Criminosos cibernéticos chineses estão se tornando mais organizados e constituindo uma forte presença nos fóruns e mercados internacionais on-line.
“A China tem sido, há bastante tempo, abrigo de uma comunidade relativamente robusta de cibercrime dentro da Deep & Dark Web” afirma um relatório divulgado em 19 de fevereiro pela Flashpoint, um grupo de dados e inteligência da Deep Web.
A Deep Web é a parte invisível da Internet. Ela possui uma grande parte formada apenas por códigos e dados; outras partes são definidas como páginas da Web, não pesquisáveis pelo Google ou que são protegidas por senha.
Mas existe outro subconjunto da Deep Web, às vezes chamado de “Darknet”, que só é acessível com softwares especializados. É um lugar onde os mercados ilícitos vendem de tudo, de drogas a assassinatos e onde os criminosos costumam vender dados roubados ou comprar novas ferramentas para usar nos seus negócios.
“A grande maioria dos negócios do varejo de massa é conduzida através de lojas automatizadas e plataformas projetadas para atender a um público amplo, com pouca necessidade de interação individual entre comprador e vendedor”, afirma o relatório.
Os cibercriminosos chineses sempre tiveram uma forte presença na darknet, no entanto, era comum a falta de estrutura, fator que tornava suas operações, comparativamente, menos profissionais.
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Enquanto os cibercriminosos de outros lugares possuem lojas digitais completas onde eles podem vender dados e cartões de crédito roubados, os cibercriminosos chineses utilizavam formas de comunicação direta em negócios individuais.
Eles usavam, muitas vezes, ferramentas como o Baidu Tieba e QQ Messenger. Isso seria o equivalente a usar o bate-papo do Google ou o Instant Messenger para vender bens roubados.
Algumas vezes eles publicavam anúncios do cibercrime em fóruns de diversos tipos onde as pessoas discutiam sobre imóveis, vídeo games e entretenimento.
“Isso expõe um contraste gritante com o alto nível de profissionalismo e maturidade que caracteriza o submundo da economia da Rússia, onde as transações cara a cara são reservadas principalmente para vendas significativas”, afirma o relatório.
No entanto, no ano passado as operações dos cibercriminosos chineses mudaram.
Os pesquisadores da Flashpoint monitoraram os cibercriminosos chineses na darknet durante 2015 e viram “sinais crescentes” de que o submundo do cibercrime chinês estava amadurecendo e se ramificando internacionalmente.
Em vez de criar seu próprio sistema, afirma o relatório, muitos cibercriminosos chineses começaram a se estabelecer em fóruns e lojas “dentro do submundo da Rússia.”
Os chineses provavelmente escolheram os sistemas russos porque os seus mercados possuem padrões frouxos. Eles geralmente aceitam a inscrição de usuários que não falam russo ou inglês.
A mudança apenas começou, mas a adesão dos chineses à ampla comunidade de cibercriminosos poderá resultar em uma estrutura criminosa mais globalizada na internet.