O governo do Paraguai anunciou nesta terça-feira (26) ter identificado um caso de infiltração de hackers chineses em suas redes governamentais. A descoberta ocorreu durante uma recente revisão conjunta de cibersegurança com o Comando Sul dos Estados Unidos.
Segundo o comunicado conjunto do Ministério das Tecnologias da Informação e Comunicação do Paraguai e da Embaixada norte-americana em Assunção, o grupo de ciberespiões está diretamente vinculado ao governo comunista em Pequim.
“Atores de ciberespionagem do grupo Flax Typhoon – um grupo baseado na República Popular da China com vínculos com o governo da RPC – foram identificados infiltrando-se nos sistemas do governo paraguaio”, afirma a nota.
A revisão “foi parte da cooperação em andamento entre os Estados Unidos e o Paraguai para construir uma infraestrutura digital mais segura e resiliente, além de enfrentar os desafios compartilhados no ciberespaço”, explicaram ambos os países.
Em entrevista ao canal ABC, o ministro de Tecnologias da Informação e Comunicação paraguaio, Gustavo Villate, disse que o ocorrido em seu país coincide com um incidente semelhante nos EUA, registrado semanas antes, que afetou o sistema de telecomunicações do setor privado.
“Há, digamos, um grau importante de certeza para que possamos emitir um comunicado conjunto”, afirmou Villate.
As autoridades dos dois países também alertaram que os hackers têm intensificado os esforços para se infiltrar em sistemas críticos de vários países ao redor do mundo.
Diante dos desafios no campo da cibersegurança, o governo do Paraguai reafirmou o compromisso de colaborar “de forma estreita com parceiros internacionais, como os EUA, para enfrentar as questões globais do ciberespaço e proteger seus ativos digitais”.
Em junho, após uma reunião com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, o Embaixador dos EUA para o Ciberespaço e Política Digital, Nathaniel C. Fick, anunciou que Washington destinaria US$ 3,1 milhões para reforçar a cibersegurança das forças militares paraguaias.
O Paraguai é o único país da América do Sul que mantém relações diplomáticas oficiais com Taiwan, desde julho de 1957. O arquipélago, uma democracia com eleições diretas, é reivindicado pelo líder comunista chinês Xi Jinping.
Na quarta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu uma crise com Taiwan ao declarar oficialmente o apoio do Brasil ao plano “Uma só China”, durante a visita de Xi Jinping a Brasília.
Em agosto de 2023, a Microsoft publicou um relatório no qual classificou o Flax Typhoon como um “grupo ligado a um Estado-nação”, que tem como alvo “dezenas de organizações em Taiwan, provavelmente com o objetivo de espionagem”.