De acordo com a constituição do regime chinês, seus cidadãos gozam de plena liberdade religiosa.
No entanto, políticas criadas pelo próprio Partido nos últimos anos e aplicadas nacionalmente evidenciam o objetivo de não apenas controlar as religiões, mas também modificá-las adequando-as aos princípios marxistas do regime
Analistas e ex-funcionários do governo americano disseram ao Epoch Times que isso está sendo feito por meio de uma política chamada “Sinicização” que está sendo aplicada às religiões por toda China.
“Usar a palavra ‘sinicização’ é na verdade uma fraude do PCCh”, Massimo Introvigne, sociólogo italiano de religiões, fundador do Center for Studies on New Religions e editor-chefe da Bitter Winter, uma revista online que expõe a perseguição religiosa na China, disse ao Epoch Times.
“Historiadores e missionários cunharam a palavra ‘Sinicização’ para designar a adaptação dos formatos externos de religião à cultura chinesa. Os jesuítas começaram a “sinicizar” o Cristianismo no século XVI. A palavra é usada pelo PCCh com um significado totalmente diferente. Para eles, ‘sinicização’ significa adaptar a religião ao marxismo e à ideologia do PCCh”.
Um relatório publicado em setembro pela Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) destacou a questão, descrevendo detalhadamente como o regime subverteu as religiões através desta “política religiosa coercitiva” que “transformou fundamentalmente o ambiente religioso da China”.
O relatório da USCIRF detalha alegações de que através da sinicização o partido interferiu diretamente nos assuntos religiosos, incluindo ordenando a remoção de cruzes das igrejas, destruído templos e tentando até mesmo definir quem será a reencarnação do próximo líder religioso do Budismo Tibetano.
Josh Depenbrok, gestor de relações públicas do Global Christian Relief – um instituto que denuncia a perseguição aos cristãos em todo o mundo – salienta que o objetivo do regime com esta política é aumentar o seu controle sobre os grupos religiosos.
“O objetivo da sinicização das religiões é garantir que todas as práticas, doutrinas e liderança religiosas estejam sob o controle e influência do Partido”.
A política implementada pelo regime refere-se principalmente à transformação das cinco regiões “aprovadas” pelo regime – Cristianismo Protestante, Catolicismo, Budismo, Islamismo e Taoísmo – para que, de acordo com o PCCh, se alinhem com “valores patrióticos”.
Nas conferências de 2015 e 2016, o líder chinês Xi Jinping enfatizou que as religiões deveriam ser guiadas pela sinicização para “se adaptarem à sociedade socialista”.
Introvigne salienta que o objetivo da sinicização não é alinhar as religiões com os princípios chineses, mas sim subverter as religiões, forçando-as a aderir às doutrinas marxistas do regime.
“A evidência é que existe uma campanha chamada ‘Sinicização do Taoísmo’. O Taoísmo é uma religião chinesa por excelência. Se a “sinicização” significasse adaptação à cultura chinesa, a ideia de que o taoísmo precisa da sinicização seria simplesmente ridícula. Taoísmo é cultura chinesa. Mas se a ‘sinicização’ para o PCCh significa tornar a religião totalmente subserviente ao marxismo e ao pensamento de Xi Jinping, então mesmo a ‘sinicização’ do taoísmo faz sentido”.
Registros históricos mostram que a perseguição à religião é uma constante no país desde que o Partido Comunista Chinês assumiu a liderança em 1949. Para especialistas, a sinicização traz à tona uma nova forma de destruição da fé que poderia ser usada pelo regime para encobrir a perseguição aos fiéis no país.
“Penso que a sinicização é diferente de outras perseguições porque não é um esforço aberto para acabar com a prática de algo chamado cristianismo na China, mas sim um esforço para cooptar e recriar um pseudo-cristianismo que seja palatável e sirva os interesses do Partido Comunista Chinês”, disse Todd Nettleton, apresentador da Rádio Voz dos Mártires, uma organização internacional sem fins lucrativos que defende os direitos humanos dos cristãos perseguidos, ao Epoch Times.
Nettleton disse que isto permite ao governo chinês mostrar ao mundo uma fachada de liberdade religiosa, “ao mesmo tempo que dá ao Partido controle sobre o que as pessoas aprendem nas igrejas”.
