Cibercriminosos chineses chegam a submundo global da Darknet

16/04/2016 18:00 Atualizado: 16/04/2016 07:44

Criminosos cibernéticos chineses estão se tornando mais organizados e constituindo uma forte presença nos fóruns e mercados internacionais on-line.

“A China tem sido, há bastante tempo, abrigo de uma comunidade relativamente robusta de cibercrime dentro da Deep & Dark Web” afirma um relatório divulgado em 19 de fevereiro pela Flashpoint, um grupo de dados e inteligência da Deep Web.

A Deep Web é a parte invisível da Internet. Ela possui uma grande parte formada apenas por códigos e dados; outras partes são definidas como páginas da Web, não pesquisáveis ​​pelo Google ou que são protegidas por senha.

Mas existe outro subconjunto da Deep Web, às vezes chamado de “Darknet”, que só é acessível com softwares especializados. É um lugar onde os mercados ilícitos vendem de tudo, de drogas a assassinatos e onde os criminosos costumam vender dados roubados ou comprar novas ferramentas para usar nos seus negócios.

“A grande maioria dos negócios do varejo de massa é conduzida através de lojas automatizadas e plataformas projetadas para atender a um público amplo, com pouca necessidade de interação individual entre comprador e vendedor”, afirma o relatório.

Os cibercriminosos chineses sempre tiveram uma forte presença na darknet, no entanto, era comum a falta de estrutura, fator que tornava suas operações, comparativamente, menos profissionais.

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Enquanto os cibercriminosos de outros lugares possuem lojas digitais completas onde eles podem vender dados e cartões de crédito roubados, os cibercriminosos chineses utilizavam formas de comunicação direta em negócios individuais.

Eles usavam, muitas vezes, ferramentas como o Baidu Tieba e QQ Messenger. Isso seria o equivalente a usar o bate-papo do Google ou o Instant Messenger para vender bens roubados.

Algumas vezes eles publicavam anúncios do cibercrime em fóruns de diversos tipos onde as pessoas discutiam sobre imóveis, vídeo games e entretenimento.

“Isso expõe um contraste gritante com o alto nível de profissionalismo e maturidade que caracteriza o submundo da economia da Rússia, onde as transações cara a cara são reservadas principalmente para vendas significativas”, afirma o relatório.

No entanto, no ano passado as operações dos cibercriminosos chineses mudaram.

Os pesquisadores da Flashpoint monitoraram os cibercriminosos chineses na darknet durante 2015 e viram “sinais crescentes” de que o submundo do cibercrime chinês estava amadurecendo e se ramificando internacionalmente.

Em vez de criar seu próprio sistema, afirma o relatório, muitos cibercriminosos chineses começaram a se estabelecer em fóruns e lojas “dentro do submundo da Rússia.”

Os chineses provavelmente escolheram os sistemas russos porque os seus mercados possuem padrões frouxos. Eles geralmente aceitam a inscrição de usuários que não falam russo ou inglês.

A mudança apenas começou, mas a adesão dos chineses à ampla comunidade de cibercriminosos poderá resultar em uma estrutura criminosa mais globalizada na internet.