Por Annie Wu, Epoch Times
Depois que o Facebook admitiu, em 5 de junho, ter compartilhado dados de usuários com quatro empresas de tecnologia chinesa, parlamentares norte-americanos estão pressionando para que o gigante das redes sociais explique melhor essas parcerias.
As quatro empresas — e em especial a Huawei, considerada uma ameaça por agências de vigilância e segurança dos Estados Unidos — foram submetidas a escrutínio. As outras três são a fabricante de computadores Lenovo e as fabricantes de celulares Oppo e TCL.
As empresas chinesas estão entre as 60 empresas ao redor do mundo que tiveram acesso aos dados de usuários depois de ter assinado contratos com o Facebook para recriar experiências para usuários.
Mark Warner, senador democrata pela Virgínia e presidente da Comissão de Inteligência do Senado, exigiu que o Facebook publicasse mais informações sobre tal colaboração. “A notícia de que o Facebook concedeu acesso privilegiado à API [interface pública da aplicação, um conjunto de protocolos para desenvolver software] do Facebook para empresas chinesas como Huawei e TCL causa legítima preocupação”, disse Warner em uma declaração.
Enquanto isso, a Comissão de Comércio, Ciência e Transporte do Senado pressionou o Facebook para que forneça mais informações em uma carta publicada em 5 de junho.
Os líderes da Comissão de Comércio e Energia da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos demonstraram a preocupação de que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, não tenha sido totalmente sincero quando testemunhou frente ao Congresso em abril, uma vez que ele não falou sobre o relacionamento com as empresas chinesas.
“Certamente, os acordos com empresas chinesas de tecnologia e outras deveriam ter sido revelados ao Congresso e ao povo norte-americano”, disseram em uma declaração conjunta Greg Walden, republicano pelo Oregon e presidente da Comissão, e Frank Pallone, democrata por Nova Jersey.
Facebook respondeu que esses contratos são prática comum da indústria para que as pessoas possam ter acesso aos serviços do Facebook quando compram dispositivos eletrônicos.
A companhia também disse que tem controle sobre como os dados são compartilhados e que outras empresas de tecnologia possuem arranjos similares com companhias dos Estados Unidos e da China.
Francisco Varela, vice-presidente do Facebook, garantiu aos clientes em 5 de junho que as informações ficaram armazenadas nos dispositivos, e não nos servidores da empresa Huawei. Facebook está atualmente proibido na China, mas fez propostas recentes para entrar no mercado chinês.
Huawei afirmou que “como todos os fabricantes de smartphones, a Huawei trabalhou com o Facebook para tornar o serviço Facebook mais conveniente para seus usuários. Huawei nunca coletou ou guardou dados de usuários do Facebook”.
Perigos da Hawei e da Lenovo
A Huawei já constava da lista das autoridades norte-americanas. Em fevereiro, agências de inteligência dos Estados Unidos advertiram para que não se utilizassem telefones da Huawei. Depois, em abril, surgiram notícias de que promotores norte-americanos estavam investigando a empresa chinesa por causa de uma possível violação das sanções dos Estados Unidos contra o Irã. Em maio, bases militares confiscaram telefones Huawei das lojas para evitar expor oficiais militares norte-americanos. O Pentágono manifestou a preocupação de que os telefones pudessem ser usados para espionar os soldados americanos.
O Senador Marco Rubio também aprovou uma legislação que proíbe o governo dos Estados Unidos ou empresas contratadas de comprar equipamentos ou adquirir serviços da Huawei e ZTE, outra importante empresa chinesa de telecomunicações recentemente criticada por infringir termos de um acordo americano que a penalizava por uma violação anterior de sanções dos Estados Unidos.
O CEO da Huawei, Ren Zhengfei, possui laços estreitos com o exército chinês. Os detalhes foram delineados em um relatório de 2012 compilado pela Comissão Seleta Permanente de Inteligência do Congresso.
Lenovo também representa uma ameaça à segurança nacional, segundo avaliação da Tecnologia, Informação e Sistemas de Comunicações do governo federal, publicada em abril pela Comissão Revisora Econômica de Segurança, uma comissão bicameral entre China e Estados Unidos.
Lenovo, Huawei e ZTE foram mencionadas no relatório como entidades que receberam apoio financeiro do regime chinês ou que praticaram espionagem corporativa a pedido da China.
O regime chinês é acionista majoritário da Lenovo através da Legend Holdings, uma empresa de investimentos que conta, como acionista controlador, com a Academia Chinesa de Ciências, um instituto de pesquisa estatal.
De acordo com o relatório, produtos da Lenovo foram banidos por agências de inteligência nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido, conhecidos como os “cinco olhos” desde meados de 2000, depois que agências de inteligência britânicas descobriram a existência de um backdoor em produtos Lenovo.
Em 2006, quando o governo dos Estados Unidos comprou 16 mil computadores Lenovo, o Departamento de Estado determinou que os computadores só poderiam ser usados em sistemas não-confidenciais. Em seguida, em 2015, depois que a Lenovo adquiriu o ramo de servidores x86 da IBM, a Marinha norte-americana anunciou que iria substituir os servidores de seus mísseis de cruzador e destroyers “devido à preocupação de que o equipamento pudesse ser interferido durante a manutenção ou remotamente acessado pelo regime chinês”, diz o relatório.
Colaborou: Agência Reuters