Políticas de sinicização
Para garantir que as cinco religiões “aprovadas” estejam alinhadas com os regulamentos do Partido, cada uma delas é administrada pela sua respectiva “associações religiosas patrióticas” que são controladas diretamente por órgãos do regime.
“O governo chinês usa mão pesada ao lidar com atividades religiosas. Todos os grupos religiosos devem registrar-se em organizações aprovadas pelo Estado, como o Movimento Patriótico das Três Autonomias para congregações protestantes e a Associação Católica Patriótica Chinesa para católicos, que são então supervisionadas pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida”, disse Depenbrok, do Global Christian Relief.
O Departamento de Trabalho da Frente Unida (UFWD), que tem sido um dos principais órgãos responsáveis pela implementação e supervisão da Sinicização, é um importante órgão que responde diretamente ao Comitê Central do Partido Comunista e é responsável pela administração das associações de cada uma das religiões, além de coordenar nove escritórios internos, entre eles os que lidam com assuntos étnicos e religiosos.
Em junho, um importante seminário sobre a sinicização – com a participação de líderes de assuntos religiosos de alto nível – foi realizada em Pequim, onde Shi Taifeng, chefe do UFWD e membro do Politburo do PCCh, afirmou que a sinicização da religião “é a única maneira de orientar ativamente as religiões para se adaptarem para a sociedade socialista”.
A UFWD trabalha com responsáveis do Partido em diferentes regiões e realiza reuniões com os líderes de associações patrióticas para implementar novas políticas ligadas à sinicização das religiões e para garantir que os regulamentos do Partido estão sendo seguidos.
Em fevereiro foi implementada a “Política De Gestão De Locais De Atividades Religiosas”, que visa entregar ao regime a aprovação e supervisão da abertura e administração de locais para atividades religiosas, assim como a de seus líderes religiosos, e garantir que a ideologia do partido seja integrada a todas as atividades e ensinamentos religiosos.
Depenbrok disse: “Existem camadas de restrição e supervisão para garantir que essas comunidades religiosas se alinhem com as políticas e crenças do PCCh”.
Os artigos 7.º e 9.º dos regulamentos da política do local estabelecem que, para abrir um local religioso, o líder das atividades religiosas deve “cumprir os requisitos das regras e regulamentos do grupo religioso nacional” e deve possuir um “certificado de pessoal religioso” – que só é concedido pelo governo. Isto significa que os locais de culto não podem ser abertos sem a presença de um líder que tenha sido aprovado, treinado e certificado pelo partido.
Além das diretrizes de controle, estas políticas religiosas impostas pelo PCCh colocaram grande ênfase na doutrinação política, que sob o pretexto de promover o patriotismo, promoveu a adoração ao partido, aos líderes chineses e dos seus valores de “socialismo com características chinesas”.
O Artigo 40 da nova política estipula que os locais de atividades religiosas devem estabelecer um sistema educacional para as pessoas da instituição e organizar grupos de estudo sobre conteúdos como “os princípios e políticas do Partido Comunista da China [e] os pensamentos de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para um Nova Era”.
“Se fala sobre como regime usa uma doutrinação ideológica na religião, e é claramente o que eles estão fazendo. Você tem a foto de Xi Jinping na frente da igreja, exigida pelo Estado para fazer isso. Naquela época, [revolução cultural] você tinha a imagem de Mao na frente”, disse Sam Brownback, ex-embaixador geral do Escritório de Liberdade Religiosa Internacional, ao Epoch Times.
No seu relatório, a USCIRF destacou que o PCCh ordenou a substituição de imagens de Jesus Cristo e da Virgem Maria por imagens da atual liderança chinesa, bem como a exibição de slogans do partido em locais religiosos.
“Os pastores são frequentemente pressionados ou mesmo obrigados a promover a agenda do PCCh nos seus sermões e ensinamentos, voltando o foco para a lealdade do partido e longe dos assuntos espirituais”, disse Depenbrok.
Ele acrescentou que as ações do regime servem como um lembrete de que o PCCh reivindica a supremacia sobre as religiões.
