Por Annie Wu, Epoch Times
Um cidadão chinês declarou-se culpado de planejar o roubo de segredos comerciais da GlaxoSmithKline (GSK), em benefício de uma companhia farmacêutica chinesa que ele mesmo ajudou a criar e que é apoiada por fundos provenientes do regime chinês.
Li Tao, 45 anos, é a segunda pessoa a se declarar culpada de participar de um plano envolvendo outros cinco réus, incluindo seus amigos Xue Yu e Mei Yan.
De acordo com o Departamento de Justiça, Xue Yu entregou documentos importantes da GSK para Li Tao e Mei Yan, que continham informações sobre produtos biofarmacêuticos em desenvolvimento, incluindo dados de pesquisa e processos de fabricação relacionados a esses produtos. Xue geralmente utilizava um e-mail ou dispositivo de armazenamento portátil para transferir os documentos.
A pesquisa e o desenvolvimento de tais produtos custam geralmente “bilhões de dólares”, declarou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
De acordo com um comunicado de imprensa de 14 de setembro do Departamento de Justiça, em 5 de janeiro de 2016 o FBI (Federal Bureau of Investigation) prendeu Li e confiscou seu computador, onde funcionários encontraram documentos da GSK enviados por Xue, que trabalhou na GSK no desenvolvimento de produtos biofarmacêuticos. Uma matéria publicada em 31 de agosto pelo jornal Philadelphia Inquirer revelou que ele era um bioquímico de proteínas trabalhando em um centro de pesquisa da GSK na Pensilvânia. Xue foi imediatamente demitido pela GSK e preso. Agora ele cumpre pena de até 10 anos de prisão depois de se declarar culpado de uma acusação de conspiração feita em 31 de agosto.
“O elemento vital de empresas como a GSK é sua propriedade intelectual e, quando essa propriedade é roubada e transferida para um país estrangeiro, isso ameaça milhares de empregos aqui nos Estados Unidos. Não é apenas um delito grave, é literalmente uma forma de guerra econômica contra os interesses norte-americanos “, disse o promotor William McSwain em um comunicado.
Li será julgado em 4 de janeiro de 2019 por um tribunal federal na Filadélfia. Ele também tem uma década de prisão pela frente.
Li, também cientista, juntamente com Xue e Mei, abriu uma empresa farmacêutica chinesa, a Renopharma, com sede na cidade de Nanjing, província de Jiangsu, que foi divulgada como especializada no desenvolvimento de medicamentos contra o câncer.
Nos sites chineses de busca de emprego, a Renopharma foi apresentada como uma “empresa biofarmacêutica de alta tecnologia estabelecida por vários cientistas com doutorado que estudaram nos Estados Unidos e depois voltaram para a China”.
“A verdade, entretanto, é que a Renopharma foi usada como um depósito de informações roubadas da GSK”, afirmou em comunicado o Departamento de Justiça. Com sede no Reino Unido, a GSK é uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo.
A Renopharma recebeu apoio financeiro e subsídios do regime chinês. Em uma entrevista realizada em 2015 pelo porta-voz oficial do regime chinês, o Diário do Povo, Li Tao se gabou de que sua empresa recebeu cerca de 2 milhões de iuanes (cerca de US$ 291 mil) em fundos da administração municipal de Nanjing, da administração provincial de Jiangsu e de outras autoridades, além de não pagar aluguel do escritório da empresa por dois anos e obter condições de empréstimo favoráveis dos bancos.
Um padrão da espionagem chinesa
Este é o mais recente de uma série de casos envolvendo cidadãos chineses que realizaram espionagem científica e tecnológica em benefício de Pequim.
O regime chinês concentrou-se em setores de alta tecnologia que vão desde produtos farmacêuticos até novos veículos para um desenvolvimento agressivo, como parte de seus planos industriais de converter-se em uma superpotência tecnológica.
Desde então, surgiram casos de espionagem econômica por parte de agentes chineses, um após o outro.
O FBI, em particular, tem se concentrado em investigar programas de recrutamento de talentos estrangeiros que visam cidadãos chineses que trabalham e estudam no exterior. O programa Mil Talentos da China tem estado sob escrutínio, já que está voltado para profissionais de ciência e tecnologia — muitos deles de origem chinesa — com lucrativas vantagens financeiras para trabalhar na China.
De acordo com uma matéria de 2016 divulgada pela BBC sobre o caso da GSK, em 2013 e 2014, Li foi selecionado pelas autoridades da cidade de Nanjing e da província de Jiangsu para participar de uma série de programas de “recompensa ao talento e aos empreendedores”, desenvolvidas para encorajar os chineses no exterior a desenvolver empresas de ciência e tecnologia na China com financiamento do regime.