China tinha ambições com armas biológicas muito antes da pandemia, diz parlamentar dos EUA

A China deixou claras suas ambições com armas biológicas muito antes do surto da pandemia de COVID-19, de acordo com o deputado Brad Wenstrup (R-Ohio), membro do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA.

Por Hannah Ng e Steve Lance
27/12/2022 14:55 Atualizado: 27/12/2022 15:29

A China deixou claras suas ambições com armas biológicas muito antes do surto da pandemia de COVID-19, de acordo com o deputado Brad Wenstrup (R-Ohio), membro do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA. É a câmara baixa do parlamento do país, similar à Câmara dos Deputados no Brasil.

Wenstrup, junto de outros republicanos do Comitê Permanente de Inteligência da Câmara, ou HPSCI, na sigla em inglês, divulgou um relatório (pdf) sobre as origens da pandemia de COVID-19 em 14 de dezembro.

“Nosso Departamento de Estado divulgou já divulgou essas coisas no passado, mesmo desde 2005, que a China está interessada em armas biológicas ofensivas”, disse Wenstrup ao programa “Capitol Report” da rede NTD, em 16 de dezembro. A NTD é um veículo de comunicação que, assim como o Epoch Times, pertence ao Grupo de Mídia Epoch.

O congressista destacou o trabalho do Quinto Instituto da Academia de Ciências Médicas Militares (ACMM) do Exército de Libertação Popular da China (ELP), o principal órgão de pesquisa médica das forças armadas do país. 

“Em 2005, o Departamento de Estado dos EUA declarou publicamente que era do entendimento americano que a China também opera um programa ofensivo de armas biológicas, identificando especificamente duas entidades chinesas como prováveis ​​envolvidas, uma das quais é o Quinto Instituto. Em uma declaração de conformidade com a Convenção sobre as Armas Biológicas e Tóxicas cedida para o ano de 2006, a China reconheceu que o Quinto Instituto realiza pesquisas especificamente sobre coronavírus ligados à SARS”, se lê no relatório parlamentar divulgado neste mês. 

 

Entrevista do médico e congressista Brad Wenstrup (R-Ohio) com o programa Capitol Report, da NTD,  em 2 de abril de 2022.
Entrevista do médico e congressista Brad Wenstrup (R-Ohio) com o programa Capitol Report, da NTD,  em 2 de abril de 2022.

Wenstrup também citou o livro intitulado “The Unnatural Origin of SARS and New Species of Artificial Humanized Viruses as Genetic Weapons”, lançado pela ACMM em 2015. Em tradução livre do inglês para o português o título significa: “A origem não natural da SARS e novas espécies de vírus artificiais humanizados como armas genéticas”.

Segundo o relatório: “O livro descreve como criar coronavírus quiméricos causadores de SARS instrumentalizados como arma; o escopo potencialmente mais amplo para seu uso em comparação com armas biológicas tradicionais; e os benefícios de ser capaz de negar plausivelmente que tais coronavírus quiméricos foram criados artificialmente em vez de ocorrerem naturalmente”.

O congressista, que também é médico, disse que o instituto militar de pesquisa referido também colaborou com o Instituto de Virologia de Wuhan, órgão no centro da teoria de que a pandemia pode ter se originado de um vazamento laboratorial. 

Wenstrup disse que havia “ artigos publicados com cientistas do Quinto Instituto, bem como do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW) […] combinando suas pesquisas militares com as de outros campos”.

Ele ainda fez menção especificamente a um cientista do Quinto Instituto do ELP, o general Zhou Yusen, que, segundo relatos, trabalhou com o IVW por anos antes da pandemia.

De acordo com Wenstrup, Zhou era “muito afeito a pesquisas de ganho de função ou pesquisas quiméricas”.

“Notavelmente, na primavera de 2020, quando os casos globais de COVID-19 ultrapassaram 7 milhões e as mortes por COVID-19 ultrapassaram 400.000, o general Zhou morreu em circunstâncias misteriosas”, afirma o relatório parlamentar.

Desafiando a Comunidade de Inteligência

O congressista pontuou que uma versão atualizada da avaliação do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional sobre as origens da COVID-19, divulgada em outubro de 2021 (pdf), não aborda informações importantes que indicam interesse do regime chinês em armas biológicas ofensivas. 

“A avaliação atualizada disponível ao público também falhou em abordar o interesse abertamente declarado da ACMM no desenvolvimento de coronavírus projetados tendo armas biológicas como propósito”, afirma o relatório dos republicanos.

O documento segue, afirmando: “A Comunidade de Inteligência deve ser transparente sobre o que sabe ou não sobre a relação entre o Quinto Instituto da Academia de Ciências Médicas Militares (ACMM) do ELP, que a China admitiu publicamente conduzir pesquisas de armas biológicas e experimentos com coronavírus, e o IVW”.

Wenstrup apontou especificamente para a morte de Zhou em circunstâncias questionáveis, dizendo “Queremos saber o que a Comunidade de Inteligência sabe sobre seu trabalho, e também sobre sua morte prematura e as circunstâncias em torno disso”.

Falta de cooperação

O parlamentar aponta que a China falhou consistentemente em cooperar com investigações sobre as origens da COVID-19.

“Quando eles finalmente deixaram as pessoas irem para a China, eles realmente não as deixaram entrar no laboratório e ver tudo. Na verdade, eles [do grupo de investigação] tiveram que ficar em quarentena por uma ou duas semanas antes mesmo de conversarem”, disse ele, referindo-se a uma equipe de cientistas recrutados pela Organização Mundial da Saúde que visitou a China no início de 2021 para sondar as origens da pandemia.

Ele acrescentou que “curiosamente, a única pessoa que eles permitiriam da América era um cavalheiro chamado Peter Daszak, que estava com a EcoHealth Alliance, recebendo dinheiro dos NIH [Institutos Nacionais de Saúde] e depois trabalhando com os chineses em pesquisas como as sobre coronavírus ”.

Daszak é o presidente da EcoHealth Alliance, uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York que chamou a atenção por se um canal de financiamento federal dos EUA para pesquisas sobre coronavírus, que alguns especialistas dizem incluir ganho de função, no Instituto de Virologia de Wuhan.

Dada a história de colaboração entre Daszak e o IVW, Wenstrup disse que havia potencial para parcialidade.

Investigações adicionais

Wenstrup disse que o comitê continuaria investigando as origens da pandemia, especialmente depois que o partido republicano se fortalecer na Câmara com a posse de mais parlamentares em 2023 e da liderança da Casa legislativa.

“Esperamos avançar a partir daqui e trazer aos holofotes pessoas que estiveram envolvidas com o Instituto de Virologia [de Wuhan] e quaisquer outras pessoas que fizeram esse tipo de ciência, e obter suas opiniões e obter conhecimento”, disse ele.

“Essas são sempre as preocupações quando se trata de armas. Portanto, precisamos continuar a nos ‘cavando’ nessa direção. E no Comitê de Inteligência, temos a responsabilidade de supervisionar e estar cientes das ameaças à segurança nacional que possam estar por aí”, acrescentou.

O congressista disse que é importante ir ao fundo da questão para evitar o surgimento de futuras pandemias.

Nas suas palavras: “Como médico, posso dizer que isso é importante porque precisamos saber sobre a segurança dos laboratórios em todo o mundo e para o nosso próprio bem; também temos que fazer mais para garantir que estamos preparados se algo assim acontecer novamente”.

O Epoch Times entrou em contato com a Eco Health Alliance e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional para comentários.

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