“O PCCh faz isso para garantir que as religiões estejam em conformidade com eles. É um lembrete de que, em suas mentes, sua autoridade é superior à de Jesus, Maria ou qualquer outra figura religiosa. E faz parte de um esforço mais amplo para conter o crescimento de comunidades religiosas, como igrejas domésticas, que o regime vê como uma ameaça ao seu poder”.
Diretrizes de doutrinação semelhantes também foram destacadas em julho deste ano, quando a UFWD realizou uma reunião para promover uma nova campanha chamada “Governança Estrita da Religião”.
Durante o evento, foi dito que “reforçar a orientação ideológica e política dos líderes religiosos e crentes é fundamental” e que “o apoio à comunidade religiosa deve incluir práticas educativas rigorosas… reforçar a educação ideológica e política para cultivar talentos mais patrióticos e religiosos”.
Em outubro, padres, freiras e líderes da Associação Patriótica Católica foram conduzidos no que é conhecido como “Tour Vermelho para Expressar Gratidão ao Partido”. A viagem incluiu visitas a locais que divulgam as “conquistas do partido” e sessões “patrióticas” para que a associação possa “aderir firmemente ao rumo da sinicização do catolicismo no nosso país, ouvir o partido, sentir-se grata ao partido,seguir o partido.”
Esta nova política também está sendo implementada entre os muçulmanos Hui e os budistas tibetanos.
“Os monges tibetanos no Tibete têm hasteado à força uma bandeira e cantado o hino nacional chinês antes de rezarem pela manhã”, disse Shade Dawa, pesquisador do Tibet Watch, uma organização sem fins lucrativos com sede em Londres que monitora os direitos humanos no Tibete, ao Epoch Times.
Remoção de elementos religiosos – ecos do passado
“A Revolução Cultural na China foi uma reviravolta. Foi uma repulsa à direção que o país estava tomando e foi mortal. Existem, creio, algumas semelhanças entre a situação atual com a repressão religiosa e durante a era Mao. Durante a Revolução Cultural, tivemos novamente um período de severa opressão religiosa”, disse o embaixador Brownback, comparando a atual repressão religiosa no país e o período da Revolução Cultural de 1966 a 1976, liderada pelo agora falecido líder comunista chinês, Mao Tsé-tung.
Outros também veem paralelos entre a repressão atual e passada por parte do PCCh, na medida em que transformar e destruir o patrimônio cultural é, mais uma vez, política.
Introvigne do Bitter Winter destacou que “a sinicização é, antes de tudo, visual. Elementos arquitetônicos que mostram religião aos transeuntes ou que não são ‘chineses’ são demolidos, como grandes cruzes, mega-estátuas de Buda ou Guanjin, minaretes e cúpulas de mesquitas”.
Símbolos islâmicos importantes no país foram recentemente alvo do regime, como a mesquita Shadian – um importante patrimônio para os muçulmanos Hui. Anteriormente foi demolido durante a Revolução Cultural, foi posteriormente reconstruído e teve agora a sua arquitetura remodelada.
Ruslan Yusupov, pós-doutorado na Sociedade para as Humanidades da Universidade Cornell, relatou no ano passado que as autoridades locais fecharam o local para que os seus minaretes fossem remodelados num estilo “chinês” e a sua cúpula caracteristicamente islâmica fosse demolida.
Além da religião, uma guerra contra toda a fé
Enquanto as principais religiões estão sendo subvertidas e forçadas a seguir a linha do partido, os grupos religiosos não reconhecidos pelo regime também estão sujeitos a perseguições em grande escala.
Em 2018, o Partido Comunista Chinês atualizou os seus regulamentos sobre assuntos religiosos, aumentando o controle sobre as cinco religiões “aprovadas” e reprimindo as religiões não regulamentadas.
“O objetivo dos líderes do Partido Comunista da China é o controle, e eles veem qualquer igreja em crescimento como uma ameaça direta ao seu controle”, disse Nettleton da Rádio A Voz dos Mártires.
Depenbrok disse que grupos não registrados são intimidados, perseguidos e vigiados para que o regime possa suprimir o seu culto religioso.
