Por Agência Brasil
Cientistas uruguaios desenvolveram, em apenas 3 semanas de investigações, um kit para diagnóstico do novo coronavírus, validado e registrado pelas autoridades sanitárias do país.
A conquista assegura o abastecimento de testes de detecção da doença em um momento em que há uma grande demanda em todo o mundo e permite que o Uruguai não dependa de importações.
O avanço é resultado de uma parceria entre a Universidade da República do Uruguai (Udelar) e o Instituto Pasteur, com apoio da Agência Nacional de Investigação e Inovação do país.
De acordo com o ministro da Saúde, Daniel Salinas, os novos kits de diagnóstico da covid-19 devem estar prontos dentro de um mês e permitirão testar 20 mil casos suspeitos. Estima-se que essa quantidade de kits seja suficiente para 12 semanas de testes.
Quanto mais análises um país conseguir realizar, mais casos suspeitos podem ser confirmados e postos em isolamento social, dificultando a propagação da doença.
Até ontem (22), o Ministério da Saúde Pública realizou 1.129 testes entre o sistema público e os laboratórios privados, sendo que desses, 158 eram casos positivos (14% do total analisado) de coronavírus.
Um comunicado emitido ontem à noite pelo órgão afirma que “desde 13 de março, quando foi declarada emergência de saúde, foram contabilizados 158 casos em todo o país, a grande maioria leve, apenas um paciente está em terapia intensiva. Foram processadas 205 análises nas últimas 24 horas”.
O ministro da Saúde, Daniel Salinas, explicou que o diagnóstico é feito com uma técnica econômica, eficaz e com resultados rápidos e não terá nenhum custo para os cidadãos. As próprias instituições assumirão o investimento. O ministro não detalhou o custo de produção, mas disse que é mais baixo do que o preço de mercado dos kits importados.
“Este kit não se destina a competir com a indústria, mas é dirigido na forma de um bem social e devolvido aos setores mais carentes. Sem dúvida, se amanhã esse vírus ou um novo chegar a se desenvolver, estaremos com a tecnologia para criar um segundo kit com nova variante desse mesmo vírus ou de outro”, afirmou Salinas.
O ministro também explicou que os novos testes permitirão que centenas de profissionais possam realizar os exames. “Isso permitirá que muitas pessoas ligadas à saúde, bombeiros, policiais e militares que tenham um teste negativo, em caso de sintomas respiratórios, retornem rapidamente ao trabalho ou, se positivo, façam as medidas de isolamento necessárias”.
O diretor do Instituto Pasteur, Carlos Batthyány, explicou que a descoberta é a adaptação do protocolo da Universidade de Hong Kong, que foi o primeiro protocolo validado pela Organização Mundial da Saúde para realizar o diagnóstico, à realidade uruguaia.
Batthyány afirmou ainda que o Uruguai possui cinco robôs em instituições públicas e privadas cujo uso será relevante para acelerar o diagnóstico do material genético coletado nos testes.
“Também estamos trabalhando com Udelar e com recursos do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) em um novo kit de diagnóstico que avalia a resposta imune dos pacientes, com o objetivo de confirmar a alta médica”, disse.
O Ministério da Saúde Pública do Uruguai afirmou em comunicado oficial que fará “uma distribuição estratégica dos kits nos laboratórios porque, embora a região metropolitana concentre dois terços da população, o governo busca a igualdade de acesso e reduz as barreiras em todo o país, para que as amostras cheguem a centros de saúde próximos (dos casos suspeitos) para a detecção da doença”.