Coronavírus provoca onda de notícias falsas

04/02/2020 17:39 Atualizado: 04/02/2020 17:39

Por Sara Rodríguez – EFE

Madri, 4 fev – À medida que o número de casos de coronavírus começa a crescer fora da China, as notícias falsas sobre a epidemia se espalham mais rápido que a própria doença, provocando um perigoso efeito secundário: a xenofobia.

Enquanto isso, representantes do país onde a doença surgiu, como o encarregado de negócios da embaixada da China na Espanha, Yao Fei, tentam combater a desinformação, destacam que o coronavírus não tem passaporte e que o inimigo comum da humanidade não são os chineses, mas sim o transmissor da patologia.

Por isso, alguns fatos falsos sobre a doença precisam ser esclarecidos:

NÃO É POSSÍVEL PEGAR A DOENÇA AO ABRIR UMA CAIXA

Uma mostra do crescente alarmismo e rejeição à comunidade chinesa é a advertência, que está sendo repassada tanto no boca a boca como pelas redes sociais, sobre o perigo de abrir caixas da AliExpress, a gigante de comércio do país.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) explicou em um guia produzido para combater as falsidades que circulam sobre o coronavírus que é seguro abrir pacotes que venham da China.

“Análises prévias mostram que o coronavírus não sobrevive durante muito tempo em objetos, como cartas ou caixas”, afirmou a instituição, destacando que o vírus precisa se hospedar em um corpo vivo para sobreviver.

OPERAÇÃO NÃO CURA CORONAVÍRUS; DOENÇA NÃO CAUSA MORTE FULMINANTE

No Twitter, uma publicação que viralizou mostra um vídeo de um médico desmaiando enquanto supostamente operava um paciente que estava infectado com o coronavírus. A postagem que acompanha as imagens diz que a transmissão é imediata e causa morte fulminante.

Todas as informações são falsas. Em primeiro lugar, não é possível combater um vírus com uma cirurgia. A OMS explicou que a doença causada pelo novo coronavírus não tem um tratamento específico. Só há um protocolo para tratar os muitos dos sintomas.

Por outro lado, é certo que o principal risco é a facilidade de contágio, mas nenhum caso provocou uma morte imediata. A OMS diz que existe um “período de incubação entre dois e dez dias”. Além disso, os primeiros sintomas – febre, tosse e dificuldades respiratórias – não aparecem imediatamente.

Ao realizar uma pesquisa invertida dessas imagens, encontramos publicações de veículos chinesas que atribuem o episódio a uma crise de hipoglicemia sofrida por um médico do país enquanto realizava uma operação. Não há nenhuma relação com o coronavírus.

O “Beijing News” afirma que o médico se chama Hu Hang. Ele desmaiou no último dia 17 de janeiro enquanto operava um paciente no Hospital Popular do Condado de Zhenxiong, na província de Yunnan. A crise ocorreu, segundo a publicação, “devido à fadiga por trabalho prolongado”. Hang se recuperou rapidamente.

CRUZEIROS NÃO VETAM CIDADÃOS CHINESES

Outra postagem que está sendo divulgada pelo Twitter afirma que a “organização mundial que apoia as grandes empresas de cruzeiros” vai proibir a entrada de cidadãos chineses nas embarcações.

A mensagem não é verdadeira. Na verdade, a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA) restringiu o embarque de qualquer passageiro, não importando a nacionalidade, que tenha visitado a China continental recentemente.

A decisão foi anunciada na última quinta-feira. O comunicado da entidade explica que proibiria o acesso aos barcos de “passageiros ou membros da tripulação que tenham estado nos últimos 14 dias na China continental”, uma medida de precaução que segue recomendações da própria OMS.

Algumas rotas ou viagens foram modificadas ou canceladas de acordo com as orientações das autoridades de saúde. As empresas Costa Cruzeiro e MSC suspenderam todas as viagens que sairiam de portos chineses.