Por Agência EFE
Os deputados opositores de Hong Kong anunciaram uma renúncia em massa nesta quarta-feira (11), pouco após o governo local destituir quatro parlamentares da oposição depois da aprovação de uma nova lei pelo Legislativo chinês.
Os 15 parlamentares restantes – a oposição tinha 19 deputados no Conselho Legislativo de Hong Kong – anunciaram a decisão em entrevista coletiva horas antes da saída dos companheiros.
“Renunciaremos hoje aos nossos cargos porque nossos companheiros foram desqualificados pela ação implacável do governo central”, disse o coordenador da oposição, Wu Chi-wai, explicando que os 15 deputados entregarão suas cartas de demissão na quinta-feira.
Quatro deputados da oposição de Hong Kong foram hoje removidos de suas posições depois que o Legislativo chinês aprovou uma resolução que permite que o governo local remova políticos do cargo sem recorrer aos tribunais.
Os parlamentares removidos foram Alvin Yeung Ngok-kiu, Kwok Ka-ki, Dennis Kwok e Kenneth Leung, que já tinham sido vetados de concorrer às eleições legislativas antes do adiamento do pleito para setembro do ano que vem.
A agência de notícias estatal “Xinhua” informou que o Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular aprovou uma resolução mediante a qual os deputados perderão imediatamente o posto se promoverem a independência de Hong Kong, apoiarem a intervenção estrangeira em assuntos internos ou participarem de atos que coloquem em risco a segurança nacional. Minutos depois, o governo de Hong Kong anunciou os nomes dos parlamentares destituídos.
Os 19 deputados opositores no Conselho Legislativo de Hong Kong já tinham ameaçado, na segunda-feira passada, abandonar os cargos caso Pequim destituísse algum deles. A reunião do órgão foi suspensa hoje, pouco após o anúncio da resolução aprovada.
Segundo a “Xinhua”, a resolução aprovada se aplica àqueles que foram desqualificados para concorrer nas próximas eleições e também a “violações futuras”, que qualquer deputado pode cometer em relação às razões estabelecidas.
Kwok Ka-ki, um dos deputados destituídos, disse na entrevista coletiva que esta medida “é uma clara violação da Lei Básica (a miniconstituição de Hong Kong)” e de seus direitos “de participar nos assuntos públicos”, assim como uma “quebra do devido processo”.
“A partir de agora, qualquer pessoa considerada politicamente incorreta ou antipatriótica pode ser expulsa por qualquer meio”, comentou a deputada da oposição Claudia Mo.
Por sua vez, a chefe do governo local, Carrie Lam, assegurou anteriormente, em outra entrevista coletiva, que não poderia ser “permitido que os membros do Conselho Legislativo que foram considerados incapazes de cumprir com os requisitos para servir no Conselho Legislativo continuem operando”.
Em meados de julho, 12 candidatos opositores às eleições, então marcadas para dois meses depois, foram desqualificados depois que a Comissão Eleitoral local considerou suas candidaturas inválidas.
Em 31 de julho, Lam anunciou o adiamento das eleições legislativas, marcadas para 6 de setembro, por um ano, devido ao agravamento da pandemia de Covid-19.
A oposição acredita que Lam e o governo pró-Pequim usaram o novo coronavírus como desculpa para não realizar as eleições, pois as forças pró-democracia esperavam vencer após a vitória contundente obtida nas eleições distritais de novembro de 2019.
PARLAMENTO SEM OPOSIÇÃO
A renúncia em massa de todos os deputados do campo pró-democracia deixará o Parlamento da cidade apenas com membros do setor pró-Pequim, que já tinham maioria, mas agora poderão aprovar leis sem oposição.
As eleições para o Conselho Legislativo são a votação popular mais importante em Hong Kong, pois o chefe do governo não é eleito por sufrágio direto, apesar dessa ser uma das exigências mais antigas dos pró-democracia.
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