Os chamados “cristãos domésticos” – que adotam este nome porque se reúnem em casas ou locais privados – são um desses grupos.
“O PCCh considera rotineiramente as igrejas domésticas que não se submetem ao Movimento Patriótico das Três Autonomias como traidoras do governo e as rotula como organizações religiosas ilegais”, disse Depenbrok.
Nettleton disse: “Parece que todas as semanas há relatos de igrejas sendo fechadas, pastores sendo presos e outras perseguições contra nossos cristãos chineses”.
Todd citou o pastor Wang Yi, que está atualmente na prisão, depois de ter sido condenado a nove anos por liderar uma igreja não registrada.
Wang é um dos líderes da Igreja doméstica Early Rain Covenant, que tem sido perseguida pelo regime desde pelo menos 2018, quando a igreja foi fechada pelo governo chinês. Wang foi condenado um ano depois.
Após o seu encerramento, os membros da igreja continuaram a reunir-se escondidos do regime.
No ano passado, Bitter Winter relatou que policiais foram à casa de Xiao Luobiao, vice-diácono da Early Rain Church, tentando impedi-lo de comparecer ao culto e até ameaçando prendê-lo.
Os policiais supostamente disseram a Xiao: “A reunião de domingo da Igreja Early Rain é uma reunião ilegal, você não tem permissão para ir!”.
Recentemente, um dos seus locais de culto em Chengdu, província de Sichuan, foi atacado pelo regime durante um culto dominical com a participação de cerca de 60 fiéis. A polícia cercou o local e deteve quatro líderes religiosos.
De acordo com Depenbrok, “o pastor da Igreja Guiyang Livingstone, na província de Guizhou, foi detido pelos chineses e encarcerado durante dois anos sob o pretexto de divulgar segredos de Estado, incluindo o contador e os mais velhos. Depois, o próprio edifício da igreja foi confiscado pelo governo”.
A perseguição do PCCh também se estende a uma miríade de outros grupos – com o regime visando um grupo em particular desde 1999. No seu relatório, a USCIRF destaca os esforços do regime chinês para coagir os praticantes do Falun Gong, uma disciplina espiritual nativa chinesa, a renunciarem à sua fé.
“Se você olhar os documentos do governo chinês para ver isso, é uma ‘transformação’. E é como um termo da era maoísta de revolução cultural. Mas, essencialmente, o que significa é forçar as pessoas a desistirem da sua fé e a jurarem lealdade ao Partido Comunista”, disse Sarah Cook, investigadora independente sobre a China e autora do boletim informativo China UnderReported, ao Epoch Times.
Cook acrescentou que “desde o início da perseguição dos praticantes do Falun Gong pelo Partido Comunista Chinês, essa tem sido uma prioridade fundamental”.
O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma antiga prática espiritual chinesa baseada nos princípios da verdade, compaixão e tolerância, que começou a ser divulgada abertamente ao público no início dos anos 90.
Devido aos seus ensinamentos morais e benefícios para a saúde, a disciplina espalhou-se rapidamente por todo o país, e em 1999, dados oficiais das autoridades chinesas estimaram que entre 70 milhões e 100 milhões de pessoas praticavam o Falun Gong na China. Temendo a popularidade da prática e a sua ênfase no pensamento independente e na moralidade, em 20 de julho do mesmo ano, o regime iniciou uma perseguição brutal contra o grupo.
Rapidamente surgiram relatos de raptos e prisões injustificadas, durante os quais os praticantes foram sujeitos a tortura, lavagem cerebral, abuso sexual e outras formas de perseguição.
“Portanto, o PCCh investe muitos recursos na tentativa de conseguir praticantes do Falun Gong”, disse Cook sobre as tentativas do regime de fazer os praticantes renunciarem à sua fé.
“No papel, isso não parece tão ruim. Mas, na prática, é muito brutal”.
Ela descreveu os métodos usados pelo PCCh para realizar esta “reforma”.
“Eles usam uma combinação de pressão psicológica, incluindo a tentativa de recrutar membros da família para pressionar os praticantes do Falun Gong, incentivos econômicos, como privar as pessoas das suas pensões se não renunciarem ao Falun Gong, e abuso psiquiátrico.”
