A China tem algumas das penas mais severas do mundo pelo abuso de drogas, mas o uso de drogas ilegais atingiu novas áreas inesperadas.
A Comissão Nacional de Controle de Narcóticos do país divulgou um relatório em 2016 afirmando que 2,5 milhões de pessoas atualmente abusam de drogas, um aumento de 6,8% em relação ao ano anterior.
Enquanto isso, os tribunais de todo o país concluíram os julgamentos de 139.024 casos relacionados a drogas em 2015, um aumento de 30,19% em relação ao ano anterior, de acordo com os últimos dados do Supremo Tribunal da China.
E para as autoridades chinesas que estão acostumadas a infringir as regras, elas ignoram flagrantemente as leis de drogas do país.
“Como o alto número de funcionários que foram expostos por seu comportamento licencioso e imoral, usar drogas tornou-se o novo símbolo de status para funcionários do Partido Comunista Chinês”, disse Tang Jingyuan, comentarista de assuntos da China.
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Tang apontou para a emissão frequente de avisos disciplinares pelas autoridades centrais chinesas, em meio a casos de abuso de drogas entre funcionários do regime que continuam a surgir nas manchetes.
Em novembro de 2017, o órgão de fiscalização provincial anticorrupção na província de Hunan, no Sul da China, emitiu um aviso aos funcionários do Partido Comunista Chinês em seu website, instando-os a se afastarem de amigos que usam drogas e bebem álcool. O anúncio nomeou Ren Zhongwei, o vice-diretor do Departamento de Propaganda do condado de Anxiang, em Hunan, como exemplo. Ren foi penalizado por consumir drogas e colocado em liberdade condicional do Partido por dois anos em abril de 2017.
Gong Weiguo, o ex-prefeito da cidade de Linxiang, em Hunan, foi condenado a sete anos de prisão em julho. Dois anos depois, ele foi investigado por toxicodependência, um tribunal local julgou-o culpado por acusações de suborno e abuso de poder. Além disso, Gong também foi disciplinado por contratar o serviço de prostitutas e ter relações inadequadas com várias mulheres.
Apelidado de “prefeito das drogas”, Gong teria usado drogas ilícitas por dois anos, incluindo a metanfetamina, de acordo com uma mídia estatal porta-voz do regime chinês, o Diário do Povo. Antes de sua sentença em julho, outra mídia estatal oficial, a Xinhua, publicou a confissão de Gong, na qual ele afirmou que as drogas se tornaram sua melhor cura contra as ressacas e os estresses da vida.
Em 2015, o condado de Hengyang, em Hunan, investigou e processou 61 funcionários que foram descobertos abusando de drogas. Eles estavam distribuídos em diferentes setores do governo local, desde a agricultura até a construção civil e departamentos de trânsito. Um oficial que foi pego pertencia ao escritório local anticorrupção que deveria identificar e prevenir esse comportamento ilícito entre os funcionários.
Alguns funcionários do Partido Comunista Chinês decidiram vender drogas devido aos lucros envolvidos. Xiao Jihe, o ex-vice-chefe do Departamento de Supervisão Técnica e de Qualidade do condado de Changting, na província de Fujian, no Sudeste do país, tem conhecimento químico. Ele começou a sintetizar efedrina, um composto que é um precursor do cristal meta ou metanfetamina cristalina, vulgarmente conhecido como “meth”, “crystal” ou “tina”. Ele foi preso em julho de 2009 e condenado a um ano de prisão, de acordo com o People’s Net.
De acordo com o portal de notícias chinês Tencent, Xiao Jihe foi condenado por tráfico de drogas e não pelo crime mais grave de fabricar drogas ilícitas, o que pode resultar numa sentença de 10 anos de prisão, porque na época a China não tinha leis promulgadas contra a fabricação de drogas. Após a sua libertação, no entanto, ele voltou a produzir a mesma droga e foi novamente detido em setembro de 2014.
“Isso significa que toda a burocracia do Partido Comunista Chinês tem algo fundamentalmente errado em suas raízes”, disse Tang. Ele observou ainda que as drogas estavam presentes desde o início da história do Partido: durante o período em que o Partido teve sua sede em Yan’an, na província de Shaanxi, no Sul da China, entre 1936 e 1949, quando o Partido tomou o poder no país, os membros do Partido Comunista cultivaram e venderam o ópio a fim de angariar fundos para seus esforços de guerra.
Colaborou: Gao Yiqing