-diretor do Departamento de Justiça da província.

O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma antiga disciplina espiritual chinesa com exercícios meditativos e ensinamentos morais. A prática cresceu rapidamente em popularidade durante a década de 1990. Em 1999, uma estimativa oficial calculou o número de adeptos em 70 milhões, enquanto os praticantes do Falun Gong dizem que 100 milhões haviam adotado a prática.

Então, o líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, ficou amedrontado que os ensinamentos do Falun Gong se tornassem mais atraentes do que a própria ideologia do Partido e ordenou uma perseguição nacional ao grupo a partir de 20 de julho de 1999. Desde então, milhões de adeptos foram submetidos à tortura, detenção, lavagem cerebral e trabalho forçado, de acordo com o Centro de Informação do Falun Dafa. Pesquisadores também descobriram após anos de extensa investigação que os praticantes do Falun Gong são a principal fonte de órgãos que abastece a enorme indústria de transplantes da China.

A Organização Mundial para Investigar da Persecução ao Falun Gong (WOIPFG), uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York, identificou Cheng Ying por seu papel na perseguição.

A investigação da WOIPFG informou que a Prisão de Fanjiatai, no condado de Shayang, no centro-oeste da província de Hubei, era um campo de concentração para detenção dos adeptos do Falun Gong. Desde o estabelecimento da prisão em 2002, a instalação manteve ilegalmente mais de 200 adeptos que frequentemente enfrentavam tortura e lavagem cerebral, enquanto alguns foram injetados à força com drogas desconhecidas.

De acordo com o Minghui.org, um website baseado nos EUA que monitora a perseguição na China, Li Yuankai, um praticante do Falun Gong, foi severamente espancado e trancado em solitária em março de 2012. Mais tarde no mesmo mês, os guardas da prisão usaram bastões elétricos para espancar e eletrocutar o praticante Cheng Zipeng. Em seguida, ele foi jogado numa solitária por dois meses.

Em outro centro de detenção de Hubei, a Prisão de Hongshan, Kang Youyuan, de 65 anos, também um praticante do Falun Gong, atualmente está cumprindo uma sentença de três anos desde outubro de 2014, após ser considerado culpado por possuir dinheiro chinês com as palavras “Falun Dafa é bom” escritas nas notas.

Em setembro de 2009, Zheng Yuling, de 57 anos, uma praticante que trabalhou no escritório do governo municipal da cidade de Chibi, em Hubei, morreu no Campo de Trabalhos para Mulheres de Hubei depois de ter sido submetida à lavagem cerebral e tortura física por um mês. De acordo com o Minghui.org, seu marido disse que seu nariz estava desfigurado e havia várias marcas de agulha em suas mãos.

Wu Shunfa, o braço-direito de Cheng Ying, foi o vice-diretor do Departamento de Administração Prisional. Wu Shunfa também foi submetido a “shuanggui” em julho, de acordo com o Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), a agência central do regime para controle anticorrupção na China. Entre sua longa lista de crimes, ele foi considerado culpado de aceitar subornos de um criminoso para ajudá-lo a obter liberdade condicional antes do permitido.

Wu Shunfa também esteve envolvido na perseguição ao Falun Gong. Chu Yuan Groups, um conglomerado estabelecido pelo Departamento de Administração Prisional de Hubei, de acordo com o website oficial da agência, listou Wu Shunfa como gerente-geral da empresa a partir de maio de 2012. O Minghui.org descobriu que a empresa, que atua em diversos setores, como o óleo de algodão, design de construção e serviços trabalhistas, contratou prisioneiros em Hubei para trabalho, incluindo adeptos do Falun Gong que foram forçados a trabalhar longas horas sem remuneração, polindo joias de jade e produzindo pauzinhos descartáveis sem condições adequadas de higiene.

O tratamento do caso de Cheng Ying segue um padrão que se desenvolveu na campanha anticorrupção de Xi Jinping: os responsáveis ​​pela perseguição ao Falun Gong são sempre derrubados por outros crimes. Por exemplo, Zhou Yongkang, o ex-chefe do aparato de segurança pública, uma força principal por trás da perseguição nacional, foi condenado por suborno, abuso de poder e vazamento de segredos do Estado. Li Dongsheng, o ex-chefe da Agência 610, um órgão de inteligência similar à Gestapo e criado especificamente com a função de erradicar o Falun Gong, foi condenado por suborno. Entre outros…