Além dos abusos descritos, os praticantes do Falun Gong têm sido um dos principais alvos da extração forçada de órgãos.
Em 2019, um tribunal internacional independente em Londres, o Tribunal da China, concluiu que a extração forçada de órgãos estava ocorrendo em escala substancial na China – com o conluio do Partido Comunista Chinês – sendo os praticantes do Falun Gong suas principais fontes de órgãos.
Recentemente, o primeiro sobrevivente conhecido da extração de órgãos do regime chinês, Cheng Peiming, que fugiu da China, veio a público contar sua história. Cheng é um praticante do Falun Gong que foi condenado por suas crenças e, enquanto estava na prisão, teve parte do pulmão e do fígado removidos sem o seu consentimento.
Outros organismos internacionais, como o Conselho do Parlamento Europeu, também expuseram esta prática macabra nos últimos anos.
Meses atrás, a Lei de Proteção ao Falun, um projeto de lei que visa sancionar as pessoas envolvidas na remoção forçada de órgãos dos praticantes do Falun Gong na China, foi aprovado pela Câmara dos Representantes dos EUA. Um projeto de lei complementar foi apresentado no Senado dos EUA.
Cook disse que o impacto potencial do projeto de lei não se limita ao Falun Gong, pois está ligado “de forma mais ampla à questão dos abusos de transplantes de órgãos na China” e visa sancionar os envolvidos em má conduta médica.
“Os praticantes do Falun Gong são um alvo importante desses abusos, mas não são os únicos. Então eu acho que é por isso que aprovar um projeto de lei como esse, [que] não é apenas uma resolução, seria na verdade uma lei. … Isso exigiria que o governo dos EUA tomasse certas ações. Poderia ser importante tanto para os crentes do Falun Gong na China, mas também para outros crentes religiosos”.
Usando tecnologia para perseguição
Para aqueles que escolheram professar sua fé de forma não alinhada com as ordens do regime, e que precisam fazer isso de maneira furtiva, a pressão tem se tornado cada vez maior conforme o partido avança seus aparatos tecnológicos para vigilância.
Segundo um relatório da Comissão Internacional de Liberdade Religiosa americana, publicado no início deste ano, as autoridades chinesas então usando agressivamente tecnologias como coleta biométrica, reconhecimento facial, de voz e inteligência artificial para atingir grupos religiosos como cristãos, praticantes de Falun Gong, mulçumanos uigures e budistas tibetanos.
Em 2019, um relatório da Human Rights Watch apontou que um aplicativo de celular estava sendo usados pelas autoridades de Xinjiang para coletar informações pessoais de muçulmanos uigures e outras minorias muçulmanas e registrar suas atividades consideradas suspeitas para assim identificar pessoas tidas como “problemáticas” que então poderiam ser investigadas e detidas na ampla rede de campos de internamento da região.
Vários países ocidentais têm acusado a China de usar estes campos para prender, torturar e fazer lavagem cerebral arbitrariamente mais de um milhão de uigures.
Nettleton salientou que uma diferença fundamental entre a perseguição religiosa perpetrada pelo regime e a que acontece noutras partes do mundo é a utilização de tecnologia avançada para monitorar detalhadamente a população.
“A escala do orçamento, as ferramentas tecnológicas e a mão-de-obra tornam a perseguição aos cristãos na China diferente daquela que os cristãos enfrentam em quase todos os outros países”, disse ele.
“A fé sobreviverá”
O embaixador Brownback disse acreditar que, apesar da perseguição brutal do regime, as suas tentativas de erradicar a fé das pessoas não terão sucesso.
“Isso não vai funcionar. Como já chamei e disse muitas vezes, esta é… a guerra do Partido Comunista Chinês contra a fé. É uma guerra que eles não vencerão”.
“Entrevistei um praticante do Falun Gong, o único que conheci, que sobreviveu à extração forçada de órgãos. Ele aderiu ao movimento Falun Gong porque lhe deu esperança e cura de um problema cardíaco que tinha. E eles bateram nele, fizeram todo o possível para tentar fazê-lo abandonar a fé. E isso apenas tornou a fé mais profunda nele”, disse Brownback.