Cinco anos após o surto de Wuhan, o pedido da OMS de dados sobre a COVID-19 permanece não atendido

“Continuamos apelando à China para que partilhe dados e acesso para que possamos compreender as origens da COVID-19”, afirma a agência de saúde da ONU.

Por Dorothy Li
02/01/2025 15:00 Atualizado: 02/01/2025 15:00
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reafirmou em 30 de dezembro o seu pedido à China para partilhar dados e acesso para ajudar a determinar as origens da COVID-19, uma vez que a organização completou cinco anos desde que a infeção surgiu pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro da China.

“Este é um imperativo moral e científico”, disse a organização em um comunicado. “Sem transparência, partilha e cooperação entre os países, o mundo não pode prevenir e preparar-se adequadamente para futuras epidemias e pandemias”.

Até agora, o mundo permanece no escuro sobre como a pandemia eclodiu na China, onde o Partido Comunista no poder mantinha um controle apertado sobre a informação sobre o vírus e punia médicos, jornalistas e outros que tentaram transmitir informações não filtradas relacionadas à pandemia.

No início deste mês, um grupo liderado pelos subcomitê Republicano de supervisão divulgou as conclusões de uma investigação de dois anos, destacando que o regime chinês, juntamente com agências governamentais dos EUA e membros da comunidade científica internacional, procuraram encobrir fatos sobre as origens da pandemia.

Até a identidade do “paciente zero” ainda está envolta em mistério. Embora as autoridades de saúde em Wuhan tenham dito que o primeiro caso foi detectado em 8 de dezembro de 2019, relatos da mídia indicaram que o primeiro paciente documentado – um homem na casa dos 70 anos –adoeceu vários dias antes, em 1º de dezembro.

Um conjunto de documentos vazados, obtidos pelo Epoch Times, levantou novas questões sobre a linha do tempo oficial, mostrando que hospitais em Wuhan começaram a tratar pacientes com sintomas semelhantes aos da COVID já em setembro de 2019.

Na sua declaração reflexiva, a OMS recordou que, em 31 de dezembro de 2019, o seu escritório nacional na China notou um anúncio à imprensa da Comissão Municipal de Saúde de Wuhan sobre casos de “pneumonia viral” em Wuhan.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que “compartilhou a maior parte dos dados e resultados de pesquisas” entre a comunidade internacional.

Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, contou a repórteres em uma conversa  em 31 de dezembro que a China apoiou e participou de esforços científicos para descobrir como o vírus começou e “se opõe firmemente a qualquer forma de manipulação política”.

“Responsabilidade da China”

O regime chinês rejeitou apelos da organização de saúde da ONU por transparência em relação à crise de saúde pública global. Apenas em janeiro de 2021, Pequim permitiu que uma equipe de especialistas liderada pela OMS conduzisse um estudo de quatro semanas em Wuhan e arredores. O objetivo era trocar informações com especialistas chineses para investigar as origens da pandemia.

Essa visita foi limitada a encontros rigorosamente controlados, e os membros da equipe foram impedidos de interagir com a comunidade local, justificando-se as restrições devido às normas contra a COVID-19. Durante a investigação, a equipe solicitou acesso aos dados de pacientes referentes a 174 casos de infecção identificados pelas autoridades chinesas em dezembro de 2019, mas recebeu apenas um resumo, conforme relatou o microbiologista australiano Dominic Dwyer, integrante da equipe.

Após a visita, a OMS divulgou um relatório afirmando que a doença provavelmente foi transmitida para humanos a partir de morcegos, classificando a hipótese de vazamento de laboratório como “extremamente improvável”. Essa conclusão, no entanto, não foi definitiva. O diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou a necessidade de estudos e dados adicionais.

O regime chinês afirmou que novas visitas não eram necessárias e buscou redirecionar as investigações sobre os primeiros casos para outros países. Desde o início de 2020, o Partido Comunista Chinês (PCCh) também tem promovido uma campanha de desinformação, com o Ministério das Relações Exteriores e embaixadas do país nos Estados Unidos divulgando teorias conspiratórias infundadas de que o surto teria começado em solo americano. Essa campanha se intensificou diante do crescente escrutínio sobre como a ocultação inicial pela China impactou a resposta global à pandemia.

Um relatório recente de uma comissão apartidária convocada pela Heritage Foundation estimou que, até dezembro de 2023, o custo econômico da pandemia somente nos Estados Unidos ultrapassou US$ 18 trilhões, o equivalente a cerca de 13% da riqueza líquida do país naquele ano.

“É fundamental que os Estados Unidos assumam a liderança para responsabilizar o Partido Comunista Chinês por uma das maiores ocultações catastróficas da história humana”, afirmou Derrick Morgan, vice-presidente executivo do think tank sediado em Washington, em um evento realizado em 8 de julho para apresentar o documento de 64 páginas.

“Já se passaram quase cinco anos desde o surto em Wuhan, na China, e nada foi feito para responsabilizar a China. Eles acreditam que saíram impunes disso”, declarou Morgan. “Mas a inação incentiva o PCCh a continuar com comportamentos secretos, agressivos e perigosos”.