Chineses são proibidos de usar carvão e queimam móveis para se aquecer no norte gelado

"Outros países combatem a poluição melhorando suas indústrias. Nós combatemos a poluição congelando os pobres até a morte"

25/11/2018 10:56 Atualizado: 25/11/2018 10:56

Por Sunny Chao, Epoch Times

Moradores de um distrito de Taiyuan, capital da província de Shanxi, no norte da China, estão recorrendo à queima de madeira, móveis velhos e outros objetos para aquecimento no inverno, devido às restrições do regime comunista quanto ao uso de carvão.

De acordo com um relatório divulgado em 17 de novembro pela mídia estatal China News, a Segunda Equipe de Inspeção de Proteção Ecológica do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente recebeu muitas queixas de que pessoas no Distrito Kangle de Taiyuan estavam lutando para sobreviver durante o inverno por causa das proibições estritas impostas pelo regime comunista sobre a queima de carvão.

O distrito de Kangle, localizado no centro de Taiyuan, tem cerca de 400 casas e 1.500 habitantes, com 300 pessoas com mais de 60 anos.

Moradores comentaram que o escritório local do Partido Comunista Chinês (PCC) promoveu a proibição do carvão e prometeu um aquecedor para cada residência. No entanto, nem todos os moradores receberam aquecedores e muitos não podem arcar com as altas contas de eletricidade, então foram obrigados a utilizar lenha.

Em várias residências são empilhados vários tipos de objetos de madeira.

“Nós juntamos tudo que pode fazer fogo e nos manter aquecidos”, disse um morador de Kangle. “Podemos começar a nos preocupar com outras coisas, uma vez que não estamos congelados”.

“Não temos escolha a não ser queimar essas coisas. Nós não estamos autorizados a queimar carvão e custa muito caro usar os aquecedores”, disse outro residente.

Muitos não têm madeira suficiente, então são forçados a racionar. Um morador relatou ter guardado a madeira durante o dia. “Eu não queimo madeira durante o dia porque senão fico sem lenha.”

O termômetro de uma casa bem abastecida mostrava uma temperatura de 16 graus Celsius, a mais alta que podiam conseguir queimando madeira. À medida que as temperaturas caírem ainda mais, o uso de lenha será insuficiente para aquecer as casas.

No ano passado, o PCC passou a exigir que as pessoas no norte da China substituíssem o carvão pelo gás natural para suprir suas necessidades de aquecimento. Devido à escassez de gás natural, bem como à falta de infraestrutura, as pessoas têm que morar em casas congeladas e as crianças têm que estudar em salas de aula geladas em toda a região.

No último inverno, os internautas relataram que estudantes da província vizinha de Hebei estavam sujeitos a temperaturas abaixo de zero em suas salas de aula, e que a mesma coisa está acontecendo na província de Shanxi este ano.

De acordo com o relatório do China News, a política dura do regime, combinada com a preguiça e negligência das autoridades locais, colocou em risco a sobrevivência de muitas pessoas. A proibição geral do carvão, destinada a reduzir a poluição, pode ser contraproducente, uma vez que grande parte dos resíduos de madeira que é queimada contém colas tóxicas.

Em dezembro de 2017, o jornal Singtao Daily, com sede em Hong Kong, informou que os motoristas de mais de 2.000 ônibus movidos a gás natural em Taiyuan faziam filas à noite para recarregar as baterias, a fim de evitar a escassez durante o horário de pico.

Um mês antes, um trabalhador de Shanxi foi preso por fazer fogueiras com a queima de carvão para se aquecer em um canteiro de obras. Sua prisão gerou comentários irados e sarcásticos no Weibo, o popular serviço de microblog da China.

Um cidadão da província de Guangdong escreveu: “Outros países combatem a poluição melhorando suas indústrias. Nós combatemos a poluição congelando os pobres até a morte”.