Cidade chinesa proíbe comemoração do Natal, no contexto da perseguição às religiões

O Natal na China tem se tornado cada vez mais popular nos últimos anos, especialmente entre os jovens

23/12/2018 12:29 Atualizado: 23/12/2018 12:29

Por Daniel Holl, Epoch Times

Só se permite um vermelho nesta cidade, e não é exatamente aquele do traje de Papai Noel. Em 15 de dezembro, a cidade de Langfang, localizada perto de Pequim, proibiu todas as vendas públicas e exposições de tudo o que estiver relacionado ao Natal.

Os policiais da cidade receberam ordens para “tomar medidas enérgicas contra árvores de Natal, Papai Noel e tudo relacionado ao Natal”, diz um comunicado oficial. E “controlar totalmente o uso de parques e outros espaços públicos contra a promoção de atividades de propaganda religiosa”.

O comunismo, oficialmente ateu, sempre discordou de qualquer coisa relacionada à fé ou à religião, e o Natal tem sido um dos seus alvos. Outros grupos políticos de extrema esquerda, como o Partido Comunista da União Soviética e até mesmo o Partido Nazista, suprimiram todas as atividades natalinas.

O Partido Comunista Chinês (PCC) intensificou sua repressão e perseguição às religiões ocidentais nos últimos meses. A China está sendo condenada em todo o mundo pela perseguição contra uigures em Xinjiang, bem como pela prisão de cristãos que frequentam igrejas.

Os quase 20 anos de perseguição contra o Falun Dafa, uma disciplina espiritual com exercícios de meditação, estabeleceram um precedente para o recente aumento da repressão praticada pelo PCC contra pessoas que possuem alguma crença religiosa.

Não apenas a exibição de objetos relacionados ao Natal foi proibida, mas também a venda. “Retirar completamente os objetos à venda sobre Papai Noel, árvores de Natal, maçãs de Natal e todas as outras vendas relacionadas ao Natal”, acrescenta o memorando.

“Especialmente em 23, 24 de dezembro e no dia de Natal, cada agente da lei deve fazer o seu trabalho”, diz o memorando, que lista todos os principais locais públicos a serem monitorados. “Controlar rigorosamente qualquer tipo de publicidade e atividade de vendas, retirar e reprimir os vendedores ambulantes.”

O comércio ambulante, que é comum em muitas cidades chinesas, é frequentemente alvo das forças policiais. A supressão do Natal e dos comerciantes pode estar ocorrendo dentro do que mandam as diretrizes do Partido Comunista, em consonância com outras recentes medidas repressivas contra outras pessoas religiosas.

“Se descobrir algo, vigie de perto e informe aos seus superiores”, diz o memorando.

O comunismo se opõe à tradição

O comunismo historicamente sempre reprimiu a religião. Na Rússia Soviética, a Liga dos Ateus Militantes criou festividades para se opor às práticas religiosas, e até mesmo o corte de árvores de Natal foi proibido. Da mesma forma, muitas novas festividades foram criadas na China, e muitas festas tradicionais perderam muito do seu significado desde a Revolução Cultural.

O PCC mudou até as importantes festividades chinesas. O feriado mais importante, o Ano Novo Chinês, é agora chamado Festival da Primavera na China Continental. Muitas das festividades representam agora apenas uma ocasião para as famílias se reunirem para comer, sem qualquer outro tipo de celebração.

Esta pode ser uma razão para as gerações mais jovens se interessarem cada vez mais pelas festividades estrangeiras. Embora a maioria da população não celebre o Natal religiosamente, ainda há um sentimento geral de interesse da população em relação ao Ocidente e suas festividades.

O Natal na China tem se tornado cada vez mais popular nos últimos anos, especialmente entre os jovens. Uma tradição moderna é dar uma maçã a um amigo ou ente querido na véspera de Natal, já que as duas palavras chinesas para “maçã” e “véspera de Natal” têm ideogramas e pronúncias semelhantes em chinês.

No entanto, em Langfang, isso não acontecerá mais.